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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Jogaço nos lembra a importancia dos camisas 9

Colunista do UOL

27/11/2022 17h56

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Espanha e Alemanha empataram por 1x1 em um jogo marcado pelo alto nível das duas seleções e por conceitos do futebol moderno bem aplicados. Saídas com passes curtos elaboradas, pressões organizadas e intensas na saída de bola, espaços ocupados de forma perfeita e transições fortes. Mas uma verdade das quatro linhas foi determinante para o placar se mexer. A presença dos centroavantes nas áreas. Morata e Fullkrug que o digam.

Luís Enrique fez uma mexida na equipe. Carvajal entrou no lugar de Azpilicueta. Rodri seguiu na zaga e Asensio no ataque. Já Hansi Flick sacou Schlotterbeck para a entrada de Kehrer na lateral-direita. Sule foi para a zaga. No meio, Goretzka entrou e empurrou Muller para o ataque. Havertz saiu. Um claro recado de que queria controlar o meio-campo. E tentou fazer isso com muita pressão na bola.

Gundogan encaixou em Busquets. Goretzka em Gavi e Kimmich em Pedri. Musiala e Gnabry auxiliavam Muller no combate central, e um dos laterais subia para pressionar, dependendo do lado que a Espanha tentasse sair. Muita preparada para superar esse cenário, a Fúria conseguiu em alguns momentos ao contar com as flutuações de Asensio.

Como ''falso 9'', descia o campo e gerava uma linha de passe nas costas dos volantes alemães, colocando o seu time no campo de ataque. Demorou um tempo até Sule entender que precisava seguí-lo. Conseguiu matar essa superioridade espanhola, mas ao mesmo tempo deu espaços na linha defensiva para infiltrações, algo que quase gerou um gol de Ferran Torres.

01 - Rodrigo Coutinho - Rodrigo Coutinho
Como Espanha e Alemanha começaram o duelo válido pela 2ª rodada do Grupo E da Copa do Mundo 2022
Imagem: Rodrigo Coutinho

Dani Olmo e Alba foram os responsáveis pelas melhores finalizações da Espanha no 1º tempo. No chute do primeiro, Neuer espalmou e a bola explodiu no travessão. Gavi e Pedri lutavam bastante, tentavam se adaptar ao jogo de luta que virou o meio-campo. A Alemanha variava. Insistia nas saídas com passes curtos, mas só venceu a forte marcação dos rivais no campo de ataque em uma ocasião ao optar por isso.

A melhor alternativa foi o passe por elevação, sem ''peso'', de Neuer para Muller escorar a Gundogan. O meio-campista acionava então Gnabry, que tentava correr nas costas de Alba. Uma falta conseguida assim gerou um gol. Mas Rudiger estava impedido na cobrança de Kimmich. Essa dobradinha na bola parada voltou a aparecer aos 44'. Unai Simon pegou em dois tempos.

Outra maneira alemã de assustar foi desarmar no campo de ataque. Mesmo com toda a qualidade espanhola, os germânicos incomodaram assim. Gnabry bateu da entrada da área na sequência, e a bola passou perto da trave direita. Luis Enrique percebeu que as flutuações de Asensio por dentro já não davam mais efeito com as ações de Sule sobre ele, e sacou Ferran Torres. Morata entrou. Asensio foi para a direita.

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Morata se antecipa a zagueiro e abre o placar em Espanha x Alemanha pela Copa do Mundo
Imagem: Catherine Ivill/Getty Images

Um jogador com mais presença na área poderia aproveitar quando a bola chegasse, e isso não demorou a acontecer. Num dos poucos momentos em que a Alemanha recuou o bloco de marcação, a pressão sobre o adversário diminuiu e a Espanha circulou com liberdade. Dani Olmo recebeu de Busquets e rolou para Dani Alba cruzar. Morata se antecipou a Sule e marcou.

A Alemanha tinha perdido uma grande chance pouco antes, com Kimmich, em mais uma bola roubada na saída espanhola. Unai Simón fez ótima defesa. O ótimo goleiro da Fúria voltou a trabalhar bem aos 27'. Musiala recebeu linda assistência de Sané mas foi parado, apesar do chute forte. A jogada revelou aquilo que se tornou a principal ferramenta ofensiva da Alemanha. A individualidade de Leroy Sané!

Ele voltou a criar uma bela jogada na reta final do jogo, serviu Musiala, que tirou Rodri da jogada com um drible. A bola sobrou para Fullkrug, outro centroavante que saiu do banco para o campo ao longo dos 90 minutos, empatar a partida. Mesmo estando abaixo do nível técnico de seus companheiros, Morata e Fullkrug provaram que em muitos momentos a presença de jogadores como eles é fundamental.