Ele rompeu barreira racial no beisebol dos EUA. E entrou para a história

Nascido em 1919, na Geórgia, no sudeste dos EUA, Jack Roosevelt Robinson foi um jogador de beisebol norte-americano. Ou melhor, Jackie, como era chamado, foi muito além. Primeiro jogador negro da Major League Baseball (MLB), ele tornou-se em símbolo da igualdade racial no país. Tamanha foi a importância de Robinson, que ele teve a camisa aposentada em todos os times da MLB e ganhou até um dia no calendário americano.

No dia em que se comemora o Dia da Consciência Negra no Brasil (que lembra a morte de Zumbi dos Palmares a 20 de novembro de 1695), vale resgatar a história do atleta rompeu a "linha de cor" no beisebol americano. Para os negros dos EUA, a caminhada na MLB começou em abril de 1947. E foi Robinson quem deu os primeiros passos. Militar e multiesportista, jogar beisebol seria o menor de seus problemas.

A liga de beisebol dos EUA foi criada em 1869 – quatro anos após o fim da Guerra Civil que cindiu o país, tendo a questão racial no centro das polêmicas entre o Norte industrial e Sul escravagista. Desde então, os jogadores negros jogavam somente na Negro League, enquanto a MLB era composta apenas por atletas brancos. Este quadro se manteve intacto até Jackie Robinson assinar com o Brooklyn Dodgers, atual Los Angeles Dodgers, franquia da Califórnia.

Robinson jogou pela primeira vez com os Dodgers em 15 de abril de 1947, ano em que foi eleito “Rookie of the Year” (Calouro do Ano). Em sua estreia, 26 mil pessoas lotaram o Ebbets Field, sendo mais da metade de negros. Antes, ele havia jogado pelo Kansas City Monarchs, clube tradicional da Negros League, e pelo Montreal Royals, time do Canadá onde não era permitido nem ficar no mesmo hotel dos atletas brancos. Hospedando-se na casa de um político negro, ele destacou-se e chamou a atenção de Branch Rickey, dirigente dos Dodgers.

Durante seus primeiros anos de carreira, o número 42 sofreu com ataques racistas de torcidas adversárias e até mesmo de alguns companheiros. Em alguns jogos, além das vaias, chegou a ser ferido. E, num dos episódios mais marcantes, viu jogadores rivais se negarem a entrar em campo para enfrentá-lo. Fato impedido apenas por uma ameaça de suspensão da MLB.

Apesar do preconceito e das ameaças que recebeu caso não se retirasse da liga de beiseibol americana, Robinson manteve-se na ativa até 1956. Nesse período, conquistou tudo que o jogador de beisebol pode sonhar.

Robinson jogou seis World Series e foi peça fundamental para o título do Dodgers no campeonato de 1955. Foi seis vezes consecutivas para o All-Star Games: de 1949 a 1954. E, como se não bastasse, ganhou o título de "National League Most Valuable Player" de 1949. Isto é, o jogador mais valioso da liga nacional na temporada.

Número 42 aposentado em todos os times

Se jogando beisebol Robinson foi um atleta de elite, fora dos campos o número 42 dos Dodgers foi imortalizado. Sem exagero.

Em 1997, 25 anos após a sua morte, Robinson recebeu honraria inédita. A MLB aposentou o seu número, 42, em todas as equipes da liga principal. Assim, ele tornou-se o primeiro atleta profissional em qualquer esporte a receber tamanha homenagem. Além disso, também faz parte do Hall da Fama do beisebol nos EUA e batiza o estádio do Los Angeles Dodgers.

Não pararia por aí. Robinson também ganhou seu próprio dia nos EUA. Adotado em 15 de abril de 2004, o "Jackie Robinson Day" é celebrado com todos os jogadores de todas as equipes usando o número 42. A ideia foi inspirada na frase de um de seus companheiros de time, que teria dado a ideia após um dos episódios de preconceito racial. "Quem sabe amanhã todos usemos 42, para que ninguém mais consiga nos diferenciar." E assim acontece em todos os dias 15 de abril até hoje.

Filmes

Com biografia tamanha, Robinson virou personagem de diversos filmes, séries e até musical da Broadway nos EUA. O longametragem mais recente, “42”, estreou em 2013. O ator Chadwick Boseman viveu o jogador, enquanto Harrison Ford deu vida ao dirigente dos Dodgers que apostou em Robinson.