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Rodolfo Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Racismo no futebol não tem fronteiras e parece estar muito longe do fim

Torcedor do São Paulo imita macaco para a torcida do Fluminense - Reprodução Twitter
Torcedor do São Paulo imita macaco para a torcida do Fluminense Imagem: Reprodução Twitter

Colunista do UOL

18/07/2022 10h33

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Mais uma vez uma cena de racismo num estádio de futebol entrou nos noticiários. Nesse final de semana, no Morumbi, um torcedor são-paulino imitou um macaco em frente à torcida do Fluminense. A cena foi gravada por um torcedor e divulgada no twitter no perfil "Brandão Fluminense".

O São Paulo, prontamente, se pronunciou condenando o ato. Assim como vários torcedores do clube, que se mostraram revoltados com o criminoso, ainda não identificado. Muitos dizendo que o fulano não representa a torcida do tricolor paulista.

A cena, cada vez mais corriqueira, gerou comentários nas redes sociais com pessoas indagando: "Ué, mas isso não era coisa de argentino?", por conta dos episódios recentes de racismo de torcedores do Boca Juniors em jogos contra o Corinthians. Mas não, não é. E estamos longe disso. Existem muitos casos de racismo em jogos realizados aqui no Brasil. Racismo por parte de torcedores, de jogadores, de dirigentes.

Estamos no país da impunidade, onde só quem não paga pensão é que vai para a cadeia, o racismo parece estar bem no fim da fila numa escala de crimes considerados pesados para as autoridades. No caso do futebol, os torcedores flagrados em cenas de racismo, geralmente como essa, imitando macaco, são levados, raramente às delegacias, mas em seguidas soltos após pagamento de uma pequena fiança. E hoje em dia usam isso até como 'troféu' nas redes sociais.

Nos tempos de redes sociais, torcedores com câmeras nos celulares, os casos de racismo estão aparecendo mais à tona. Não que tenha aumentado, apenas estão sendo registrados com mais facilidade. Mas as cenas comovem apenas um grupo de pessoas. Os clubes e as federações postam frases bonitas, pregam respeito, e só. Nada mais acontece. A Fifa, a Uefa, a Conmebol já fizeram campanhas, placas, propagandas nos estádios, e nada. Segue tudo igual.

Em São Paulo, a polícia impede torcedores de entrarem com cartazes de papelão, vuvuzelas de plástico, garrafas d'água, agem com brutalidade, mas quando o assunto é racismo, faz vista grossa. No jogo deste domingo, um policial apenas afastou o torcedor no momento em que ele fazia o gesto. Era o flagrante no exato momento. Mas nada.

Infelizmente, enquanto não houver uma forte punição, nada vai acontecer. Ainda mais dentro de uma sociedade que ainda é racista. E não só aqui no Brasil. Mas ficar esperando algo de quem tem o poder é o que nos deixa desesperançosos. Acho que vamos ficar nesse ciclo por muito tempo ainda. O torcedor vai imitar macaco, vai cair nas redes sociais, algumas pessoas vão se revoltar, maioria não, os clubes e federações vão postar mensagens contra o racismo, o torcedor vai ser solto e fim.

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