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Pandemia e Palmeiras decepcionam qataris no último teste antes da Copa

Tiago Leme/UOL
Imagem: Tiago Leme/UOL

Tiago Leme

Colaboração para o UOL, em Doha

08/02/2021 13h25

O Mundial de Clubes de 2020 era pra ser o último grande evento teste do Qatar antes de sediar a Copa do Mundo de seleções em 2022. Assim como aconteceu em 2019, quando o Flamengo foi derrotado pelo Liverpool na final, a edição atual era vista como uma grande oportunidade para aproximar mais a população local do futebol, fazer observações e ajustes.

A presença de milhares de pessoas vindas de várias partes do mundo é um dos pontos de atenção dos organizadores. Mas o fechamento das fronteiras para os turistas neste momento, por causa da pandemia do coronavírus, e a ausência de torcedores de fora decepcionou os qataris.

A reportagem no UOL Esporte circulou nesta segunda-feira pelo Souq Waqif, um tradicional mercado árabe que é o coração de Doha. No local, há pequenas lojas e tendas vendem de tudo que se pode imaginar, de souvenirs até artesanatos, roupas, joias e especiarias.

Normalmente bastante movimentado, o mercado agora está bem mais tranquilo, com um ambiente diferente do habitual. No Mundial de 2019, ali era o ponto de encontro dos flamenguistas que "invadiram" a cidade. Pouco mais de um ano depois, nem parece o mesmo lugar.

Mundial de Clubes - Qatar vazio - Tiago Leme/UOL - Tiago Leme/UOL
Imagem: Tiago Leme/UOL

A falta de turistas faz os vendedores lamentarem a situação, apesar de muitos entenderem e respeitarem a importância das restrições impostas pelo governo por causa da covid. Em 2019, a presença de animados torcedores cativou boa parte dos moradores na cidade. Apesar de ser um país de cultura islâmica, com normas rígidas e costumes considerados mais conservadores, muitos qataris entraram na festa brasileira e demonstraram empolgação.

Naquela ocasião, camisas, bandeiras, cachecóis do Flamengo e até lenços no estilo árabes com as cores rubro-negra foram produzidos e estavam à venda no comércio para agradar aos visitantes. Desta vez, nada do Palmeiras pode ser encontrado no mercado. Em uma das lojinhas visitadas pela reportagem, além de camisas da seleção do Qatar e de alguns clubes europeus, chamava a atenção uniformes do Bocas Juniors, da Argentina, mas nada da equipe alviverde ou de qualquer outro time brasileiro.

"Agora não temos nada do Palmeiras e nem do Brasil aqui. A cidade infelizmente está vazia por causa deste vírus, dos problemas de saúde. Lembro que no último campeonato vieram muitos brasileiros aqui, por causa do Flamengo e Liverpool, foi uma festa bonita. O Souq Waqif ficava sempre cheio, muitas camisas e bandeiras vermelha e preta, música, pessoas alegres. Compraram bastante coisa aqui na loja. Desta vez, não tem nada de especial e eu não vendo quase nada", disse um comerciante do mercado, que preferiu não se identificar depois que a reportagem se identificou como jornalista.

A decepção do qatari também ficou por conta da eliminação do Palmeiras. Muitos conheciam apenas a existência do clube alviverde, mas não exatamente os jogadores ou até mesmo a história. De qualquer forma, pelas publicações na imprensa local, que antes já projetava uma final do Mundial entre o time brasileiro e Bayern de Munique, a expectativa de contar com a equipe brasileira na decisão contra os alemães foi frustrada.

Nesta segunda-feira, o jornal "Al Raya" destacou com surpresa em sua manchete a derrota do Palmeiras para o Tigres, do México, por 1 a 0, com gol de pênalti do atacante francês Gignac.

"Time mexicano surpreende o brasileiro e voa para a final", diz o título da reportagem. O Palmeiras ainda volta a campo pela competição da Fifa na quinta-feira, para a disputa do terceiro lugar, provavelmente contra o Al Ahly do Egito. Este é o último Mundial de Clubes disputado no Qatar. O próximo, em dezembro deste ano de 2021, será no Japão.