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Publicada, MP das Apostas aumenta verba do Esporte e compensa atletas

O governo federal publicou na manhã desta terça-feira (25) a Medida Provisória 1.182/2023 que trata sobre a regulamentação das apostas esportivas, de quota fixa, no país. Entre as novidades sobre o que já era conhecido está o aumento do percentual para o Ministério do Esporte, o que também amplia a tributação total, e uma compensação aos atletas que forem alvo de aposta.

As apostas esportivas estão autorizadas no Brasil, por lei, desde 2018, mas o Ministério da Economia de Jair Bolsonaro (PL) não cumpriu o prazo de dois anos para regulamentar o setor. Desde então, as casas de aposta podem operar no país, com sede aqui ou não, mas não pagam impostos. E não há fiscalização.

A MP editada pelo Ministério da Fazenda de Lula (PT) vem para corrigir isso, com atraso. Inicialmente a previsão era de que ela fosse publicada em março. Em maio ela já havia chegado à Casa Civil, mas só foi editada agora, depois de ser solucionada a questão da criação de cargos para o órgão fiscalizador — isso será objetivo de um projeto de lei.

A ideia geral do texto é conhecida desde, pelo menos, abril, e tributa o chamado GGR, que é o montante que fica com a casa de aposta depois de descontados a premiação paga aos apostadores. Sobre o GGR, as bets, como quaisquer empresas, devem pagar PIS/Cofins e ISS.

Em 2021, o Congresso aprovou uma taxação específica para o setor, de 5%, que beneficiaria o Fundo Nacional de Seguridade Pública, a educação e os clubes. A essa taxação foi incluída uma de 10%, para a seguridade social. A conta inicial é que a tributação específica do setor seria, então, de 15%.

Depois, o governo ampliou para 16%, com 1% extra ao Ministério do Esporte. A MP publicada hoje cita 3% à pasta, o que dá um GGR de 18%, tido como alto pelas casas de aposta. Elas argumentam que, quanto mais alta a tributação — que se aproxima de 40% quando considerados também o IRPF e o CSLL, sobre o lucro —, menor a premiação paga e, consequentemente, maior é o risco de os apostadores optarem por casas irregulares.

Também haverá tributação de imposto de renda sobre os ganhos dos apostadores em cada aposta, como já é nas demais categorias lotéricas, como a Mega Sena. Essa tributação será sobre o que exceder a alíquota mínima, hoje na casa de R$ 2,1 mil. Se alguém apostar R$ 1 mil no resultado de um jogo e receber R$ 4 mil pela vitória, por exemplo, terá o IR descontado direto pela bet.

Outra novidade, que já havia sido revelada pelo Olhar Olímpico, é que os jogadores de futebol também ficarão com a fatia prevista em lei de 2021 para aqueles que cederem sua imagem.

A legislação já fala em 1,63% do GGR como compensação às entidades desportivas brasileiras que cederem os direitos de uso de suas denominações, marcas, emblemas, etc. A MP altera esse dispositivo e inclui "os atletas brasileiros ou vinculados a organizações de prática desportiva sediada no País".

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Isso significa que, se, por exemplo, um apostador apostar que Calleri ou Roger Guedes farão gol no jogo de hoje entre São Paulo e Corinthians, eles receberão uma pequena porcentagem (no máximo 1,63% do GGR) do valor apostado. Isso será regulamentado depois pelo Ministério da Fazenda.

Os clubes de futebol chegaram a travar a discussão da MP cobrando que o Ministério da Fazenda ampliasse essa fatia de 1,63% que cabe a eles, mas não tiveram sucesso no pleito. A projeção é que as grandes equipes fiquem com algo em torno de R$ 2 milhões ao ano.

Entre os 35 artigos da MP, também chama atenção a possibilidade de o Ministério da Fazenda "proibir, por ato próprio, a realização de apostas de quota fixa sobre determinados eventos ou ações individuais em eventos de temática esportiva". Na Câmara, onde uma CPI investiga manipulação de resultados, deputados têm defendido a proibição de apostas em cartões, por exemplo.

O texto não detalha o valor da outorga que deverá ser paga pelas casas que quiserem operar no Brasil, o que será definido pelo Ministério da Fazenda. Essa regulamentação, que virá a ser publicada pela pasta de Fernando Haddad (PT), vai definir quando começam as valer as regras que vão restringir o mercado brasileiro às casas autorizadas.

Reportagem

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