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Ousman Manneh: do centro para refugiados aos holofotes da Bundesliga

AFP PHOTO / DPA / Carmen Jaspersen / Germany
Imagem: AFP PHOTO / DPA / Carmen Jaspersen / Germany

Da AFP

Berlim (Alemanha)

17/10/2016 15h59

Tudo é possível no futebol, até os contos de fadas. Aos 17 anos, Ousman Manneh chegou sozinho à Alemanha, oriundo da Gâmbia como refugiado político. Hoje com 19, ele acaba de marcar neste fim de semana seu primeiro gol na Bundesliga, pelo Werder Bremen.

"É o melhor momento da minha vida", comemorou o jovem atleta, com lágrimas nos olhos após marcar contra o Bayer Leverkusen, dando a vitória ao Werder (2-1).

"Sempre quis ser jogador de futebol, é um sonho que se realiza", declarou. "É difícil de descrever meus sentimentos. Eu já estava tão orgulhoso de ser o primeiro gambiano a ter jogado quatro partidas da Bundesliga e agora tenho orgulho de ser o primeiro a marcar um gol".

A história deste jovem atacante, que parece ter se firmado como titular no ataque do Werder, nem sempre foi feliz.

Nascido na Gâmbia, ele decide deixar para traz a família, aos 17 anos, para fugir do regime ditatorial do pequeno país do Oeste africano.

Manneh acaba aterrissando na Alemanha, onde obtém o status de refugiado. Instalado em um centro para refugiados, começa jogando pelo Blumenthaler SV, um clube da 5ª divisão, no subúrbio de Bremen.

Rapidamente, suas qualidades excepcionais chamam a atenção e clubes profissionais. Manneh assina contrato com o Werder em março de 2015, seu primeiro vínculo. Ele acaba de fazer 18 anos.

Foi quando jogava na equipe sub-23 do Werder que o destino bateu na porta. Em meados de setembro, o técnico dos profissionais, Viktor Skripnik, é demitido após um início de temporada catastrófico. A diretoria do clube decide promover ao time principal Alexandre Nouri, que até então era o treinador da equipe sub-23.

- Uma história comovente -Nouri, que conhecia perfeitamente o potencial de Manneh, convidou imediatamente o gambiano para se juntar ao elenco profissional.

"A vida nunca foi fácil para ele, comentou o técnico no sábado, enquanto Manneh, herói do dia, posava para 'selfies' com torcedores. "Ele trabalhou muito nesses últimos anos e progrediu continuamente".

Por que e como ele deixou seu país natal? Por enquanto, o jovem refugiado não quer responder a essa pergunta e Nouri não tem a intenção de trair a confiança de seu jogador: "É uma história muito comovente", se contentou em dizer o técnico.

Para Manneh, Nouri é sua referência, seu confidente e responsável por sua ascensão no futebol: "Eu realmente preciso agradecer ao técnico Nouri por ter acreditado em mim e ter me dada a chance ao mais alto nível", declarou.

"Mesmo após uma partida como essa, meu técnico vai falar comigo para dizer que não posso estar satisfeito. Ele me encoraja para continuar trabalhando".

"Meu sonho agora é de me tornar um verdadeiro artilheiro, como Robert Lewandowski ou Pierre-Emerick Aubameyang", admitiu Manneh, referindo-se aos goleadores de Bayern de Munique e Borussia Dortmund, respectivamente.

Nada que seja impossível, levando em consideração o talento do jovem jogador, segundo seus próprios companheiros: "Ousman é um garoto que trabalha muito duro e sempre quer aprender mais", afirmou seu companheiro de ataque, Zlatko Junusovic: "Ele mantém os pés no chão e é um cara positivo, sempre de bom humor".

"Seu progresso nos últimos dois anos não é coincidência", completou o capitão do Werder Bremen, Clemens Fritz, que já vestiu a camisa da seleção alemã 22 vezes.

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