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Rogério Ceni se dedica a palestras e acompanha São Paulo só na torcida

Ídolo se aposentou do futebol ao final da temporada de 2015 - Eduardo Knapp/Folhapress
Ídolo se aposentou do futebol ao final da temporada de 2015 Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

24/03/2016 13h37

Rogério Ceni se despediu dos gramados no fim do ano passado e agora acompanha o São Paulo apenas como torcedor.  O goleiro disse que procura não se intrometer muito na vida do clube e deixa a responsabilidade para os atletas que hoje estão em campo. Agora, Rogério faz questão de cuidar da sua vida e fazer eventos e palestras.

Como torcedor, Rogério se envolve e conta que assiste atentamente a todos os jogos do time. Ele analisa taticamente as partidas e torce muito, mas procura não dar pitacos para os atletas ou para a comissão técnica.

“Eu converso sempre, troco mensagem com alguns dos jogadores, mas acho que é um momento muito deles, muito particular. O que tenho é torcida eterna, gratidão eterna pelo clube e a vontade de que tudo dê certo, mas é uma coisa muito desse grupo. Chega a ser constrangedor eu estar aqui (intrometendo). Continuo é atentamente participando dos jogos olhando e torcendo, mas aqui temos atletas com extrema experiência, Lugano que chegou agora, Ganso, um treinador experiente e com um grande currículo. Acho que existem ferramentas suficientemente boas dentro do clube, não há necessidade das minhas palavras. Durante 25 anos, dei a minha parcela de contribuição”, disse.

Rogério afirma que sofria bem mais quando estava em campo do que agora. Ele considera que o time está passando por um momento turbulento, mas que vai encontrar seu caminho e que deve se classificar tanto no Campeonato Paulista quanto na Libertadores.

“Eu sofria bem mais dentro do campo, ali você está vivendo uma situação da qual depende de você,  você é parte daquilo, tem uma responsabilidade muito maior sobre aquilo. Hoje o que posso fazer é torcer, estou torcendo para que as vitórias venham e que o time siga em frente. Os resultados não têm acontecido como se esperava, mas (o time) tem feito partidas bem jogadas com domínio amplo, algumas bolas na trave, lances de azar. Acredito muito que vai chegar às finais do Campeonato Paulista”, disse.

Enquanto tem sua vida de torcedor, Rogério se dedica a outros campos da sua vida. Ele tem feito eventos em parceria com o São Paulo e palestras motivacionais com frequência. Ainda pretende tirar o ano de 2016 para definir qual será seu futuro profissional no ano que vem.

“Para mim tem sido ótimo, continuo fazendo eventos, palestras, como agora em Sinop com torcedores, na semana que vem tenho mais uma palestra motivacional para fazer. Não tenho definição ainda do que farei a partir de 2017. Tive mais tempo para mim, estou um pouco mais tranquilo, mas resolvendo outras coisas. Quando você joga, você se dedica só ao futebol. Agora tenho mais tempo, mas está mais corrido também, estou resolvendo coisas burocráticas não tão agradáveis como tempo de jogo, tenho o dia cheio. Mas estou bem e realizado”, disse.

Libertadores

“Sobre a Libertadores eu também acredito muito. Tivemos um ano difícil em 2013 em que classificamos com sete pontos. Acredito muito, temos dois jogos em casa, o Morumbi vai estar à disposição, o torcedor tem uma química grande naquele estádio. Acredito que duas vitórias o São Paulo se coloque entre os dois primeiros. Depois joga por um empate na altitude, acredito que o São Paulo se classifica. Vai ganhando confiança e os gols saem”, disse. 

Falta que faz ao São Paulo

“Acredito que exerci minha função durante anos, como lembro da função que o Raí exercia e tantos outros. Eu acho que ninguém é insubstituível, a vida se adapta às circunstâncias. O clube se mostra sólido, está jogando relativamente bem, vai se encontrar. Tem  gente com capacidade, jogadores com capacidade, com pouca idade, mas já com bastante experiência, jogadores de fora do pais, Calleri apesar de jovem, Hudson que é um jogador experiente e rodado. O time vai se acertar, vai se encontrar, vejo uma harmonia grande. Quando o resultado não vem, é normal surgirem especulações como falta de liderança e desentendimentos no grupo”.

Críticas a Denis

“Eu acho que não vejo tantas críticas assim, fez um jogo extremamente seguro, bacana o time dar ênfase ao sistema defensivo, isso colabora para que não tenha tanto trabalho nos jogos. Erros acontecem, aconteceram comigo, Zetti, Waldir Peres, o erro faz parte. Só quem se expõe está sujeito, torço para que dê tudo certo e ele continue fazendo seu trabalho. O São Paulo tem dentro do seu elenco goleiro para muitos anos, três grandes profissionais jogando à frente desse clube”.

Primeira Liga

“Acho que podemos fazer um paralelo com a política do país. A Primeira Liga é um passo importante para o grito de independência. Não sei qual vai ser o futuro, se esse campeonato permanecerá, acho que para os clubes a única maneira é com a união das pessoas que dirigem os clubes. A força do futebol brasileiro está dentro dos clubes que a rivalidade em campo seja tão exacerbada quanto a união das pessoas que comandam. A gente vê as negociações dos clubes com canais de televisão, os clubes podem exigir mais na tabela, o que tem que prevalecer sempre é o desejo e a força em conjunto dos clubes.

Saída do Ataíde Gil Guerreiro

“Sobre a saída do Ataíde, tive o prazer de trabalhar com ele, ele tenta fazer melhor acredito que para o São Paulo. Estou há três meses fora daqui, acho que futebol é feito de resultado e quando não vem, há trocas em determinadas áreas. Pode ser encarado com certa naturalidade, foi remanejado de área, não acredito que isso vá influenciar diretamente no modo de o atleta ver o jogo”.