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Campeões de 70 destacam liderança de Carlos Alberto Torres na seleção

A morte do Capita: Craque por onde passou e autor de gol antológico

UOL Esporte

Bruno Thadeu, Luiza Oliveira e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

25/10/2016 13h18Atualizada em 25/10/2016 18h10

Abalados com a morte de Carlos Alberto Torres, ocorrida na manhã desta terça-feira, no Rio de Janeiro, campeões da Copa de 1970 exaltaram a liderança do “Capita” dentro e fora de campo. O UOL Esporte entrevistou Rivellino, Edu, Clodoaldo e Zé Maria, que estiveram com o Carlos Alberto no Mundial do México. Pelé, Dadá Maravilha, Gerson e o técnico Carlos Alberto Parreira (preparador físico da seleção em 1970) também comentaram.

Confira o depoimento dos campeões da Copa de 70:

Pelé (estrela da seleção em 1970)

"Fico triste com a morte do meu amigo irmão Carlos Alberto, nosso querido "Capita", lembrando dos tempos que estivemos juntos no Santos, na Seleção Brasileira e no Cosmos, formando uma parceria vencedora. Fomos campeões no Santos, na Seleção e no Cosmos. Infelizmente a gente tem que entender isso e que a vida continua. Para a sua família mando minhas condolências".

Análise: Carlos Alberto foi gênio da lateral e grande líder

UOL Esporte

Rivelino (ponta-esquerda titular em 1970)

Perdi meu capitão. Eu soube agora. Momento triste, lamentável. Notícia que me pegou de surpresa. Uma pessoa incrível. Deus sabe o que faz. Eu nunca vou esquecer do meu eterno capitão. Postura, um líder nato, uma pessoa maravilhosa. Uma pessoa que estava presente em todos os momentos. Que o líder não é só dentro do campo. É fora do campo. Ele era uma pessoa fantástica. Que pena. Eu estou muito abalado. Estou muito triste mesmo

Gerson (meio-campista da seleção em 70)

"Recebi a notícia, como todo mundo, uma coisa estranha porque eu chegava na rádio e recebo essa notícia. Eu vi o Carlos Alberto domingo, na televisão, porque eu o acompanha. Ele ligava pra mim e perguntava: 'E aí, como é que eu tô?'. [E respondia]: ‘Tá bem, cara, cê sabe tudo’. Inclusive a gente tinha um almoço marcado, porque a gente sempre se falava, para depois das eleições. Nós perdemos um companheiro excelente, um profissional da melhor qualidade, e um amigo, acima de tudo."

"[Tem] a importância de um capitão de uma seleção tricampeã do mundo, que hoje dizem que foi a melhor seleção até hoje de todas as Copas, pelo menos é o que dizem. Ele era o capitão. E outro detalhe: nós o elegemos capitão, não foi a direção, então pra nós ele tinha uma importância capital, dentro e fora das quatro linhas. Tudo era com ele, e as vezes se tivesse alguma coisa que pudesse extrapolar, ele chamava três ou quatro para ir junto, mas ele organizava tudo. Foi capitão no Botafogo, no Fluminense, no Santos, no Cosmos, então não era capitão como outro qualquer pra cara ou coroa, ele era o Capita, tanto é que não era chamado de Carlos Alberto. O grupo de 70 não o chamava pelo nome, e sim, Capita. Quando a gente se encontrava, era isso, então era o cara."

Edu (ex-ponta esquerda e reserva em 1970)

“Foi o melhor que eu vi na posição. Nos falávamos regularmente por telefone. Era um amigão. Ele sabia conduzir um time. Tinha personalidade nos momentos difíceis e sabia dar atenção a quem não estava jogando. Era completo”

Zé Maria (reserva do Capita na Copa de 70)

“Estou chocado. Ele era maravilhoso. O título em 1970 teve participação direta dele. Era um líder para todos. Enorme personalidade. Que Deus o tenha”

Dadá Maravilha (reserva na Copa de 1970)

“Eu pensei que o capitão em 1970 seria o Gérson, mas foi o Carlos Alberto. Naquele momento, a gente estava brigado e eu não queria que ele fosse capitão. Nós reatamos nossa amizade. Ele morreu, infelizmente”, disse Dadá à ESPN Brasil.

Clodoaldo (companheiro de Capita no Santos e seleção brasileira)

“Foram muitos anos de convivência. Quando eu comecei a carreira, ele foi um dos responsáveis pela minha ida à equipe principal do Santos. Eu tinha 16 anos, em 1966, quando o Santos foi jogar uma partida com o Cruzeiro na Libertadores. O Santos foi eliminado e ele insistia para que o técnico me colocasse, mas o técnico entendia que eu era muito jovem”.

“A gente estava sempre trocando ideias sobre futebol. Era uma preocupação dele. Uma pessoa que estava sempre muito atenta a tudo que estava acontecendo. Ele era muito participativo. Pedia para mudar a atitude no futebol”. 

Carlos Alberto Parreira (preparador físico da seleção em 70)

"A gente partia pra final contra a Itália, jogo era ao meio-dia e eram 10 horas da manhã. Eu, primeira vez em seleção, 27 anos, e ele já um pouquinho mais experiente. Aí ele me viu, aquela cara fechada, séria, e botou a mão no meu ombro e falou: 'Garoto, por que que você tá tão preocupado?'. E falei: 'Cara, a gente vai jogar uma final contra a Itália, campeão do mundo como o Brasil algumas vezes'. E ele: "Não se preocupa, com esse timaço e a preparação que fizemos, com esses baita jogadores que temos, vamos ganhar mole."