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A corrida de obstáculos para os Jogos Olímpicos de Tóquio

22/06/2021 08h44

Tóquio, 22 Jun 2021 (AFP) - O caminho para os Jogos de Tóquio está repleto de obstáculos, entre o histórico adiamento do ano passado devido à pandemia, os vários contratempos e a proibição de receber espectadores procedentes do exterior.

Esta é uma seleção feita pela AFP dos episódios mais significativos dos Jogos de Tóquio, programados para acontecer de 23 de julho a 8 de agosto (de 24 de agosto a 5 de setembro para os Jogos Paraolímpicos):

- 2013: lágrimas de alegriaEm 8 de setembro de 2013, Tóquio foi escolhida para sediar os Jogos Olímpicos de 2020. O país comemorou e os apresentadores de televisão chegaram a chorar de emoção. Na época, muitos temiam que o acidente nuclear de Fukushima, resultado do gigantesco terremoto e tsunami de 2011, arruinasse o projeto olímpico. O governo apostou no sucesso do que chamou de "Jogos da Reconstrução".

- 2015: passo em falsoEm julho de 2015, o primeiro-ministro Shinzo Abe ordenou uma revisão completa do projeto do novo estádio olímpico, após críticas de seu alto custo (US$ 2,4 bilhões). Os planos da arquiteta iraquiano-britânica Zaha Hadid foram cancelados e a obra passou para o projeto do japonês Kengo Kuma.

Outro contratempo aconteceu em setembro de 2015: o Comitê Organizador teve que renunciar ao primeiro logotipo dos Jogos por ser muito parecido com o de um teatro de Liege (Bélgica), cujo criador havia apelado à justiça.

- 2019: demissões e onda de calorEm 19 de março de 2019, o presidente do Comitê Olímpico Japonês, Tsunekazu Takeda, de 71 anos, anunciou sua renúncia, oficialmente por sua idade. Mas ele estava sob pressão desde a revelação, em janeiro daquele ano, de uma acusação na França por suspeita de suborno de membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) em 2013 em apoio à candidatura de Tóquio.

No mês seguinte aconteceu outra demissão, a do ministro responsável pelas Olimpíadas, Yoshitaka Sakurada, que havia cometido várias gafes em seus seis meses de mandato.

Em meados de 2019, as altas temperaturas e a umidade extrema em Tóquio foram uma tortura para os atletas durante os eventos-teste para os Jogos Olímpicos. No início de outubro, o COI decidiu transferir a maratona olímpica para Sapporo, 800 quilômetros ao norte da capital japonesa.

- 2020: adiamento e aumento dos custosEm 24 de março de 2020, em meio à expansão da pandemia do coronavírus, o COI anunciou o adiamento dos Jogos Olímpicos para 2021, um fato inédito em tempos de paz.

Os Jogos, que mantêm o nome 'Tóquio-2020', serão "um testemunho da derrota do vírus", afirmou Shinzo Abe.

Os custos extras do adiamento e das medidas anticovid provocaram a disparada do orçamento de Tóquio-2020 (um adicional de US$ 2,79 bilhões), para um total de mais de US$ 15 bilhões, um recorde para os Jogos Olímpicos.

- Janeiro de 2021: novas dúvidasDado o número recorde de infecções pelo novo coronavírus no Japão, o governo do país decreta estado de emergência em 11 departamentos, incluindo Tóquio e sua grande periferia, medida que foi suspensa em 21 de março.

O governo e os organizadores insistem que o evento seguirá adiante, mas as pesquisas indicam que a maioria dos japoneses deseja o adiamento ou cancelamento dos Jogos.

- Fevereiro 2021: escândalo sexistaO presidente do comitê organizador, Yoshiro Mori, causou um escândalo ao afirmar que as mulheres falavam demais nas reuniões, algo que era "irritante" para este ex-primeiro-ministro de 83 anos. Após um pedido de desculpas desajeitado, ele renunciou em 12 de fevereiro.

Ele foi substituído pela ministra responsável pelos Jogos Olímpicos, Seiko Hashimoto. A porcentagem de mulheres no conselho executivo Tóquio-2020 subiu de 20% para 42% logo depois.

- Março de 2021: proibição de público estrangeiroEm 18 de março, um tabloide japonês revelou que o diretor artístico de Tóquio-2020, Hiroshi Sasaki, sugeriu um ano antes fantasiar de porco, na cerimônia de abertura dos Jogos, a comediante japonesa e estrela das redes sociais Naomi Watanabe, dando a entender um excesso de peso.

Sasaki pediu desculpas e renunciou ao cargo.

No dia 20 de março foi aprovada a proibição de espectadores procedentes do exterior por riscos sanitários.

No dia 25 de março começa o revezamento da tocha olímpica em Fukushima (nordeste), inicialmente sem público e em clima deprimente.

- Abril de 2021: Pyongyang se retira dos JogosEm 6 de abril, a Coreia do Norte anunciou que não participará dos Jogos devido aos riscos de infecção pelo coronavírus, o que acaba com as esperanças da Coreia do Sul de aproveitar a ocasião para relançar as relações diplomáticas com Pyongyang.

No dia seguinte, o governador de Osaka (oeste) anunciou que não autorizaria a passagem da tocha olímpica em vias públicas devido ao aumento das infecções.

No dia 9, o governo japonês aprovou um novo reforço de medidas sanitárias em vários departamentos, incluindo Tóquio.

- Maio de 2021: promessa de vacinas aos atletasA organização dos Jogos continua preocupando a população japonesa. Os laboratórios Pfizer e BioNTech prometem em 6 de maio fornecer vacinas aos participantes, que sofrem com a desigualdade de oferta de acordo com o país em que vivem.

Isto leva o vice-presidente do COI, John Coates, a afirmar que não existe um cenário que impeça a celebração dos Jogos, apesar de o governo japonês prolongar o estado de emergência em várias zonas do país, incluindo a capital Tóquio, e diante das vozes dos que pediam um novo adiamento dos Jogos ou o cancelamento.

- Junho de 2021: até 10.000 torcedores por sedeUm dia depois da suspensão do estado de emergência em Tóquio e outras regiões do país, o temor de Jogos Olímpicos sem público parece menor.

A organização de Tóquio-2020 anunciou em 21 de junho, a pouco mais de um mês da cerimônia de abertura (23 de julho), a autorização de no máximo 10.000 espectadores para cada local de competição.

Em seu comunicado o comitê organizador explica que o limite será de 50% do local de competição, com o máximo de 10.000 espectadores.

A organização, no entanto, alerta para a possibilidade de Jogos com portões fechados em caso de aumento de contágios de covid-19.

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