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Presidente do Atlético-MG e opositor discutem em reunião do Conselho

Sérgio Sette Câmara, presidente do Atlético-MG - UOL
Sérgio Sette Câmara, presidente do Atlético-MG Imagem: UOL

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

30/04/2019 16h12

A reunião do Conselho Deliberativo do Atlético-MG não foi marcada somente pela indignação de Marcio Cadar. Uma breve discussão entre o presidente Sérgio Sette Câmara e Fabiano Ferreira Lopes, ex-candidato ao cargo, também foi destacada no encontro ocorrido na noite de ontem.

O mandatário cobrou o antigo rival no pleito pela forma de se manifestar à imprensa, pedindo a sua saída do cargo, e fez críticas ao vazamento da proposta apresentada pela Consórcio Multimarcas, empresa de Fabiano, para patrocínio ao Galo. O principal líder da oposição atleticana pediu direita de resposta durante a conversa.

A reportagem do UOL Esporte teve acesso a um áudio que divulga parte da conversa entre os conselheiros na noite de ontem, no auditório da sede administrativa de Lourdes. Confira, abaixo, o diálogo:

SÉRGIO SETTE CÂMARA: Fabiano, eu tenho muito respeito por você. Sei que você foi meu adversário na eleição e eu não me lembro de, em momento nenhum, ter te tratado mal ou te desrespeitar. Você é um empresário, tem lá o seu sucesso, parabéns, e o que você tem é fruto do seu trabalho da sua dedicação. Agora, você participou do pleito comigo aqui, e esse conselho, por uma diferença gritante de votos, me elegeu presidente do clube. Eu não estou entendendo as suas manifestações no sentido de que eu saia. Em primeiro lugar, Fabiano, não tenho nenhum traço para dizer que houve aqui algum tipo de improbidade por parte da minha pessoa, do Lásaro ou de qualquer outro. Eu não admito que você peça a minha saída da presidência do clube. Com relação ao desempenho do time, eu parei para pensar e falei: "eu devo ser o presidente com o pior ano do Atlético de todos os tempos". Eu procurei pesquisar sobre o que você falou que tenho um desempenho horrível, que nunca viu um ano tão horrível. Mas eu vou te passar uma coisa, Fabiano, que você provavelmente não procurou sobre a história do Atlético. Nós temos 15 anos do Campeonato Brasileiro de pontos corridos. No ano passado, eu recebi o clube fora da Libertadores da América, boa parte da queda de receita do clube é reflexo de um ano ruim. Não estou aqui culpando o Daniel, porque ele fez tudo o que podia e é muito difícil exercer o cargo de presidente. Nós tivemos também queda de receita em 2018. Isso reflete em vários setores, tivemos que enxugar a folha. Nós tivemos contratações que não eram aquelas que gostaríamos, não cabia no nosso bolso. Nós tivemos o quarto melhor desempenho em Brasileiros de pontos corridos. Em 2017, nós ficamos em nono, em 2014, ficamos em oitavo... Não tivemos essa quantidade de manifestação, faixas colocadas pela cidade afora, com uma tentativa covarde de denegrir o nome da minha família, o meu nome. Poxa, eu sou presidente do Atlético, eu estou presidente do Atlético. Hoje, eu estou sentado aqui. Amanhã, outro vai estar sentado aqui. Pode ser você, se você ganhar a eleição. Eu vou estar à sua disposição para te ajudar, Fabiano, para ajudar do fundo do meu coração.

FABIANO FERREIRA LOPES: Vai me dar direito de resposta, né?

SÉRGIO: Não, ainda tem mais palavras que você falou. Você falou sobre o patrocínio, não é? Falou sobre uma proposta de patrocínio que você teria enviado para cá. A esse respeito, eu tenho aqui um documento que você encaminhou para o Conselho. O documento é estranhamente datado em 5 de janeiro, até a data do meu aniversário. Mas ele é protocolado no dia 6 de fevereiro. Protocolado pelo Conselho aqui em 6 de fevereiro, com uma oferta aqui: "olha, nós vamos patrocinar o Villa Nova", que tem até uma situação meio complicada aí no tribunal, "nós estamos patrocinando o Cruzeiro e patrocinando o Flamengo". Bom, eu sou advogado há mais de 30 anos e, quando tenho que ir ao fórum, eu evito até passar perto daquela calçada lá (a sede campestre do Cruzeiro é ao lado do fórum de Belo Horizonte), para você ter ideia da minha aversão, quanto mais pensar em ter uma empresa patrocinando aquele pessoal de lá (Cruzeiro). Aí você protocolou aqui no dia 6, só que o Atlético já havia anunciado o patrocínio da Bamaq, sua concorrente, no dia 15 de janeiro. O que o senhor está fazendo ao afirmar que tinha ofertado e que o Atlético não quis pegar, se tivesse chegado antes, eu teria analisado. Estou falando isso, porque se você quiser fazer uma oferta no ano que vem, nós vamos analisar. Pode fazer até a partir de agora, já fica guardado. Se o senhor fizer e o valor for interessante, podemos fazer, não tenho absolutamente nada contra a sua pessoa e contra a sua empresa. Você foi meu concorrente aqui, mas não é meu inimigo. Eu nunca te tratei assim, sempre te tratei com todo respeito.

FABIANO: E eu te tratei também [com todo respeito]. Eu até te elogiei.

SÉRGIO: Eu recebo todos os conselheiros. Outro dia, o doutor Imar [Ferreira] esteve aqui comigo. Eu sempre faço questão de receber todos os conselheiros, faço questão de recebê-los bem. Acho que a gente tem que ter um convívio harmonioso. Nós somos o Clube Atlético Mineiro. A partir do momento que ganhei a eleição, o meu sucesso é o sucesso de todos.

FABIANO: Presidente, mas isso não me tira o direito de me manifestar. Eu fiz uma manifestação respeitosa, elogiando a sua pessoa e você como profissional, que é meu colega do direito. Eu também sou professor de direito, sou empresário, tenho mestrado. Agora, eu fiz uma para o meu clube, estou patrocinando diversos clubes do Brasil, querendo dar dinheiro para o Atlético e eu não tive sequer uma resposta. Presidente, o senhor está dando agora. Eu fiz uma proposta, protocolei no clube.

SÉRGIO: Nós divulgamos, foi tudo divulgado, muito antes desse protocolo aqui.

FABIANO: Presidente, o Atlético passando por algumas dificuldades financeiras, eu querendo patrocinar, estou investindo o foco da minha publicidade em clubes de futebol, porque tem me dado retorno. Eu fiz uma proposta de patrocínio nas mesmas bases de Cruzeiro, Flamengo e outros clubes que a minha empresa patrocina. Eu não fui merecedor de uma resposta, de um telefonema sequer. Por isso, o meu desabafo. Em nenhum momento, desrespeitei a sua pessoa.

SÉRGIO: Então, não tem problema, Fabiano, estamos conversados, aqui na frente do Conselho. Você pode ter a absoluta certeza que, para o ano que vem, estaremos aguardando a sua resposta. Se for uma resposta melhor que a do atual, nós vamos escutar você. A gente sempre procura pegar aquela que seja melhor para o clube.

FABIANO: Eu estou à disposição, e a minha empresa, hoje, está com um foco de patrocinar clubes de futebol. Por que não o Atlético, meu time de coração?

SÉRGIO: Tomara que você pare de patrocinar todos os outros e patrocine só a gente. Se você juntar todo esse dinheiro, vai dar um caixa excelente aqui para gente.

FABIANO: Quem sabe? É questão de sentar e mirar oportunidade.

SÉRGIO: Eu só peço a você que, por favor, não fique se manifestando em jornais, etcetera e tal, pedindo a minha saída, porque isso não vai acontecer, até porque foi esse Conselho que me elegeu. Eu ficarei aqui até o fim do meu mandato.

FABIANO: Agora, o senhor não ache que o time está bom.

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