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Livro revela mais uma guerra parada pelo Santos e mostra Pelé atuando pelo Jabaquara

Pelé marcou um gol no Santos em janeiro de 1966, atuando pela Costa do Marfim.  - Fernando Donasci/UOL
Pelé marcou um gol no Santos em janeiro de 1966, atuando pela Costa do Marfim. Imagem: Fernando Donasci/UOL

Samir Carvalho

Do UOL, em Sasntos (SP)

22/02/2013 12h00

Escrito pelo professor de química Guilherme Nascimento, o recém-lançado "Almanaque Oficial do Santos" revela que o time de Pelé parou duas guerras civis, e não uma, como se costuma lembrar. Além da guerra civil em Biafra, leste da Nigéria, que foi paralisada durante a presença do clube alvinegro no país em 1969, o livro relata que um mês antes a equipe santista suspendeu um conflito diplomático no Congo.

Para que o Santos saísse de Brazzaville e chegasse a Kinshasa, seria necessária a travessia de barco pelo Rio Congo, que separa as duas capitais. A travessia estava suspensa devido à guerra, mas a passagem da delegação santista foi autorizada pelos governos que, apesar do conflito, concordaram para permitir a atração.

“As pessoas só falam da Guerra de Biafra, na Nigéria, mas o Santos também interrompeu os conflitos entre República do Congo e República Democrática do Congo”, afirmou Nascimento.

O Almanaque santista ainda revela uma raríssima atuação de Pelé com as cores do Jabaquara. O fato curioso aconteceu quando o Rei do Futebol foi deslocado pelo técnico Lula para defender o popular “Jabuca” em um jogo-treino. A passagem estava escondida e, por isso, não consta em nenhum livro que relata a história do Jabaquara

Livro encontra gol de Pelé contra o Santos e muda autor de gol histórico

O livro oficial do Santos ainda coloca Pelé em outro tema polêmico. Isso porque o Rei do Futebol marcou um gol contra o alvinegro praiano. O gol, que ficou esquecido por 47 anos, poderia mudar até a contagem dos mais de 1.000 gols registrado na carreira de Pelé. Caso o tento contra o Santos fosse computado, o milésimo gol do ex-camisa 10 não seria o de 19 de novembro de 1969, diante do Vasco, no Maracanã, mas sim o gol anotado contra o Botafogo-PB, uma semana antes.

Isso porque a partida em que Pelé marcou um gol no Santos aconteceu em janeiro de 1966, quando os santistas fizeram uma apresentação na Costa do Marfim. Após golear um clube do país africano, o Stad Club Abidjann por 7 a 1, no dia 9 de janeiro, o Santos enfrentou a seleção da Costa do Marfim no dia seguinte. Como realizar um jogo em menos de 24 horas era proibido pela CBD (atual CBF), os dirigentes descaracterizaram a partida como amistoso oficial. Com isso, Pelé atuou no gol santista por cerca de uma hora e tomou um gol.

No entanto, o fato mais curioso aconteceu aos 15 minutos finais do jogo, quando Pelé, Orlando Peçanha, Abel e Mengálvio passaram a jogar pela seleção africana. Atuando contra o Santos, Pelé marcou um gol contra o alvinegro praiano.

“Quando Pelé passou para o time africano marcou um gol na defesa santista. Portanto para o Pelé, a partida terminou empatada por 1 a 1, já que tomou um gol e marcou outro. Uma partida com essas características, de festa , de exibição, não entra nas estatísticas do Santos FC, sendo claramente uma partida não oficial”, explicou Guilherme Nascimento.

O livro também gerou outra polêmica. Após a recontagem de partidas do Santos, a obra encontrou mais de dez jogos esquecidos na história do clube, entre eles, um clássico contra o Palestra Itália em 1920. Por conta disso, o gol de Dutra, marcado em outubro de 1997, agora é o gol dez mil da história, substituindo o de Jorginho, anotado em janeiro de 1998.

“Entraram novas partidas, isto é, partidas que eram até então, desconhecidas pelo Santos. Além de clássicos perdidos na história contra Palmeiras e São Paulo, encontrei outras partidas que anteriormente não eram consideradas como oficiais e que pudemos constatar que deveriam constar como oficiais, pois eram jogos de competições oficiais. Assim mudou o gol dez mil”, disse Nascimento.

O Almanaque do Santos conta com todas as fichas técnicas dos jogos, com data do confronto, local, escalação e placar. A pesquisa, que teve origem em 1971, possui mais de 5.000 fichas de partidas, incluindo 700 jogos que não fazem parte da estatística oficial. Guilherme Nascimento iniciou a pesquisa apenas como torcedor do clube, por curiosidade. No entanto, o Almanaque foi reconhecido pelo Santos, que comercializa a obra por R$ 99.