COI investigará Belarus por suposta tentativa de obrigar atleta a voltar ao país
Tóquio, 3 Ago 2021 (AFP) - O Comitê Olímpico Internacional anunciou, nesta terça-feira (3), que vai investigar Belarus pela suposta tentativa de obrigar uma atleta de sua delegação, refugiada na embaixada da Polônia em Tóquio, a voltar para seu país depois de criticar seus treinadores.
Krystina Tsimanouskaya diz temer pela sua segurança se voltar para Belarus e deve viajar para a Polônia nesta semana após receber um visto humanitário.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, acusou Belarus nesta terça-feira de um "ato de repressão transnacional" pela suposta tentativa de obrigá-la a voltar para casa.
Tsimanouskaya passou a noite de segunda para terça-feira na embaixada da Polônia em Tóquio.
A Polônia denunciou uma "tentativa criminosa" de sequestrar a atleta.
"Garantimos que Krystina Tsimanouskaya está a salvo na embaixada da Polônia em Tóquio e, se for necessário, ofereceremos a possibilidade de continuar sua carreira", escreveu no Facebook o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki.
A atleta planejava permanecer na embaixada de Tóquio até sua viagem a Varsóvia, provavelmente na quarta-feira, escreveu no Twitter o dissidente bielorrusso instalado na Polônia, Pavel Latushka.
O marido de Tsimanouskaya, Arseny Zdanevich, explicou à AFP que fugiu de Belarus e que espera se encontrar com sua esposa "em um futuro próximo".
"Acredito que estar ali não seria seguro para mim", disse este preparador físico de 25 anos por telefone na Ucrânia.
Tsimanouskaya, especialista nos 200 metros, criticou a federação bielorrussa de atletismo depois que tentaram obrigá-la a correr em uma prova de revezamentos.
Segundo ela, essas críticas provocaram a tentativa de enviá-la para casa à força.
O homem forte de Belarus, Alexander Lukashenko, reprimiu qualquer forma de dissidência desde o início dos protestos após as eleições do ano passado, consideradas injustas pelo Ocidente.
Tsimanouskaya foi uma das mais de 2.000 figuras do esporte bielorrusso que assinaram uma carta aberta pedindo novas eleições e a liberdade dos presos políticos.
A Polônia é muito crítica ao governo de Lukashenko e se tornou o lar de um crescente número de dissidentes.
- "Abuso preocupante" -O grupo Global Athlete pediu ao COI que suspendesse imediatamente o comitê olímpico de Belarus e permitisse aos atletas do país competirem como atletas neutros.
Segundo a ONG, o "suposto sequestro de Tsimanóuskaya (...) é mais um exemplo do preocupante abuso dos atletas em Belarus".
Também acusou o COI de não proteger os atletas e de enviar a mensagem de que sua segurança era "secundária à realização dos Jogos".
O porta-voz do COI, Mark Adams, afirmou que o organismo estava iniciando uma investigação formal e que também esperava receber nesta terça-feira um comunicado do comitê olímpico de Belarus.
"Vamos precisar estabelecer os fatos", disse à imprensa em Tóquio, acrescentando que o COI "precisaria ouvir todos os envolvidos".
Questionado sobre a segurança dos outros atletas da equipe nos Jogos, Adams explicou que as equipes do COI e de Tóquio-2020 se encontravam na Vila Olímpica e que poderiam ser consultados caso fosse necessário.
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