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Prass recebe Troféu Osmar Santos e diz como ajudará o Verdão sem jogar

27/08/2016 07h15

Fernando Prass iniciou a fisioterapia no braço direito nesta semana e ainda vai demorar para ajudar o Palmeiras dentro do campo, mas nem por isso deixa de exercer o seu papel de capitão. Nada mais justo, então, do que entregar ao goleiro o Troféu Osmar Santos, oferecido pelo L! ao campeão do primeiro turno do Brasileirão. E no dia do 102º aniversário do Verdão, nesta sexta.

- Ser premiado é sempre bom. É uma conquista importante, muito embora o primeiro turno não garanta nada. Psicologicamente é legal virar em primeiro. Esse troféu materializa essa vitória. Mas é o que a gente fala: o importante não é como começa, é como termina. Temos que manter a regularidade no segundo turno. Em duas ou três rodadas a gente vai ter a divisão clara de quem vai brigar pelo título - analisou.

Todos os outros jogadores já haviam deixado a Academia de Futebol quando Prass concluiu o tratamento diário no cotovelo, operado há pouco mais de três semanas. As aparições do goleiro no campo em que os companheiros treinam são raras, geralmente apenas para observar rapidamente a atividade ou realizar algum complemento. Fora dali, porém, ele continua bem ativo.

No dia em que recebeu alta após a cirurgia, voou para ver o Verdão jogar em Chapecó. Além disso, tem ido aos vestiários antes das partidas e continua dividindo a liderança do grupo principalmente com Zé Roberto, embora Cuca esteja dando a braçadeira de capitão para Dudu.

- Quando tu está lá no clima do jogo parece que tu está junto com os caras, então para mim foi muito positivo essa ida a Chapecó. Para eles eu não sei, mas de repente é até uma mensagem para aproveitar a saúde, a condição para jogar, porque eu estou fora de combate por um longo tempo - disse o camisa 1, atleta mais festejado pelos convidados da festa de aniversário do clube, na quinta.

O Verdão fechou o primeiro turno com 36 pontos, apenas um a mais que o Atlético-MG, vice-líder. Passadas duas rodadas do segundo turno, já são 40 pontos, dois a mais que o Galo. O foco agora é o Troféu João Saldanha, oferecido ao campeão da segunda metade do torneio, e que obviamente garantiria o título nacional.

Confira um bate-bola exclusivo com Fernando Prass:

LANCE!: Como será sua participação no dia a dia do time sem poder jogar?

Fernando Prass: É difícil falar, eu não planejo nada. Quem está fora vai vivendo o clube dia a dia. Vai do feeling, da sensibilidade, de ver se precisa que uma pessoa fora do campo ajude em alguma coisa. Se a gente fora de campo conseguir fazer alguma coisa que possa transportar algo positivo para dentro de campo a gente faz. Mas é mais no dia a dia que a gente vê isso mesmo. Sempre que eu puder, me sentir à vontade, achar legal, óbvio que vou estar junto. Se eu tiver condição de ir a todos os jogos, acompanhar de perto, eu vou.

Ao mesmo tempo em que fez questão de estar junto com os companheiros de Palmeiras, você preferiu se afastar do dia a dia da Seleção Brasileira após ser cortado. Por que essa decisão?

Primeiro porque minha convivência aqui é muito maior, meus laços de amizade, de grupo, são muito mais fortes. Eu estava voltando para casa, para a minha casa, que é o Palmeiras, e para a minha família. Eu tinha que resolver minhas situações médicas, de cirurgia, e acho que minha presença aqui no Palmeiras é muito mais benéfica. Na Seleção acho que não seria benéfico. O ambiente, e isso eu senti no vestiário no dia do corte, é de uma carga muito pesada emocionalmente. Eles já tinham uma pressão enorme de jogar uma Olimpíada no Brasil, vindo do que aconteceu na Copa do Mundo, o Brasil não tinha o ouro, era uma pressão muito grande mentalmente. De repente, se eu estivesse lá, toda hora que entrasse no vestiário eu ia relembrar a situação. Eles podiam ficar pensando: "Pô, e se fosse eu? Pode acontecer comigo". Acho que eu não levaria uma energia muito boa. No Palmeiras é diferente. Eu conheço o grupo e acho que minha presença seria boa.

Como estão sendo esses primeiros dias de fisioterapia?

É tudo muito devagar agora, foram três semanas praticamente sem nada, só de repouso. Comecei a fisioterapia, mas nesse primeiro estágio ainda é tudo muito leve, porque tem que esperar a consolidação da fratura. Agora é de duas em duas semanas voltar no médico para reavaliar.

Quando você viu que a final olímpica iria para os pênaltis, chegou a pensar que o cenário era perfeito para você ser decisivo?

Passa muita coisa na cabeça. Tu via os caras treinando e se imaginava lá, via os caras fazendo cadastro na Olimpíada e se via lá, nos jogos nem se fala. Na final também, óbvio. Não tem como não pensar, ainda mais com a Copa do Brasil sendo tão próxima. Mas se eu estivesse lá quem garante também que nós teríamos chegado à final, que teria ido para os pênaltis? Poderia ter vencido mais fácil ou ter perdido. A cabeça trabalha, sim, mas a gente tem que tentar domá-la para não entrar em grandes frustrações.

Você já superou a tristeza pelo que aconteceu?

É aquela coisa de tentar trabalhar a cabeça, porque vêm pensamentos ruins e bons. A luta contra isso é constante. Claro que ainda vem na memória. A festa do Palmeiras teve as homenagens, aí volta de novo, mas eu tento sempre ver o lado positivo. Eu senti o gostinho e gostei de experimentar esse negócio de Seleção. Tento levar pelo lado positivo para voltar ano que vem e conseguir. Claro que é difícil, até pela idade, mas a olímpica era até mais difícil. Então eu uso mais como motivação.

Nos últimos dias, você tem sido abordado diversas vezes para falar dessa frustração. Vai chegar uma hora em que você vai pedir para "trocar o disco"?

Ah, cara, todo mundo fala: "Tu faz parte disso, tu foi campeão também". Sinceramente, eu não me considero campeão olímpico. Se tivesse jogado dez minutos de um jogo tudo bem, mas eu participei da preparação e quem ganhou foi aquele grupo de 18. Tive uma frustração, não posso fugir disso, tenho que encarar. Mesmo que um dia eu volte a vestir a camisa da Seleção, essa frustração eu vou ter na minha vida, mas eu não posso ficar me lamentando e remoendo.