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Pacote de camisinha no Qatar sai por R$ 183 e vibrador custa mais que moto

Do UOL, em Doha (Qatar)

24/11/2022 04h00Atualizada em 24/11/2022 09h21

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Fazer sexo casual ou fora do casamento é ilegal no Qatar, e quem se arriscar pode ter de pagar caro por isso. Um pacote com 20 camisinhas em uma farmácia de Doha custa 123 riales qataris, o equivalente a R$ 183 na cotação atual. Cada preservativo sai por R$ 9,15. Para comparar, camisinhas do mesmo tipo ("sensitive") custam R$ 1,66 no Brasil.

A reportagem do UOL fez uma pesquisa de preços em uma farmácia no shopping "City Centre", no bairro onde se concentram os prédios mais luxuosos da cidade. E encontrou outros produtos relacionados à sexualidade com preços mais altos quando comparados ao mercado brasileiro:

Lubrificante íntimo (150 ml): R$ 154
Pílula do dia seguinte: R$ 59
Teste de gravidez: R$ 22

Como a legislação do Qatar é baseada na sharia, o sistema legal do islamismo, a população precisa se adaptar aos preceitos religiosos para viver sua sexualidade. Se você estiver em Doha e precisar de um brinquedo erótico, será impossível encontrar um sex shop na rua ou nos centros comerciais: a venda desses produtos é considerada "haram" (proibido) pela sharia, o sistema legal do islamismo.

Por causa disso, a loja "Qatar Pleasure" atende apenas pelas redes sociais. Em contato com a reportagem pelo WhatsApp, o dono da loja se apresentou como Alex, disse ser americano e mandou a lista de produtos à venda. Um vibrador de textura natural, "tamanho elefante", sai por 2.500 riales qataris, o equivalente a R$ 3.686 — no Brasil, um produto do mesmo tamanho sairia por cerca de R$ 130. O preço qatari do vibrador impressiona também em comparação com outros bens de consumo no país.

No site OLX.qa, uma moto usada Hero Splendor, da fabricante indiana Hero, custa 2.200 riales qataris, 300 a menos que o vibrador da Qatar Pleasure. "No Qatar, brinquedos sexuais são ilegais, então se você quiser comprar de maneira aberta, não consegue", disse Alex, o dono da loja.

Para evitar qualquer problema com as autoridades locais, o empreendedor usa seu telefone americano como contato profissional e afirma destruir automaticamente os dados dos clientes assim que a venda é concluída. Ele diz que a loja está aberta há três anos e que importa os produtos sexuais em sua mala quando retorna ao país, respeitando o limite autorizado para a entrada de turistas ou profissionais a trabalho.

Doha é uma das cidades mais caras do mundo e, durante a Copa do Mundo, tem chamado a atenção pelo valor cobrado por um copo de cerveja (R$ 73) na Fifa Fan Fest. Mas os preços altos não afetam apenas os produtos condenados pela moralidade islâmica, como brinquedos sexuais e bebidas alcoólicas. O Qatar precisa importar boa parte do necessário para o consumo interno da sua população, e, por causa disso, os preços flutuam de acordo com o mercado internacional e com o interesse do governo em subsidiar as importações.

O que não parece ser o caso de preservativos e vibradores sexuais.