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La Liga - 2022/2023

Entenda o escândalo que pode até rebaixar o Barcelona no Espanhol

Barcelona está no centro de um escândalo envolvendo ex-árbitro na Espanha - Tim Clayton/Corbis via Getty Images
Barcelona está no centro de um escândalo envolvendo ex-árbitro na Espanha Imagem: Tim Clayton/Corbis via Getty Images

Do UOL, em São Paulo

16/02/2023 12h40

O Barcelona corre risco de ser punido no Campeonato Espanhol por pagamentos suspeitos.

O pagamento de 1,4 milhão de euros ao vice-presidente da arbitragem da Espanha pode ser considerado uma "infração gravíssima" ao Real Decreto da Disciplina Desportiva.

Um time pode perder pontos e até ser rebaixado caso tome "ações para predeterminar, por preço, intimidação ou qualquer acordo, o resultado de uma partida ou competição", diz o artigo 14 do decreto publicado em 1993.

O Barcelona nega ter comprado resultados ou a escalação de árbitros específicos. O clube se defende em nota oficial e diz que contratou o número 2 da arbitragem para serviços de consultoria. Por outro lado, um ex-presidente diz que pagamentos do tipo foram feitos por 17 anos.

La Liga diz que o Barça não será rebaixado, mas não é ela que decide, sozinha, a punição que o clube corre risco de receber. Os pagamentos ferem um regulamento da federação espanhola e podem ser considerados uma infração a um decreto oficial do país. O Ministério Público local investiga o caso.

O que aconteceu

O Barcelona fez pelo menos 33 depósitos a José María Enríquez Negreira, ex-árbitro que esteve na comissão de arbitragem entre 2016 e 2018. O caso tornou-se público ontem, pela imprensa espanhola, que publicou até as faturas que o clube emitiu para o ex-cartola.

Negócios deste tipo ferem o regulamento da RFEF (a Real Federação Espanhola de Futebol), que no artigo 22 proíbe "qualquer atividade que ponha em risco a integridade da RFEF e de suas competições".

O Ministério Público investiga a empresa de Negreira, chamada "DASNIL 95 SL", que recebeu pagamentos do Barcelona por pelo menos três anos. Ele é o único investigado neste momento. São três possíveis irregularidades na tributação dos depósitos. A rádio espanhola SER teve acesso a documentos do MP que dizem que "não apresentou qualquer documento que comprovasse que era um serviço ao Barcelona".

O Barcelona ainda não é investigado em qualquer âmbito. A RFEF diz em nota oficial, sem citar exatamente o clube, que "tomará as medidas necessárias dentro da legalidade" assim que tiver informações suficientes.

O que o Barcelona argumenta

O clube admite que fez pagamentos a Negreira, mas diz que ele foi contratado como "consultor técnico externo". O serviço era ensinar algumas questões de arbitragem a jogadores da base e, depois, criar "relatórios técnicos relacionados à arbitragem profissional" para a comissão técnica e o elenco profissional. Em resumo, seria uma ajuda para entender questões de arbitragem.

Depósitos do tipo foram feitos "pela primeira vez em 2001", segundo Josep Maria Bartomeu, ex-presidente do Barça. Ele disse à Cadena SER que os pagamentos só foram encerrados em 2018, por corte de despesas.

Negreira diz que nunca houve favorecimento ao Barcelona. Ele já deu depoimento ao Ministério Público e falou com a imprensa, sempre negando qualquer ligação entre o dinheiro que recebeu e sua influência na comissão de arbitragem.