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Apartamento de tragédia era "para os filhos" e o sonho da vida de Abel

João Pedro, filho de Abel, em foto na cobertura da família Braga no RJ - Reprodução - Reprodução
João Pedro aproveita a vista da cobertura dos sonhos da família Braga, no Leblon (RJ)
Imagem: Reprodução

Leo Burlá e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

31/07/2017 04h00

Paraíso idealizado por Abel e seus familiares, o apartamento dos sonhos da família transformou-se em palco da trágica morte de João Pedro Braga, de 19 anos, na manhã do último sábado (29).

O técnico do Fluminense comprou há três anos o imóvel situado no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro. A reforma projetada para a "casa perfeita" foi concluída após o retorno do técnico dos Emirados Árabes, país em que Abel treinou o Al-Jazira.

O tríplex era o maior xodó do tricolor, que montou o seu refúgio pensando no conforto dos dois filhos, que viviam sempre rodeado por amigos por lá.

O próprio Abel tratava o apartamento como uma espécie de refúgio. Dada a violência urbana no Rio, ele cada vez mais passava tempo em casa com as pessoas mais próximas. Pianista amador, ele gostava de tocar o instrumento na companhia dos mais íntimos. Para acompanhar, sempre boa comida e um dos 400 rótulos da vasta adega de vinhos do tricolor.

"Eu me mudei agora para um apartamento muito legal, foram muitos anos de trabalho para comprar aquilo daquela maneira. Eu acho que só esse apartamento que me fez virar a cabeça um pouquinho [sobre permanecer no Rio], mas não te digo que estou 100% virado. No meu apartamento eu vejo o mar, os Dois Irmãos, o Cristo. Para que sair daqui?", disse Abel ao UOL Esporte, em entrevista publicada em abril de 2017.

Entenda o caso

Segundo relatos da família, João se sentiu mal quando preparava-se para tomar banho na cobertura e acabou caindo do local - que tem uma janela considerada baixa e vista panorâmica. O jovem de 19 anos estava em um box fechado (espécie de pequeno banheiro) sem maiores divisões para a rua. A altura do vidro que separa o local é a mesma da imagem acima, onde o filho de Abel aparece deitado em um deck de madeira. O treinador comandava uma atividade no CT do clube quando foi informado da tragédia.

A Polícia realizou uma perícia no local, mas não divulgou resultados e detalhes oficiais. O delegado que cuida do caso informou apenas que trata-se de um “acidente”. O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal, no Centro do Rio de Janeiro, velado na madrugada de domingo (30) e enterrado pela manhã no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária da cidade. 

Alguns jogadores do Fluminense compareceram ao enterro para prestar solidariedade ao treinador, todos vestidos de preto, casos do atacante Henrique Dourado, do zagueiro Henrique, dos meias Gustavo Scarpa e Sornoza e dos goleiros Júlio César e Diego Cavalieri.

Além da presença de parte do grupo do Tricolor, o treinador também foi abraçado por pessoas como os técnicos Cuca e Jayme de Almeida, além do ex-lateral Branco e outros nomes do mundo da bola.

"É uma perda irreparável, um vazio que vai ficar para sempre. Como amigo venho para dar um carinho para o Abel, um grande irmão que tenho. Não há palavras agora, só afeto e carinho", comentou o ex-lateral.

Com o ocorrido, o jogo entre Flu e Ponte Preta, que seria realizado no domingo, foi remarcado para o dia 9 de agosto. O elenco se reapresenta nesta segunda-feira (31).