Topo

Árbitra sofreu com machismo de pais ao expulsar garoto que abaixou o calção

Árbitra de 22 anos já apitou mais de 40 jogos de base - Reprodução Instagram
Árbitra de 22 anos já apitou mais de 40 jogos de base Imagem: Reprodução Instagram

Do UOL, em São Paulo (SP)

31/05/2019 12h00

Um garoto de 14 anos foi suspenso por um ano do futebol na Itália após abaixar o calção e fazer um gesto vulgar para a árbitra que apitava o jogo. Mas este não foi o único episódio sexista que Giulia Aurora Nicastro, de 22 anos, teve de encarar no dia 22 de maio. Ao expulsar o atleta-mirim, ela precisou aguentar os insultos machistas de pais nas arquibancadas.

"Cerca de 20 pais começaram a ofendê-la, convidando-a para se prostituir", noticiou o "La Gazzetta dello Sport". Isso foi registrado também no "Corriere della Sera", que destacou que os 'pais barulhentos' encheram a jovem de insultos machistas desde o começo da partida.

"Uma turma de pais barulhentos, que desde o início até o fim da partida encheram a jovem de 22 anos com insultos, convidando-a a se dedicar à prostituição", relatou o jornal.

Os veículos de imprensa locais fizeram questão de exaltar o profissionalismo da árbitra, que voltou aos gramados quatro dias depois e trabalhou normalmente em um campeonato juvenil em Martellago, uma província de Veneza. Ela é vinculada à Federação Italiana de Futebol (FIGC).

O atleta do sub-14, de identidade não revelada, arriou o calção para Nicastro após ela apontar escanteio contra o seu time. Ele foi imediatamente expulso pela árbitra, que atua há mais de um ano na função e tem mais de 40 jogos comandados nas categorias de base.

A FIGC se pronunciou sobre o caso, considerando-o "totalmente inaceitável", e disse que não irá facilitar para que a suspensão de um ano, feita pelo Tribunal Disciplinar de Veneza, seja reduzida. O menino pode ter a pena reduzida pela metade caso concorde em realizar um programa de reeducação.

Giulia Nicastro também recebeu apoio do Palermo, clube em que seu namorado Stefano Moreo atua, e do Conselho Regional de Veneza. "A Justiça desportiva tem que ser rigorosa. Cabe a nós apoiarmos Giulia, uma vítima de insultos e comportamentos incabíveis, para que ela continue fazendo o que gosta", afirmou Roberto Ciambetti, presidente do conselho.

Com a punição, o garoto não pode acessar nenhum campo ou qualquer instalação em que um evento da Federação Italiana de Futebol esteja sendo realizado.