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Polêmica com Gabigol ofusca classificação memorável do Vasco

A grande notícia de ontem não foi a recepção da torcida manauara a Gabigol.

Afinal, como disse o colega Mauro Cezar Pereira, os torcedores locais iam fazer o que quando o atacante se aproximou para saudá-los? Dar um peteleco na cabeça dele?

Mas cá estamos falando dele, de novo.

Quando ontem o Vasco viveu uma noite memorável, em São Januário.

Depois de estar atrás no placar por duas vezes, buscou a virada e, aos 43 do segundo tempo, tomou o empate. Como eu disse ao amigo do meu lado: isso aqui dá um cortisol absurdo, hein?

A vascaína e o vascaíno não têm paz faz tempo. A SAF que era para salvar o clube da desgraça virou pesadelo. O sonho de vender os 70% recuperados à Crefipar, garantindo um controle mais local, também parece ter ido por água abaixo. O futuro em suspenso, em breve sob o comando de um treinador português simpático que ninguém conhecia.

No presente, porém, São Januário estava lotado. Uma máquina do tempo para quem vive em estádios modernizados, herdeiros do "padrão FIFA". Voltei aos anos 1990, em uma geografia assustadoramente familiar aos filhos do Parque Antarctica.

Com direito a uma cerveja acessível o suficiente para ser arremessada ao alto na comemoração de cada gol. Ou nos momentos de maior revolta. E os vascaínos tiveram muitas razões para alçar suas geladas: seis gols e decisão nas penalidades. E Wilton Pereira Sampaio, o inexplicável árbitro de Copa do Mundo.

Contra um dos clubes mais bem geridos e um dos técnicos mais longevos do país. Que escolheu virar SAF, não por necessidade, mas por oportunidade. Que meteu 4 a 2 no Boca Juniors em casa e empatou com o rival na Bombonera.

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O Vasco já arrancara na unha a classificação em cima do Água Santa. Quando o Fortaleza abriu o placar aos 7, tudo parecia perdido. Como perdido ficaria um gringo tentando entender como pode um clube desse tamanho ainda habitar um estádio tão simples.

Mas o estádio e a torcida que o habitam ajudaram a empurrar o time para uma classificação talvez não inesperada, mas importantíssima na sua luta rumo a uma realidade mais bem-sucedida — e menos estressante.

Com a reforma que se avizinha, São Januário deve chegar ao século 21. Uma reforma necessária. Assim como seria uma reforma nossa de foco, que levasse a menos Gabigol e mais futebol.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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