'Não temos mais respeito no mundo': Ex-seleção analisam crise do Brasil

Estrelas do reencontro entre São Paulo e Milan, alguns ex-jogadores da seleção brasileira analisaram o momento complicado da "Canarinho". O ex-volante Emerson criticou o ambiente de indecisão na CBF e afirmou que o Brasil perdeu o respeito do mundo da bola.

A gente está de fora, não sabe o que acontece nos bastidores, mas a impressão que eu tenho é que tudo que está acontecendo atrapalha. A CBF com problemas jurídicos, o Diniz tentando fazer um trabalho, mas o resultado não está vindo. A gente sabe que para implementar o futebol que ele gosta, precisa de tempo e dentro da seleção brasileira, ele não vai ter esse tempo. São jogadores de várias partes do mundo que se juntam ali em menos de uma semana para fazer um jogo de Eliminatórias. Tem que encontrar uma solução mais rápida, os próprios jogadores têm que entender esse momento de dificuldade, o grupo tem que se unir para isso, entender a importância de vestir essa camisa. O todo está meio confuso, a questão do Ancelotti a gente não sabe se vem, até para o Diniz isso não é legal, a CBF é a grande responsável para encontrar uma solução para que a gente volte a vencer. A situação do Brasil, realmente, nós hoje não temos mais o respeito do mundo. As pessoas não respeitam mais, era uma camiseta que só ao entrar em campo as pessoas respeitavam muito, hoje não tem mais esse respeito, é preciso voltar a ter esse respeito e tem que partir de todos. Não tem um culpado nisso, todo mundo tem que assumir a responsabilidade, colocar para fora o que pode dar e tem que saber o que é vestir a camisa da seleção brasileira.

Para Emerson, que era o capitão de Felipão em 2002 antes de ser cortado da Copa do penta por lesão, a seleção precisa de um treinador que a recoloque no caminho das glórias, não importa a nacionalidade.

Eu sou defensor do bom treinador, muitas coisas a gente não pode ter vaidade, no sentido que se for para o melhor do nosso país, a gente não pode ter esse problema. Claro, torço muito pelo Diniz, falo de coração, é um bom treinador, mas eu acho que ele precisa de tempo e não sei se ele vai ter esse tempo. Se vier o Ancelotti, eu conheço, trabalhei com ele, é muito capacitado. O Brasil está precisando de uma solução, se o for o Diniz, que bom, mas se a gente precisar do Ancelotti, que seja bem-vindo. O importante é pensar no bem da seleção.

Hernanes destaca Abel

Hernanes criticou a divisão de Fernando Diniz entre a seleção e o Fluminense. Na visão dele, se for para apostar num técnico estrangeiro, o melhor nome já está no Brasil: Abel Ferreira.

É a fase de transição, tem que entender os processos, desse jeito não pode estar, a seleção brasileira é muito grande para ter um treinador dividido. Para mim, o treinador da seleção tem que ser o Diniz mesmo, ele é atualmente o melhor que nós temos como treinador, mas não dessa maneira. Agora ele foi campeão, espero que a CBF possa convencê-lo a ficar só na seleção. Eu não vejo problema em ter treinador estrangeiro, mas se fosse para ter um na seleção, eu preferia o Abel, está no futebol brasileiro e já conhece, já viveu de perto o Brasil. Ou então traz logo o Ancelotti, porque se chegar faltando dois anos, até ele entender o que é o Brasil, se ambientar, chegou a Copa do Mundo.

Serginho: 'Jogadores de quem se esperava não renderam'

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O ex-lateral esquerdo Serginho avaliou o momento de transição na seleção brasileira. Segundo ele, além da mudança de geração, alguns jogadores não corresponderam as expectativas.

Não vejo só a lateral-esquerda, vejo o momento do futebol brasileiro de muita transição, uma mudança de geração, jogadores de quem se esperava mais e até hoje não conseguiram demonstrar algo. Vejo também uma deficiência muito grande na lateral-direita, você tem o Danilo titular por anos e anos, o miolo de zaga também não conseguimos encontrar as peças de reposição. Então, é um momento de transição, a gente tem que ter paciência, não vai ser fácil para a seleção brasileira reencontrar aquele time vencedor e aqueles jogadores protagonistas do futebol europeu, mas todo momento de transição existe essa dificuldade. A seleção argentina passou por isso, a seleção italiana está passando por isso e infelizmente chegou a hora do Brasil. As peças de reposição até agora não demonstraram aquilo que a gente esperava. É um momento conturbado, muitos problemas internos que afetam, os jogadores que apresentam nível alto no seus clubes não conseguem render seu máximo na seleção brasileira. Tudo isso faz com que a seleção não consiga manter o equilíbrio.

Dida: 'Ancelotti é um grande nome'

Pentacampeão em 2002, o ex-goleiro Dida destacou a capacidade do italiano Carlo Ancelotti, com quem trabalhou no Milan campeão europeu e mundial.

Eu acredito sempre no Brasil. No mundo moderno, não existe mais essa definição de ser um treinador raiz ou um treinador europeu. Tem que ser um treinador que case bem com a seleção, que cumpra bem seu compromisso. Ancelotti é um grande nome, não sei ele vai ser o técnico da seleção, mas temos grandes nomes nossos também aqui no país para assumir o cargo.

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