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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Não há surpresas na precoce eliminação do Fluminense na Libertadores

Colunista do UOL

17/03/2022 09h56

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A fraca atuação do Fluminense diante do Olímpia não é um fato totalmente isolado da temporada do clube. O time de Abel possui o melhor aproveitamento entre os 20 clubes da Série A em 2022, mas o desempenho em campo não corrobora exatamente isso. E o nível baixo de testes na maioria dos jogos até aqui não permitiu que essa percepção fosse mais abrangente.

Não se trata de dizer que o time do Fluminense não tem nada de bom após a eliminação no Paraguai. O início de trabalho do experiente treinador, que ganhou um elenco melhor e mais confiável em comparação aos últimos planteis do clube, é superior ao que se imaginava, mas não o suficiente para justificar as exaltações vistas nas últimas semanas.

Em resumo, faltou controle ao Fluminense nos principais duelos da temporada. Controlar não significa ter a bola o tempo inteiro. Mas impor a sua estratégia. Correr poucos riscos, ou ter o placar mais confortável que o rival por muitos minutos.

Teve precisão e desperdiçou poucas oportunidades de gol, o que de certa forma ajudou a esconder as debilidades que apareciam jogo após jogo. Algumas naturais pelo início de um projeto, mas outras bem preocupantes por serem recorrentes nos trabalhos de Abel Braga. Principalmente a pouca variação de jogadas para criar e padrões confusos em fase ofensiva.

Outro mérito da equipe, mas que acabou não aparecendo diante do Olímpia, foi a atitude de imposição perante os adversários e a arbitragem. O perfil de liderança e comunicação de diversos atletas ajudam na formação desta característica, ela será útil em outros jogos da temporada, mas nem sempre suficiente para sair vencedor.

O Fluminense teve sete testes mais duros entre os 15 jogos feitos em 2022. Foi bem de fato em três deles. Na semana passada contra o Olímpia, no clássico contra o Vasco pelo Estadual, e contra o Millonarios, em São Januário. Contra Botafogo e Flamengo viveu momentos bons dentro dos jogos, mas não foi regular ao longo dos 90 minutos. Nos demais, não conseguiu se apresentar bem.

Entende-se ''ir bem'' por impor a proposta que se tem em detrimento a do rival. Contra o Flamengo, por exemplo, teve muitas dificuldades para isso. Bateu o Millonarios na Colômbia, mas foi dominado em boa parte do duelo com um homem a mais em campo. Nesta quarta-feira, se entrincheirou na defesa, mas não foi agressivo para pressionar a bola e apresentou falhas de proteção à área.

Os resultados positivos, muitas vezes, lançam uma cortina de fumaça sobre a maioria das pessoas. É preciso entender como os resultados são construídos. Os gols, as chances reais, em que contexto do jogo elas aparecem. As boas atuações contra os frágeis times pequenos no Campeonato Estadual ajudaram a inebriar.

O Tricolor de 2022 não é o desastre que a eliminação pode supor, e nem a maravilha que o aproveitamento de vitórias sugere. É exatamente aquilo que se espera de um time dirigido por Abel Braga. Pode ser competitivo durante o ano, mas não dará o salto esperado por muitos.