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'Sem frescura' e trabalhador: por que Bottas foi o escolhido da Mercedes

Divulgação/Mercedes
Imagem: Divulgação/Mercedes

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

18/01/2017 04h00

As primeiras horas de Valtteri Bottas como piloto da Mercedes foram recheadas de elogios. Seu novo chefe e antigo empresário, Toto Wolff, destacou a personalidade do ex-companheiro de Felipe Massa. Já Niki Lauda comparou o desempenho dele ao do atual campeão do mundo Nico Rosberg. E o próprio piloto alemão disse ter aprovado a escolha de seu substituto após ter decidido pela aposentadoria no final do ano passado.

“Acho que é uma ótima notícia para a equipe”, disse em um evento de patrocinadores da Mercedes na Suíça. “Estou contente que eles encontraram uma ótima solução tão rápido, isso é incrível. Tenho certeza de que ele vai fazer um trabalho muito bom e vai se dar bem.”
Rosberg também disse que vai acompanhar com atenção a dinâmica do duelo interno entre Bottas e seu novo companheiro Lewis Hamilton. Nas quatro temporadas em que correram juntos, o alemão só bateu o inglês ano passado.

“Vou assistir à TV e ficarei animado para ver como Valtteri vai render, especialmente contra Lewis porque ele é um ponto de referência incrível, é um dos melhores do grid e de todos os tempos. Não será fácil, mas será interessante seguir.”

Lauda, por sua vez, aposta que Bottas não vai ficar devendo em nada para o trabalho que vinha sendo feito por Rosberg. “Ele é o melhor cara [para a vaga]”, disse à TV alemã RTL. “Acredito que ele pode ser tão rápido quanto Nico. É por isso que começamos a nova temporada com ele e Hamilton.”

Resultados
É bem verdade que Bottas acabou sendo o escolhido pela menor dificuldade que a Mercedes teve em atrair um piloto que tinha contrato com uma de suas clientes - a Williams. Afinal, parte das negociações envolveu o desconto total no custo pelo fornecimento de motores, algo em torno de 18 milhões de euros. Porém, o rendimento do finlandês desde que chegou à Fórmula 1 vinha chamando a atenção dos grandes.

Tanto, que Bottas chegou a ser muito cotado para a vaga de Kimi Raikkonen na Ferrari e tinha enfrentado uma longa negociação na Williams justamente para garantir que sua renovação fosse de apenas um ano, dando-lhe a oportunidade de voltar ao radar do time italiano no final desta temporada.

Tal posição se deve à maneira como ele, mesmo com pouca experiência, tornou-se referência dentro da Williams: em todas as quatro temporadas que disputou na equipe, responsável por sua estreia em 2013 após um ano como piloto de testes, Bottas foi quem marcou mais pontos. Isso, mesmo sendo, por três anos, companheiro de Felipe Massa, piloto bem mais experiente.

Ao todo, foram nove pódios em 77 provas, sendo que em sua primeira temporada, em 2013, a Williams teve um carro bastante abaixo dos demais.

“Sem frescuras”
A personalidade do finlandês também foi algo muito destacado pela chefia da Mercedes. “Ele é um cara sem frescuras”, destacou Wolff. “Tem os pés do chão, é direto e muito focado. É um finlandês típico, honestamente, e se encaixa bem na equipe. Ele tem um currículo impressionante nas categorias de base e nove pódios na F-1. Mas agora é hora de mudar de nível, ver se ele pode lugar por vitórias e campeonatos.”

Na Williams, Bottas sempre foi elogiado por Massa, que o tinha como um companheiro ao mesmo tempo competitivo, mas que sabia trabalhar de forma harmoniosa dentro da equipe. Em três anos juntos, os dois não tiveram nenhuma troca de farpas pública, e isso também pesou na escolha da Mercedes.

“Ele é um finlandês calmo e é disso que eu gosto. Ele não fala muito, mas trabalha duro. Toto e eu o conhecemos há anos e acho que ele se encaixa bem na equipe”, definiu Lauda.

Desafio
Mesmo com o ‘presente’ de ser contratado de surpresa pela equipe que dominou os últimos três campeonatos, Bottas não terá vida fácil pela frente. O finlandês assinou contrato com o time pouco mais de um mês antes dos testes de pré-temporada e terá que se integrar rapidamente no novo emprego.

“Sabemos que ele já tem uma deficiência em termos de preparação para a nova temporada, então temos um programa muito intenso para integrá-lo ao time”, avisou Wolff. “Mas uma coisa é certa: pelo que conheço de Valtteri, ele dará tudo de si.”
 

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