Análise: pneus 'misteriosos' e o desempenho apagado de Hamilton na Rússia
Lewis Hamilton teve um final de semana bastante atípico no GP da Rússia, ficando a quase meio segundo do companheiro Valtteri Bottas na classificação e terminando em um apagado quarto lugar. Depois de reconhecer que não tinha encontrado o melhor acerto para sua Mercedes no sábado, o inglês ainda teve problemas de superaquecimento durante a corrida. O circuito de Sochi tem suas particularidades especialmente pelo asfalto liso, mas será que o desempenho ruim pode preocupar o tricampeão na batalha com Sebastian Vettel, que aproveitou para ampliar sua vantagem no campeonato para 13 pontos?
Não é de hoje que a Mercedes não funciona bem quando tem de seguir outro carro de perto. “Desde a quinta volta eu já sabia que ficaria em quarto. Um dos cilindros estava falhando por problemas de temperatura”, explicou o inglês após a prova. Isso, contudo, não explica todos os problemas de Hamilton na Rússia.
A própria equipe disse ao Lewis que Bottas não estava tendo os mesmos problemas porque não tinha carros a sua frente, mas mesmo quando o finlandês pegou tráfego no final, seu carro não apresentou comportamento semelhante. Ao que tudo indica, portanto, os problemas do inglês vão além do superquecimento do equipamento em si.
Após quatro provas, já ficou claro que a Ferrari consegue explorar os pneus de uma maneira mais efetiva, enquanto a janela em que a Mercedes funciona bem é menor, gerando oscilações de rendimento. Isso é diretamente ligado à interação do carro com os pneus e o asfalto. E como os pneus deste ano funcionam em uma janela de temperatura mais estreita e o asfalto de Sochi é muito liso, dificultando seu aquecimento, isso explica as dificuldades de Hamilton.
O fato de seu companheiro não ter sido tão afetado certamente vai fazer com que o inglês estude suas soluções de acerto, mas o inverso também já aconteceu em provas anteriores, como no Bahrein, o que só comprova que a Mercedes precisa ser acertada de uma maneira mais precisa para funcionar bem.
Ao UOL Esporte, Bottas afirmou que é uma questão de tempo para que pilotos e equipes entendam os novos pneus.
“Os pneus sempre foram sensíveis à temperatura, mas neste ano eles são bem diferentes. Até pelo tamanho [os pneus deste ano são 25% maiores], o comportamento tem sido outro. Mas ainda estamos aprendendo, enquanto com os pneus anteriores, já estávamos há vários anos [desde 2011] com um produto similar. Acho que é uma questão de tempo”, defendeu.
Poucas diferenças
Algo que a própria Pirelli reconhece é que os três compostos mais macios - macio, supermacio e ultramacio - funcionam de forma similar, enquanto o médio e o duro, que ainda não foi usado neste ano e corre o risco de ficar “encostado” ao longo da temporada - são bem complicados.
“Gosto destes pneus, os mais macios são bem parecidos. O único que eu não gosto é o médio - quando o colocamos no Bahrein, mesmo no calor, ninguém conseguiu guiar, então está claro que há alguma coisa de errada com aquele composto. E o duro eu nem testei ainda, mas acho que não vou gostar!”, disse Felipe Massa.
“Vimos no Bahrein que a diferença do comportamento do carro na temperatura alta e quando ela caía [à noite] era gigante. Por isso vimos que todas as equipes já foram pegas de surpresa em algum momento da temporada.”
Outro piloto conhecido pelo bom manejo dos pneus, Sergio Perez reconhece que, mesmo com a queda da degradação, ainda é difícil compreendê-los. “Eles são consistentes, mas é importante entender o que está acontecendo com eles. Não conseguir colocar os pneus na janela de temperatura faz uma diferença enorme.”
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