Seleção tem ano de fracassos e até jogadores admitem turbulência

Para quem achava que cair nas quartas de final da Copa do Mundo para a Croácia seria o maior dos problemas da seleção brasileira, o ano de 2023 veio para trazer uma realidade ainda mais problemática.

O grupo viveu incertezas sobre quem seria o técnico e passou por Ramon Menezes — que perdeu para duas seleções africanas (Marrocos e Senegal) e só ganhou da Guiné. No segundo semestre, concluiu 2023 de forma conturbada sob o comando de Fernando Diniz.

Os jogadores reconhecem esses elementos que, somados, resultam na frustração atual e uma falta de perspectiva para o início de 2024 — já que a seleção só volta a se reunir em março para enfrentar Inglaterra e Espanha.

Os principais motivos citados

Indefinição sobre sucessão do treinador após a Copa 2022.

Renovação profunda no elenco.

Mudanças no sistema de jogo, com Diniz, mas sem tempo para treinar.

Falhas ofensivas e defensivas em jogos importantes.

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Posição incômoda

O Brasil está em sexto nas Eliminatórias. Acumula três derrotas seguidas e uma falta de resultados sob o comando de Diniz que expõe a falta de eficácia do estilo de jogo dele, até o momento.

"Tem coisas que a gente não controla. A gente entra em campo e tenta jogar. São ciclos que terminam. É o meu terceiro ciclo de Copa aqui. Acho que posso falar um pouco sobre isso. Esse está sendo bem diferente dos outros, óbvio. Um começo que foi meio turbulento, com contratação ou não de treinador, não é fácil. Muitos jogadores vindo pela primeira vez. Não é desculpa. Mas tantas modificações na seleção, pouco tempo de treinamento. Todo mundo vê a evolução da equipe. Mas quando a vitória não vem, fica mais difícil enaltecer a atuação da equipe", disse o atacante Gabriel Jesus.

O atual camisa 9 do Brasil, inclusive, pelo papel que tem no time, é parte relevante do retrato atual da seleção, sobretudo no ataque. O time não engrena ofensivamente, com exceção da goleada por 5 a 1, ainda na estreia de Diniz, sobre a frágil Bolívia. Depois, foi só perrengue.

E a isso se soma a instabilidade defensiva, com o Brasil perdendo aquela consistência dos tempos de Tite, em que tomar gol nas Eliminatórias era fato raríssimo. Nos últimos quatro jogos, foram seis sofridos. Três com bolas cruzadas na área.

"Falando em resultados, é ruim. Mas a gente sabe que podemos fazer muita coisa boa dentro da seleção. Vejo futuro. Sei o quanto o professor trabalha, é honesto, verdadeiro. Quero muito que a gente consiga esse resultado para ter essa tranquilidade. No futebol, resultados são importantes para avaliar o trabalho. Tivemos um ano pós-Copa ruim. Mas é uma mudança, adaptação. Muitas coisas aconteceram depois da Copa do Mundo. É o momento de encontrar soluções", disse o zagueiro Marquinhos.

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O Brasil sofreu com a falta de liderança. Em alguns casos, pela renovação ampla no grupo e em outros por conta das lesões. Nos dois jogos mais recentes, não teve Neymar, Danilo e Casemiro. Para piorar, Vini Jr ainda se machucou ainda no primeiro tempo diante da Colômbia e foi cortado antes do jogo contra a Argentina.

"A falta de resultado é consequência da falta de seguimento, da mudança de ciclo. Saiu o Tite, um momento de estabilidade que a gente tinha durante dois ciclos de Copa do Mundo. Quando a gente ganhava de todo mundo, se falava que a América do Sul não era parâmetro. A gente está vendo que é diferente. Na época que estava ganhando, mantivemos os pés no chão. Agora, perdendo, não vamos ver como terra arrasada. É um processo", avaliou Alisson.

Apoio a Diniz

Com os seis meses passados sob a batuta de Ramon Menezes, o Brasil não trabalhou um modelo de jogo tão característico. Mas Fernando Diniz traz uma assinatura muito pessoal. E isso vira um desafio para quem se reúne por 10 dias de forma tão espaçada, como nas Datas Fifa.

Antes de ter 55% de derrotas em 9 partidas no ano, como um todo, a seleção teve 57% em 1940. Há 83 anos, não perdia tanto quanto neste ano de dois técnicos interinos.

Mas os jogadores defendem o trabalho de Diniz, que é o tampão por um ano, somando até agora duas vitórias, um empate e três derrotas como retrospecto.

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"Está tudo sendo muito bem trabalhado. Temos tranquilidade extracampo. A gente pecou dentro de campo, detalhes mínimos de jogo que fazem a diferença no resultado. Contra o Uruguai, dois gols de lateral. Contra a Colômbia, estávamos em uma posição baixa e não tivemos agressividade. Contra a Argentina, campeã do mundo, conseguimos criar algumas coisas e com uma bola parada a gente pagou com o resultado", disse Marquinhos, que foi capitão nas últimas duas partidas.

O fato de Diniz só ter contrato até o início de julho e a CBF esperar Carlo Ancelotti a partir da Copa América deixa o futuro ainda mais incerto.

Pelas Eliminatórias, ele não tem mais jogos a fazer. Pegou uma sequência dura e sucumbiu. Nos amistosos de 2024, a tarefa é ter um time mais eficaz. Até lá, o jeito vai ser olhar para a classificação e ver o Brasil em sexto nas Eliminatórias.

"A gente sabe o que é o futebol, queremos ganhar, mas não aconteceu. Agora é trabalhar. Diniz tem total capacidade de fazer o time jogar. Na minha opinião, o time está jogando bem. Infelizmente, não estamos no melhor momento", completou Gabriel Jesus.

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