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Drama de Thiem rendeu melhor audiência de Roland Garros na França

Dominic Thiem (esq.) e Hugo Gaston nas oitavas de final de Roland Garros 2020 - Reuters
Dominic Thiem (esq.) e Hugo Gaston nas oitavas de final de Roland Garros 2020 Imagem: Reuters

Colunista do UOL

05/10/2020 08h40

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A chance de eliminação de Dominic Thiem em Roland Garros, um coadjuvante francês abusando de curtinhas em uma reação furiosa e um quinto set dramático foram uma combinação maravilhosa para o público francês neste domingo. A partida entre o austríaco, um dos candidatos ao título, e o local Hugo Gaston, convidado da organização que fazia o torneio de sua vida, foi o duelo de maior audiência na televisão do país nesta edição 2020 de Roland Garros.

O encontro, que terminou com vitória do austríaco por 6/4, 6/4, 5/7, 3/6 e 6/3, teve uma média de 3,2 milhões de telespectadores com pico de 5,6 milhões no canal France 2. A marca de 3,2 milhões significa 18,3% do mercado, ou seja, do total de aparelhos ligados no momento. Os números são do Tv Sport Presse (vide tweet abaixo).

Os números são muito melhores, por exemplo, do que os das finais do US Open deste ano entre espectadores americanos. A decisão feminina, entre Naomi Osaka e Victoria Azarenka, teve média de 2,15 milhões de espectadores, enquanto o embate entre Alexander Zverev e Dominic Thiem rendeu uma média de 1,48 milhão de espectadores. Se combinarmos isso ao fato de que a população da França é de cerca de 70 milhões de habitantes, enquanto os EUA têm 330 milhões, a diferença é assustadora.

Mas e se a final do US Open tivesse contado com uma tenista da casa? Serena Williams disputou a decisão de 2018, que foi um tanto controversa devido a suas seguidas punições. Esse jogo, que terminou com título de Naomi Osaka, teve média de 3,1 milhões de espectadores.

Coisas que eu acho que acho:

- Obviamente, Gaston x Thiem teve uma audiência recorde porque envolveu um tenista francês em uma partida equilibrada - com ameaça real de zebra - e num domingo. Não é a regra, mas também não é a média do torneio. Por outro lado, não foi uma final. É o recorde desta edição (por enquanto), e aconteceu nas oitavas. Para mim, diz bastante que sobre o apelo do tênis em países com tenistas e/ou torneios relevantes.

- Não, não é regra, mas ajuda a derrubar a tese (normalmente levantada por americanos) de que o tênis não cresce por causa das partidas em melhor de cinco sets. É o que defende, por exemplo, a ex-tenista Pam Shriver, hoje comentarista da ESPN. Gaston x Thiem foi um daqueles jogos que só ficam interessantes por causa dos cinco sets. Fosse em melhor de três, teria acabado com placar rotineiro e sem muita emoção.

- Repito: Gaston x Thiem foi uma exceção, mas dizer que o tênis não cresce por causa dos cinco sets (e Shriver diz isso sem citar um levantamento de audiência ou estudo científico) parece ingênuo. O circuito mundial hoje tem mais de 45 semanas de eventos. Apenas oito semanas têm jogos em melhor de cinco e, nestas oito semanas, só 50% das partidas (só as masculinas) são em melhor de cinco. E mais: dentro dessa metade, apenas cerca de 15% dos jogos chegam, de fato, ao quinto set. Não dá para culpar a duração.

- Ainda no quesito "não dá para culpar a duração", quem cita que jovens e adultos de hoje não ficam parados vendo um esporte qualquer por muitas horas ignora eventos de grande sucesso (até mesmo nos EUA) como Nascar, NFL e eSports, com audiências milionárias e transmissões longas que passam facilmente das cinco horas (no caso dos eSports).

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