Pitada de fé

Sal grosso aparece mais uma vez na rodada do Brasileirão e agora "afeta" até a briga pelo título

Igor Siqueira Do UOL, no Rio de Janeiro Reprodução/TV Globo

Pelo segundo fim de semana consecutivo, o Brasileirão ganhou um tempero a mais. Sal grosso. A mistura de fé com paixão pelo clube do coração já tinha envolvido a disputa contra o rebaixamento. Agora, trouxe repercussão no topo da tabela, na briga pelo título.

Se o "craque do jogo" anterior fora o santista que esparramou sal grosso até no VAR, antes da vitória Grêmio, a ação da vez se deu antes de Atlético-GO x Atlético-MG.

Se teve peso ou não, é questão de fé. Mas o fato é que o time goiano interrompeu a série invicta do líder, que já durava 18 partidas no Brasileirão. Com dois jogos a mais, a distância entre o Atlético-MG e o Flamengo teve uma pequena redução e agora está em dez pontos.

Para o time mineiro, o saldo da 27ª rodada poderia ser ainda pior, já que o Fla empatou com o Cuiabá. O contexto da rodada teve reclamação contra a arbitragem de ambos os lados da corrida pela liderança.

Com o resultado surpreendente, Atlético-GO se livrou do jejum de dez partidas sem vencer em casa e voltou a se embolar com outros concorrentes do meio de tabela. O sal grosso foi esparramado pelo estádio Antônio Accioly antes de a bola rolar por Maykol Kuramoto, funcionário da loja do clube e que nos jogos atua como auxiliar de serviços gerais do rubro-negro.

"Era para ter jogado o sal ontem (sábado) no estádio. Porém, estava muito ocupado. Hoje, cheguei mais cedo e fui correndo jogar o sal. Sempre jogamos só nos gols e nas bandeiras de escanteio. Hoje, eu decidi jogar no campo todo, na linha lateral, nas traves, no VAR", contou ele ao UOL.

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Reprodução/TV Globo

Funcionário mudou o dia do ritual

Geralmente, Maykol tem a ajuda de uma amiga, que também trabalha no clube. Mas ele explica que ela não conseguiu aparecer dessa vez e a missão antes da partida diante dos mineiros foi em voo solo. Como percorreu espaço maior que o de costume, também gastou mais sal: 1 kg.

Não foi a primeira vez que ele fez isso no campo, mas o costume é jogar o sal na véspera. Como deu certo, já pretende mudar o hábito.

"O dia, fé, orações... Tudo favoreceu", diz ele, ainda tentando entender a diferença das vezes que "temperou" o campo, mas sem ter resultado bom na partida.

Maykol se diz um religioso católico, mas conta que frequenta outras igrejas também. Na hora de esparramar o sal, a estratégia é "ir jogando e orando, pedindo a Deus proteção ao nosso time".

A comissão técnica, jogadores e até o presidente do Atlético-GO, Adson Batista, não sabiam que o funcionário jogava sal grosso no campo. Tanto que o dirigente só descobriu após a partida, ao ser avisado que a TV tinha flagrado o momento. Embora tenha uma crença diferente do funcionário, Adson não viu problema. Ainda mais porque o time ganhou.

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A gente contratou ele porque é muito trabalhador, honesto. Ele está há uns oito anos no clube. Ele é querido. Toda energia positiva a gente respeita. É a fé dele. Eu sou católico, mas acredito muito em energia positiva e, acima de tudo, trabalho. Mas deixo cada um com sua fé. Ganhamos de um time que gasta R$ 20 milhões por mês

Adson Batista, Presidente do Atlético-GO

Reprodução/Premiere

"Agora vou jogar em todos os jogos"

Maykol só foi parar na transmissão do Premiere porque faltou pedir "sigilo" a todos os cinegrafistas. Ele se disse tímido e não imaginava a repercussão da situação. Nas redes sociais, foi marcado por muita gente.

"De um lado, eu tinha falado para o rapaz que estava filmando não filmar e ele respeitou. Do outro lado, o cara me viu chegando com o saco e me filmou jogando", explicou.

Curiosamente, o efeito do sal grosso para o Atlético-GO aconteceu no duelo contra um dos técnicos notadamente mais supersticiosos do futebol brasileiro: Cuca. Além da fé católica expressa em terços, santinhos e orações, o técnico costuma repetir camisa em jogos importantes e, nos tempos de Palmeiras, até usava uma "calça da sorte" da cor vinho — essa foi a vestimenta do título brasileiro de 2016.

"Agora vou jogar em todos os jogos. Não vou parar", avisa o funcionário do Atlético-GO.

Como foi a vitória do Atlético-GO sobre o líder Atlético-MG

Reprodução/Premiere

Decisões da arbitragem também mexem com a rodada

Tanto Atlético-MG quanto Flamengo deixaram seus jogos reclamando da arbitragem. No caso do time atleticano, a contestação foi por um pênalti não marcado por Raphael Claus, mesmo após o VAR chamá-lo à beira do campo para checar o lance. A jogada teve um cruzamento pela direita que tocou no braço direito de Baralhas. A interpretação em campo foi de que o toque não renderia penalidade.

No caso do Fla, o árbitro Flávio Rodrigues de Souza foi chamado à beira do campo para rever a anulação inicial do gol de Michael. O lance tinha Matheuzinho em posição de impedimento. Mas como ele não recebeu a bola inicialmente, a questão era decidir se o erro de domínio de Alan Empereur teria dado início à nova jogada e se, além disso, o lateral-direito do Fla teria tirado vantagem da posição irregular. O árbitro manteve a anulação do gol.

Os comentaristas de arbitragem do Grupo Globo que participaram das duas transmissões discordaram das decisões finais de quem estava em campo.

Depois do jogo, o diretor executivo de futebol do Atlético-MG, Rodrigo Caetano, deu voz à reclamação por parte do líder. O dirigente citou dois pênaltis nesta mesma 27ª rodada marcados por critérios similares: toque de mão na bola dentro da área, em ação de bloqueio, a favor de Fortaleza e Palmeiras.

No lado do Fla, foi o técnico Renato Gaúcho quem contestou publicamente a decisão da arbitragem e ainda incluiu um possível pênalti em Vitinho, já nos minutos finais do segundo tempo.

O VAR recomendou a decisão para o Claus avaliar se o braço que subiu no movimento é natural ou antinatural e se o jogador está em uma ação de bloqueio. Eu marcaria a penalidade em função de o jogador ter subido com o braço e na sequência ele desce. Quando ele está dentro da área, está sujeito a isso. Mas a interpretação do Claus foi como movimento natural.

Janette Arcanjo, Comentarista de arbitragem do Grupo Globo

O Matheuzinho estava adiantado, mas o Empereur joga a bola. Ao jogar a bola ele habilita, tira o impedimento. Considero que o Empereur tinha proximidade, mas jogou sem nenhum tipo de problema, sem dificuldade. Mas ele domina a bola, domina mal, e aí sim o Matheuzinho toma a bola dele. Para mim, não é lance para interferência. Para mim, seria gol legal.

Sandro Meira Ricci, Comentarista de arbitragem do Grupo Globo

O que mais teve no Brasileirão

Reprodução/Premiere

Edenílson ficou pistola

O volante Edenílson perdeu a cabeça após a marcação do pênalti a favor do Palmeiras. O zagueiro Cuesta abriu o braço demais e bloqueou o chute de Rony na área. O árbitro da partida, Bráulio da Silva Machado, mostrou vermelho direto para Edenílson. Na súmula, ele relatou ofensas como: 'Vocês vieram aqui para nos roubar, cambada de ladrão". Raphael Veiga converteu a cobrança e, com um a menos, ficou difícil para o Inter reagir. Como levou cartão vermelho direto, Edenílson ainda pode desfalcar o colorado em mais partidas, já que será julgado pelo STJD.

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Reprodução/Globo

Linha em cima da outra?

Uma anulação de pênalti para o Fluminense por causa de um impedimento chamou a atenção no jogo diante do Athletico, na Arena da Baixada. O diagnóstico do VAR via software com o qual as linhas são traçadas teve como resultado a anulação da penalidade. Na transmissão, o comentarista Sandro Meira Ricci chegou a dizer que a foto não era conclusiva, já que havia proximidade milimétrica entre o traço azul (zagueiro) e vermelho (atacante). O UOL consultou pessoas que lidam com o VAR com frequência e elas disseram que a imagem mostra, sim, impedimento. Se a posição fosse legal, seria apenas a linha azul.

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A visão dos colunistas

UOL

Flamengo treme e só tira um ponto de desvantagem do Galo

O Fla entrou no Maracanã sabendo que o líder do Brasileiro, o Galo, havia perdido para o Atlético-GO. Podendo tirar três pontos de desvantagem, tirou apenas um. Como explicar? Méritos ao bom Cuiabá de Jorginho. Mas, também, à clara tremedeira do Fla, que se viu na "obrigação" de vencer e falhou nessa aparente fácil tarefa.

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UOL

Fla é garfado, decepciona e volta a não depender de si

De certa maneira o primeiro tempo no Maracanã entre Flamengo e Cuiabá repetiu o enredo do jogo dos Atléticos em Goiânia. Como o Galo, o Flamengo mandou no jogo, mas jogando menos do que se espera dele. Como no jogo de Goiás, quando o Galo teve um pênalti não dado, o Flamengo teve um gol mal anulado de Michael.

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Uol

Palmeiras: vitória importante e piora após substituições de Abel

O fundamental para o Palmeiras era vencer. Completando quase um mês sem triunfar, o Alviverde conseguiu se livrar da incômoda sequência ao bater o Internacional no Allianz Parque por 1 a 0 e dá sinais para sua torcida que pode melhorar. A questão é que ficou a impressão que a apresentação poderia ter sido melhor.

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Imagem da rodada

Robson Mafra/AGIF Robson Mafra/AGIF

Foram bem

  • Alisson

    O meia participou dos lances dos três gols do Grêmio na importante vitória sobre o Juventude, no clássico gaúcho. Atuação na estreia do técnico Vagner Mancini é mais um passo na missão de sair da zona de rebaixamento.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Grêmio
  • Raphael Veiga

    Não só pelo gol de pênalti, teve atuação importante na vitória do Palmeiras sobre o Inter pelo controle do meio-campo do time de Abel Ferreira. Ditou o ritmo, puxou contra-ataques e fez bons desarmes.

    Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF
  • Marcos Felipe

    Foi crucial para que o Fluminense segurasse a vitória fora de casa diante do Athletico. Defesas importantes, com segurança, sobretudo em um chute de Pedro Rocha na cara do gol.

    Imagem: Mailson Santana/Fluminense FC
  • Janderson

    Fez o primeiro gol do Atlético-GO na vitória de virada sobre o líder Atlético-MG. Foi ótima opção de velocidade, atento aos espaços. Também deu assistência para o segundo gol dos goianos.

    Imagem: Heber Gomes/AGIF

Foram mal

  • Benevenuto

    O zagueiro do Fortaleza falhou feio no lance que gerou o gol da Chapecoense. Por muito pouco o erro não gerou um tropeço para o time cearense, que engatou a segunda vitória seguida.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Fortaleza
  • Richard

    Goleiro do Ceará agiu de forma muito esquisita no lance do segundo gol do Red Bull Bragantino. Ameaçou uma saída da área, mas, ao tentar voltar correndo, escorregou e não conseguiu espalmar o chute de Alerrandro o suficiente.

    Imagem: CearaSC.com
  • Gabigol

    Na volta da seleção, o atacante ficou devendo. O técnico Renato Gaúcho disse que ele passou mal antes e durante a partida. Foi essa a justificativa para substituí-lo, mesmo precisando de gol para vencer o Cuiabá.

    Imagem: Staff Images / CONMEBOL
  • Edenílson

    Perdeu a linha com o árbitro após a marcação correta de um pênalti e comprometeu a capacidade de reação do Internacional em um jogo complicado fora de casa. Nem pareceu ser um dos principais nomes do time.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Internacional

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