Topo

Cuca, a vingança do 'azarado'

25/07/2013 01h18

BELO HORIZONTE, Estado de Minas Gerais, 25 Jul 2013 (AFP) - Ao se sagrar campeão da Taça Libertadores com o Atlético Mineiro nesta quarta-feira, com a vitória nos pênaltis sobre o Olimpia, o supersticioso técnico Cuca deixa para trás sua fama de azarado para conquistar o primeiro grande título da sua carreira.

Antes de levantar o troféu continental, o treinador de 50 anos vinha sendo criticado por ter no seu currículo 'apenas' quatro títulos estaduais (Campeonato Carioca com o Flamengo em 2009, Mineiro com o Cruzeiro em 2011 e Mineiro com o Galo em 2012 e 2013).

Depois da derrota por 2 a 0 que sofreu na semana passada para o Olimpia, em Assunção, Cuca já sentia que vencer seria seu destino. "Vamos ganhar quarta. Fiz 50 anos neste mês. Se Deus quiser, meu presente virá na quarta-feira. Sou o que mais sofre aqui. Largo minha mulher, minhas filhas, e quero fazer esse povo feliz. Quero ganhar isso. Tenho essa coisa que vocês falam, de ser azarado. Mas quero acabar com isso na quarta. Se acontecer, vou ser o homem mais feliz do mundo".

Católico feveroso, Alex Stival Beludo - mais conhecido pelo apelido Cuca do que pelo nome de batismo - vestiu no Mineirão uma camisa de com a imagem de Nossa Senhora, a mesma que usou na semifinal contra o Newell?s Old Boys, quando o Galo garantiu a vaga na final nos pênaltis após devolver a derrota de 2 a 0 que sofreu na Argentina.

Poucos dias antes, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro, sua camisa tinha a menção "Yes, we CAM", usando a sigla do Clube Atlético Mineiro (CAM) em referência ao slogan da campanha eleitoral do presidente Barack Obama em 2008 (Yes, we can, "sim, nos podemos).

Cuca também ficou conhecido por impedir que motoristas de ônibus andassem de marcha à ré na hora de manobrar quando chegavam ao estádio.

No entanto, resumir a carreira de Cuca a superstições seria injusto. Uma das suas maiores façanhas foi salvar o Fluminense do rebaixamento em 2009, quando estatísticas previam que o clube tinha 98% de chances de cair para a segunda divisão.

A marca registra das equipes dirigidas por ele é o jogo vistoso, que às vezes ultrapassa a necessidade do resultado.

"Eu não me preocupo em tirar o campeonato para mim, me preocupo em jogar bem, em fazer o time jogar um futebol bonito", chegou a declarar Cuca em abril em entrevista ao Estado de São Paulo.

Na ocasião, o treinador disse ter encontrado no Atlético Mineiro um elenco que lhe permitia impor seu estilo.

"Gosto de velocidade, de mobilidade, de versatilidade no jogador, e isso tudo a gente encontrou nesse grupo que a gente tem. Aí trabalhamos muito a parte tática para dar desenvoltura a eles, trabalhamos as jogadas. O jogo nada mais é do que expor o produto que a gente faz. É o quadro que o cara pinta e depois leva para uma exposição. É um prazer quando as coisas saem bem, quando você expõe um produto bom", analisou.

Esse estilo condiz com as caraterísticas de Cuca como jogador. Meia habilidoso, teve passagem marcante no Grêmio no final da década de 80, conquistando o bicampeonato gaúcho em 1989 e 1990 e dando o título da Copa do Brasil de 1989 ao tricolor ao fazer os dois gols da vitória por 2 a 1 sobre o Sport na final.

Curiosamente, Cuca e Ever Almeida, técnico atual do Olimpia, já se enfrentaram como jogadores, na fase de grupos da Taça Libertadores de 1990.

O Grêmio perdeu por 1 a 0 em Assunção, antes de empatar por 2 a 2 no Olímpico. Naquela edição, o time gaúcho sequer conseguiu avançar para a fase de mata-mata, e os paraguaios conquistaram o segundo título da sua história na competição.

A vitória desta quarta-feira é uma doce revanche para Cuca, hoje o "homem mais feliz do mundo", que acabou com sua fama de técnico azarado.