Opinião

Derrota de Sheetara sacramenta falta de apelo dos pesos-galos no UFC

Mayra Sheetara foi superada por pontos neste sábado. No primeiro card numerado do UFC em 2024, a brasileira não rendeu o esperado diante da americana Raquel Pennington e perdeu a chance de conquistar o cinturão dos pesos-galos (61 kg), que estava vago desde a aposentadoria de Amanda Nunes no ano passado. Com o resultado, o evento segue sem um nome capaz de assumir a dura missão de popularizar a categoria.

Primeira divisão feminina a fazer parte do UFC, o peso-galo já teve seu momento de grande destaque. Ronda Rousey foi a primeira campeã e defendeu seu posto em seis oportunidades, se tornando a atleta mais bem paga no ano de 2015. Na temporada seguinte, após seguidas mudanças de campeãs, a categoria passou a ser dominada por Amanda Nunes.

E a partir daí, algo curioso aconteceu. Apesar da brasileira escrever seu nome na história do esporte como a maior atleta de todos os tempos, Amanda não traduziu seus feitos no octógono em popularidade. Com pouca inserção midiática, a Leoa não atingiu grandes feitos em vendas de pay-per-view e não criou uma grande base de fãs quando comparada a atletas do mais alto nível do esporte, o que, aliada à pouca competitividade oferecida por suas oponentes no octógono, pouco a pouco diminuiu a atenção dos torcedores para a divisão.

Agora, com o cenário aberto entre as principais pretendentes ao posto de desafiante, Raquel Pennington tem muito trabalho a fazer. Para popularizar a categoria, a atleta terá que não apenas performar no cage, mas também se tornar atrativa aos fãs fora dele: ampliar seu alcance nas redes sociais e se tornar midiática - afinal, quem não é visto, não é lembrado; e promover rivalidades.

Esse último ponto é importante e carrega uma dose extra de dificuldade, uma vez que não depende apenas dela. A americana precisa contar com "parceiras de dança" também capazes de atrair o interesse do público casual - daquele que só estará na frente da TV em um sábado à noite caso conheça e se interesse pelos atletas envolvidos.

Ao que indica, sua primeira defesa de cinturão será contra Julianna Pena, ex-campeã que tem fama de falastrona. E esse cenário parece o melhor possível para a americana. Provocativa, Pena não tem papas na língua, conta com uma vitória contra Amanda Nunes no currículo e sobra em disposição quando o assunto é criar narrativas.

Nos próximos meses, podemos esperar uma postura agressiva da ex-campeã, mas a novela depende da participação da outra personagem - papel que Sheetara parecia mais do que disposta a assumir. E se o enredo for bem construído, o interesse entre os fãs for criado e o combate não decepcionar no octógono, o primeiro grande passo terá sido dado.

Faltaria, além de tudo isso, que os demais grandes nomes da divisão também entendessem a necessidade de chacoalhar os rumos dos pesos-galos. Ainda mais com a visível proximidade da aposentadoria de Miesha Tate e Holly Holm.

Sem dúvidas, um trabalho duro demais a se fazer. A sorte está lançada…

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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