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Veron faz 19 em recomeço no Palmeiras: "Era para estar em outro momento"

Gabriel Veron no treino do Palmeiras, na Academia de Futebol - Cesar Greco
Gabriel Veron no treino do Palmeiras, na Academia de Futebol Imagem: Cesar Greco

Diego Iwata Lima

De São Paulo

03/09/2021 08h45

Gabriel Veron chega aos 19 anos nesta sexta-feira (3), seis dias depois de completar 50 jogos pelo Palmeiras, ainda como um dos jogadores mais promissores do futebol brasileiro. Mas muita coisa aconteceu com o talentoso ponta desde 2019, ano em que conquistou e foi apontado o melhor jogador da Copa do Mundo Sub-17 e estreou nos profissionais do clube alviverde.

E por isso, embora muito jovem, o atacante inicia agora um ciclo quase do zero, tentando ficar longe das lesões para demonstrar que as expectativas sobre ele não precisam de reajuste.

"Ele está bem confiante. No último jogo, foi titular. Dentro do projeto que temos traçado, acho que o momento é de recomeço para ver se ele consegue uma sequência para demonstrar seu jogo", disse ao UOL Lupércio Segundo, empresário e descobridor do jogador potiguar.

"Tenho falado bastante com ele, e ele está feliz. Tem agora um processo de volta e readaptação, mas todo cuidado do clube deu a ele confiança. Ele voltou bem", diz Segundo.

Em 21 de julho, contra a Universidad Católica, pela oitavas da Copa Libertadores, Veron retornou aos campos depois de três meses de afastamento por conta de uma lesão muscular —sua terceira desde a subida aos profissionais. De lá para cá, no entanto, ele já atuou em seis jogos, sendo titular em dois, contra o Atlético-MG e o Athletico-PR.

"Ele encarou bem o período de contusão, praticamente não veio para o Rio Grande do Norte, mas a mãe e as irmãs ficaram com ele em São Paulo, e isso deu um suporte a ele. A gente também tem um estafe em São Paulo que o acompanhou. E o diálogo com o clube auxiliou bastante a ele para entender todo esse processo", disse Segundo.

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Gabriel Veron comemora com dancinha o gol marcado pelo Palmeiras contra o Corinthians
Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Conforme o coordenador científico do Palmeiras, Daniel Gonçalves, explicou em diversas entrevistas, Veron queimou etapas entre uma e outra categoria de base e a chegada ao time profissional. Isso fez com que ele não conseguisse se preparar muscularmente de modo adequado para o nível maior de exigência do time profissional. Tudo isso em um ano complicado devido à pandemia, com um calendário ainda mais apertado que o normal, que impediu um trabalho mais intensivo em paralelo com a temporada.

As contusões tiraram Veron das retas finais do Paulista e da Libertadores de 2020, bem como da decisão do Paulista deste ano. E, evidentemente, os períodos fora de combate causaram frustração.

"Com certeza, era para ele já estar em um outro momento. Ele subiu para o profissional foi para Florida Cup e ali a gente já imaginava e projetava uma sequência, mas houve a parada da pandemia, além das lesões. A volta agora o recoloca no mesmo trilho e no mesmo processo. E a expectativa é até maior, porque a cada ano que passa no profissional, ele amadurece mais", diz ele.

Queda de valor de mercado não preocupa

veron - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Gabriel Verón posa com o troféu da Libertadores de 2020
Imagem: Reprodução/Instagram

Com tantos períodos de ausência, era natural que o valor de mercado do jogador decaísse. Avaliado em 25 milhões de euros (R$ 153 milhões) em 2020, de acordo com o site Transfermarkt, que costuma ser um bom termômetro do mercado, Veron está hoje cotado em 18 milhões de euros (R$ 110 milhões). Mas isso não preocupa seu empresário.

"Não incomoda. É claro que é uma referência, algo que a gente vê, cria expectativas. Mas não é um balizador, algo definitivo", disse ele. A falta de preocupação também tem a ver com o fato de o empresário não ter pressa de ver seu cliente jogando na Europa.

"Fala-se muito em negociação quando se fala do nome dele, mas o processo do Palmeiras é muito pé no chão nesse sentido. Ele não vai ser negociado sem um planejamento para que isso aconteça. Mas é claro que, um dia, isso pode acontecer, até como um processo natural", diz Segundo

Ele sempre foi tranquilo e maduro para sua idade

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Deyverson, Gabriel Menino, Wesley, Danilo, Gabriel Veron e Patrick de Paula em treino do Palmeiras
Imagem: Cesar Greco

Lupércio Segundo conta que Veron sempre foi muito maduro, desde quando chegou ao Palmeiras, com 14 anos. "Eu o conheci com 12 para 13 anos, e ele sempre esteve à frente, em termos de maturidade, comparado aos demais. Foi isso que fez ele chegar cedo demais onde chegou", explica.

Além da maturidade, que Segundo vê como um dos maiores méritos de seu cliente, saber ouvir também é uma qualidade exaltada pelo empresário. "Ele às vezes não concorda num primeiro momento, mas nunca deixa de escutar o que temos a dizer. E, muitas vezes, depois de um tempo, volta e diz que a gente tinha razão em algumas coisas", conta. "Isso é raro numa idade em que os jovens buscam autoafirmação", diz.

Do menino que Lupércio conheceu em uma peneira no interior do Rio Grande do Norte, ficou o jeito tranquilo de encarar as coisas, embora, evidentemente, Veron tenha mudado bastante nesses quase sete anos. "Ele era um garoto, ele hoje é um homem, dá suporte a toda a família, cuida das pessoas que o cercam. E tudo isso também faz parte desse processo de amadurecimento", diz.

Gabriel Veron tem contrato com o Palmeiras até setembro de 2025, com multa contratual estipulada em 60 milhões de euros, o equivalente na cotação atual a R$ 368 milhões.