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Brasileirão - 2021

Com nova regra, Brasileirão 2021 ainda tem menos trocas de técnico que 2020

Hernán Crespo comanda o São Paulo em partida do Campeonato Brasileiro em setembro de 2021 - Rubens Chiri / saopaulofc.net
Hernán Crespo comanda o São Paulo em partida do Campeonato Brasileiro em setembro de 2021 Imagem: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Igor Siqueira

Do UOL, no Rio de Janeiro

14/10/2021 04h00

Pode não parecer, mas o Brasileirão 2021, cujo regulamento traz limitações para demissão de treinadores, ainda tem uma média menor de troca de técnicos do que em 2020. A conta considera o ritmo de saídas dos comandantes dos times até o período pós-jogos da 25ª rodada da Série A.

Com a decisão do São Paulo pela saída de Hernán Crespo "em comum acordo", a edição 2021 do Brasileiro chegou a 16 trocas de técnico. Ano passado, nessa mesma altura da competição, o número de mudanças de treinador estava em 21 — considerando alterações a contragosto dos clubes. Ou seja, redução de 23,8%.

Tirando os casos nos quais o técnico é quem pede para sair, algo que aconteceu duas vezes em 2021, com Lisca (América-MG) e António Oliveira (Athletico), ainda assim o Brasileirão 2020 foi mais duro com os treinadores: o placar de demissões fica 17 a 14.

Com a saída de Crespo, seis clubes ainda não mudaram de técnico desde o início da Série A: Atlético-MG (Cuca), Fortaleza (Juan Pablo Vojvoda), Palmeiras (Abel Ferreira), Red Bull Bragantino (Maurício Barbieri), Corinthians (Sylvinho) e Juventude (Marquinhos Santos). O clube gaúcho é o único que briga contra o rebaixamento que não mexeu no comando do time. Por outro lado, olhando para o atual G6, só o Flamengo mudou de treinador, quando sacou Rogério Ceni para trazer Renato Gaúcho.

O artigo 32 do regulamento da Série A, que tenta coibir a dança das cadeiras dos técnicos estabelece, que "somente será permitida uma demissão de treinador sem justa causa, por iniciativa do clube, durante o campeonato. Caso o clube demita um segundo treinador sem justa causa após ter demitido o primeiro nessa mesma condição, deverá necessariamente utilizar um treinador registrado há pelo menos seis meses no clube".

Aumento do comum acordo

Mas mesmo o novo dispositivo do regulamento traz uma brecha: "eventual pedido de demissão por parte do treinador, demissão por justa causa por iniciativa do clube ou rescisão por mútuo acordo não serão computados para os efeitos deste artigo".

É o tal "comum acordo". Essa modalidade de saída cresceu nas últimas rodadas. Das oito demissões mais recentes, cinco foram por comum acordo. E o Bahia, que já trocou de treinador duas vezes, não especificou como fez o acerto para a saída de Dado Cavalcanti e Diego Dabove. O Grêmio, outro que já demitiu dois treinadores no Brasileirão, inseriu tanto Tiago Nunes quanto Luiz Felipe Scolari na modalidade "comum acordo".

Financeiramente, o "comum acordo" não quer dizer que não haverá pagamento de multa por parte de quem demite. O Internacional, por exemplo, quando tirou Miguel Ángel Ramírez do cargo após a segunda rodada, fechou um acerto para não pagar a integralidade da indenização. Fez "acordo", mas não no sentido de fugir do enquadramento do limite de trocas previsto no regulamento.

Olhando a média móvel de demissões, nota-se que em 2021 os clubes se seguraram no primeiro terço do campeonato — alguns, como o Corinthians, Fortaleza e Chapecoense, trocaram de técnico antes do início da competição. Até a 14ª rodada, tinham sido só seis trocas. Entre a 16ª e o período atual, que antecede jogos pela 26ª, foram 10.

A observação sobre o efeito prático do novo item no regulamento ainda é parcial. Como parâmetro, o ritmo de trocas de técnico no Brasileirão 2020 após a 26ª rodada diminuiu: só aconteceram mais cinco. Resta saber como será o comportamento do RH dos clubes neste ano.

Trocas de técnicos do Brasileirão 2021 até o pós-25ª rodada

1 - Alberto Valentim (Cuiabá) - 1ª rodada, demitido
2 - Miguel Ángel Ramírez (Inter) - 2ª rodada, demitido
3 - Lisca (América-MG) - 3ª rodada, pediu demissão
4 - Tiago Nunes (Grêmio) - 9ª rodada, comum acordo
5 - Rogério Ceni (Flamengo) - 10ª rodada, demitido
6 - Jair Ventura (Chapecoense) - 14ª rodada, demitido
7 - Dado Cavalcanti (Bahia) - 16ª rodada, não revelado
8 - Roger Machado (Fluminense) - 16ª rodada, demitido
9 - Umberto Louzer (Sport) - 18ª rodada, comum acordo
10 - Guto Ferreira (Ceará) - 18ª rodada, comum acordo
11 - Fernando Diniz (Santos) - 19ª rodada, demitido
12 - António Oliveira (Athletico-PR) - 19ª rodada, pediu demissão
13 - Eduardo Barroca (Atlético-GO) - 22ª rodada, comum acordo
14 - Diego Dabove (Bahia) - 24ª rodada, não divulgado
15 - Luiz Felipe Scolari (Grêmio) - 25ª rodada, comum acordo
16 - Hernán Crespo (São Paulo) - 25ª rodada, comum acordo

Trocas de técnicos do Brasileirão 2020 até o pós-25ª rodada

1 - Ney Franco (Goiás) - 4ª rodada
2 - Eduardo Barroca (Coritiba) - 4ª rodada
3 - Dorival Júnior (Athletico) - 5ª rodada
4 - Daniel Paulista (Sport) - 5ª rodada
5 - Felipe Conceição (Red Bull Bragantino) - 6ª rodada
6 - Roger Machado (Bahia) - 7ª rodada
7 - Tiago Nunes (Corinthians) - 9ª rodada
8 - Thiago Larghi (Goiás) - 12ª rodada
9 - Paulo Autuori (Botafogo) - 12ª rodada
10 - Ramon Menezes (Vasco) - 14ª rodada
11 - Vagner Mancini (Atlético-GO) - 15ª rodada, pediu demissão e foi para o Corinthians
12 - Vanderlei Luxemburgo (Palmeiras) - 16ª rodada
13 - Eduardo Barros (Athletico) - 17ª rodada
14 - Jorginho (Coritiba) - 18ª rodada
15 - Bruno Lazaroni (Botafogo) - 18ª rodada
16 - Domènec Torrent (Flamengo) - 20ª rodada
17 - Eduardo Coudet (Internacional) - 20ª rodada, pediu demissão e foi para o Celta (ESP)
18 - Rogério Ceni (Fortaleza) - 20ª rodada, pediu demissão e foi para o Flamengo
19 - Enderson Moreira (Goiás) - 21ª rodada
20 - Ramon Díaz (Botafogo) - 23ª rodada
21 - Odair Hellmann (Fluminense) - 24ª rodada, pediu demissão e foi para o Al Wasl (EAU)