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Cerca de um ano após acidente, Chape tropeça em erros na sua busca por 'reconstrução'

20/10/2017 15h41

A busca por uma reestruturação após a tragédia que vitimou 71 pessoas na Colômbia vem trazendo uma série de obstáculos. Após um início de ano promissor, com a conquista do Campeonato Catarinense e um bom desempenho da Copa Libertadores, o clube vê seu planejamento se comprometer devido a uma série de erros.

Organizada a toque de caixa, a nova cúpula da Chape arregaçou as mangas para 2017. Vagner Mancini foi anunciado como treinador e, aos poucos, foram desembarcando 37 jogadores para formar o elenco (incluindo nomes com Wellington Paulista e Douglas Grolli). De acordo com o diretor de futebol, João Carlos Maringá, o trabalho, feito ao lado de Rui Costa, foi desafiador:

- O início foi muito difícil, chegamos e não tínhamos jogador. Tivemos de reconstruir tudo em 15 dias, incluindo Natal e Ano Novo. Trabalhamos na véspera de Natal, não sabíamos como funcionaria este grupo até o dia 6 de janeiro. Só a partir dos treinos é que começamos a ter uma visão melhor do grupo - relembrou, ao LANCE!.

Aos poucos, a equipe encontrou entrosamento e tomou o rumo até o título catarinense (conquistado após a final com o Avaí). Entre altos e baixos, a Chapecoense passou de fase em campo no Grupo 7 da Copa Libertadores. No entanto, a presença de Luiz Otávio na vitória por 2 a 1 sobre o Lanús, em La Fortaleza, custou muito caro:

- Fomos campeões estaduais, passamos de fase na Libertadores. Mas tivemos aquela questão da Conmebol. Sabíamos que o Luiz Otávio seria julgado, mas não que estava punido. Faltavam dois minutos para a partida começar quando soubemos! Chegamos a perguntar para o delegado da partida se não tinha condições de fazermos uma nova súmula. Ele disse que não, então fomos jogar, ganhamos com o gol do próprio Luiz Otávio, mas depois tiraram a nossa vitória.

Vice-presidente jurídico do clube, Luiz Antônio Pallaoro também atribui a perda de pontos da partida contra o Lanús à falta de informação. Ao LANCE!, Pallaoro

- Nós não recebemos o e-mail da Conmebol sobre a suspensão do jogador (Luiz Otávio). Ficamos sabendo da punição de três jogos apenas em campo. Caso soubéssemos disto, sequer o levaríamos para jogar. Tentamos ao máximo, na Conmebol e até na Fifa, com ajuda de advogados no Rio de Janeiro, para irmos até o último recurso e não perdermos os pontos.

DANÇA DAS CADEIRAS' FICA FREQUENTE NA EQUIPE

A partir de julho, a Chapecoense conviveu com instabilidade em outra área: o cargo de treinador. Após o empate em 3 a 3 diante do Fluminense, em 4 de julho, Mancini foi demitido, devido à série de cinco jogos sem vitória.

- A demissão do (Vagner) Mancini aconteceu mais por questão de resultados mesmo. Tínhamos caído de produção, viemos de uma ausência de vitórias e precisávamos dar uma resposta. Mas, claro, que somos muito agradecidos a ele, pelo processo de reconstrução que ajudou a ter na equipe e pelo título catarinense - revela Maringá.

O diretor de futebol detalhou como foi lidar com a repercussão negativa da saída de Vagner Mancini.

- Tivemos muitas críticas da imprensa nacional. Mas de longe é fácil falar, só nós que sabemos onde o sapato aperta. De qualquer forma, Mancini é um ótimo profissional - disse, sobre o técnico que saiu com 20 vitórias, nove empates e 16 derrotas.

O clube catarinense agiu rápido e, no dia seguinte, recorreu a um nome bem conhecido na Arena Condá. Vinícius Eutrópio foi o encarregado de colocar a Chapecoense nos eixos. Porém, a pífia campanha (quatro vitórias, dois empates e 11 derrotas) e a ida da equipe para o Z4 do Brasileirão causaram sua demissão depois de dois meses.

- O Vinícius (Eutrópio) ficou um período muito curto, infelizmente. É um excelente profissional. Tanto que nosso interino, Emerson Cris, ficou por cinco, seis jogos, muito bem no comando por conta disso, do legado que ele deixou - disse João Carlos Maringá, ao LANCE!.

Na décima-segunda colocação, após a vitória por 3 a 2 sobre o Atlético-MG em pleno Independência, a equipe catarinense parte para um novo treinador. E, segundo o dirigente, a busca é por um trabalho mais extenso:

- Agora, vamos apresentar o trabalho do (Gilson) Kleina. Ele vem já em torno de um projeto voltado para montar a equipe de 2018.

João Carlos Maringá aponta como a Chapecoense vem encarando esta reta final do Brasileirão. A equipe catarinense está com 18% de risco de rebaixamento:

- A meta era buscarmos dias melhores. Sabíamos que não seríamos campeões, o Brasileiro é uma competição muito difícil. Mesmo assim, recusamos a possibilidade de não sermos rebaixados neste ano, e hoje estamos lutando para ficar na Série A, entre os melhores do país.