Sócia da Juventus, Fiat encara protesto e ameaça de greve por causa de CR7
Operários da montadora Fiat, que faz parte do grupo que é sócio majoritário da Juventus, realizaram um protesto nesta quarta-feira (11) contra a contratação de Cristiano Ronaldo por parte do clube italiano. Incomodados com a negociação de 105 milhões de euros (R$ 471 milhões) anunciada pelo time na última terça, eles prometem entrar em greve de ao menos 48 horas a partir do dia 15.
“É inaceitável que os trabalhadores continuem a fazer sacrifícios econômicos, enquanto a companhia gasta milhões de euros num jogador. Eles dizem às famílias para apertarem cada vez mais o cinto, e eles decidem investir tanto dinheiro num jogador", disse o sindicato em nota.
“A companhia deveria colocar os interesses dos seus empregados em primeiro lugar. Se isso não acontece, é porque eles preferem o mundo do futebol, entretenimento do que todo o resto. Pelas razões descritas acima, o Sindicato declarou uma greve na fábrica de Melfi entre as 22h de domingo de dia 15 de julho e as 18 horas de terça-feira dia 17 de julho", completou o USB (Unione Sindacale di Base).
Nesta quarta, de acordo com o jornal Corriere dello Sport, membros do sindicato protestaram em frente à fábrica da montadora em Pomigliano d'Arco. Entre eles estavam cinco ex-funcionários da Fiat demitidos recentemente.
Eles apresentaram cartazes com o rosto de Cristiano Ronaldo e os dizeres: "Por Ronaldo, 400 milhões retirados do bolso dos trabalhadores? Não, obrigado".
A Juventus tornou o jogador de 33 anos a quinta transferência mais cara da história, apenas a sétima a ultrapassar a casa dos 100 milhões de euros. Cristiano Ronaldo vai receber 30 milhões de euros por ano (R$ 136 milhões/ano) pelo acordo de quatro temporadas com o clube italiano.
O investimento astronômico por parte da Juventus, aliás, se tornou comum nas últimas temporadas. Antes de comprar Cristiano Ronaldo do Real Madrid, o atual heptacampeão trouxe Gonzalo Higuaín do Napoli por 90 milhões de euros, na maior transferência registrada até então na Itália.
A Juventus possui a família Agnelli, dona da Fiat, como sócia majoritária. O grupo trabalha nos últimos anos para alcançar o topo da Europa, já que no mercado interno, a equipe alvinegra se notabilizou como dominante – tanto financeiramente quanto no número de conquistas.
A manifestação do sindicado era esperada, já que funcionários adotaram uma posição e repúdio já no início dos boatos da ida de Cristiano Ronaldo para a Juventus. Um dos representantes, ouvido pela agência italiana Dire, reclamou do direcionamento da empresa para a equipe de futebol.
“Depois de Higuaín, também Cristiano Ronaldo? É uma lástima. Não houve um aumento de salário básico por 10 anos. Com o salário dele, poderia dar um aumento de 200 euros para todos os funcionários. Perdemos 10,7% da inflação nestes dez anos, nunca recuperados. É vergonhoso agora ter Ronaldo”, disse Gerardo Giannone, membro da FCA e inconformado com o acordo antes mesmo de finalizado.
Confira a nota oficial na íntegra:
É inaceitável que os trabalhadores continuem a fazer sacrifícios econômicos, enquanto a companhia gasta milhões de euros num jogador. Eles dizem às famílias para apertarem cada vez mais o cinto, e eles decidem investir tanto dinheiro num jogador.
Dizem-nos que o momento é difícil, que devemos recorrer a amortecedores sociais que aguardam o lançamento de novos modelos que nunca chegam.
E enquanto os trabalhadores e suas famílias apertam o cinto cada vez mais, a propriedade decide investir muito dinheiro em um único recurso humano!
Está tudo bem com isso? É normal para uma pessoa só ganhar milhões e milhares de famílias não chegarem no meio do mês?
Somos todos dependentes do mesmo mestre, mas, neste momento de enorme dificuldade social, esse tratamento desigual não pode e não deve ser aceito.
Os trabalhadores da Fiat fizeram a fortuna dos seus patrões por pelo menos três gerações, enriquecendo qualquer pessoa que se movimenta por essa sociedade e, em contrapartida, sempre receberam uma vida de miséria.
A propriedade deve investir em modelos de carros que garantam o futuro de milhares de pessoas ao invés de enriquecer apenas um. Este deve ser o objetivo de quem coloca os interesses de seus funcionários em primeiro lugar, se isso não acontecer é porque você prefere o mundo do jogo, divertido para qualquer um.
Pelas razões acima descritas, o Sindicato dos Trabalhadores de Base declara uma greve na FCA di Melfi a partir das 22h de domingo, 15 de julho, até às 6h de terça-feira, 17 de julho de 2018.
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