Sete dos dez homens mais rápidos da história se doparam para competir

O novo escândalo de doping que atingiu o universo do atletismo a semanas do Mundial de Moscou abala mais uma vez a reputação da prova mais cultuada deste esporte. Com o envolvimento de Tyson Gay e Asafa Powell, anunciado nos últimos dias, pelo menos do que sete dos dez homens mais rápidos da história dos 100 m agora têm carreiras manchadas por trapaças de substâncias ilegais. 

A lista ainda pode aumentar. O jamaicano Nestor Caster, que integra a lista dos top 10, é acusado de ter sido flagrado em exame de junho, mas a Federação Jamaica, nem o próprio atleta confirmam .

No último final de semana, o segundo homem mais rápido da história, Tyson Gay, informou a Agência Americana Antidoping na última sexta-feira que a prova A de um teste realizado em maio havia dado positivo. O antigo campeão mundial disse ter sido ludibriado no caso, e a substância ilegal ainda não foi divulgada.

Por sua vez, Asafa Powell testou positivo para oxilofrina em junho, no Campeonato Jamaicano. Outros quatro atletas do país também foram implicados no caso, revelado no último fim de semana.

O novo escândalo de doping no atletismo afeta o Mundial de Atletismo, que será realizado entre 10 a 18 de agosto, em Moscou, na Rússia. A disputa nos 100 m rasos prometia ser das mais acirradas dos últimos anos, já que Tyson Gay detinha a melhor marca no ano e recentemente venceu o recordista Usain Bolt.

Da lista dos dez homens mais rápidos da história, três mantêm a carreira longe de escândalos do gênero, incluindo Bolt. Nos últimos dias, Ricky Simms, agente da estrela das pistas, negou que o jamaicano também esteja envolvido no caso [Bolt tem somente o 10º melhor tempo do ano].

Além de Bolt, apenas o jamaicano Nesta Carter permanece sem qualquer suspeita de ter utilizado substâncias ilícitas. Campeão olímpico de 2000, Maurice Greene completa a lista dos 'atletas limpos', mas com uma ressalva - em 2008, o norte-americano foi acusado de participar de uma rede de doping que incluía outros 12 nomes. Porém, foi inocentado por falta de provas e nunca teve nenhum teste positivo [já aposentado, foi envolvido em denúncias de um esquema complexo de trapaças].

Entre os implicados, nomes célebres, como o canadense Ben Johnson, marcado pela farsa da Olimpíada de Seul-1988, e o norte-americano Justin Gatlin, apenas dois anos após o ouro em Atenas-2004. A marca do doping fere o atual Top 5 da prova, sem contar com Gay e Powell.

Campeão olímpico com o revezamento 4x100 m nos Jogos de Sydney-2000, o norte-americano Tim Montgomery foi banido por dois anos em 2005 pelo uso de esteróides e anunciou sua aposentadoria em seguida. Ele teve todos os seus resultados cassados a partir de 2001, incluindo o recorde mundial de 9s78 obtido em setembro de 2002.

Nono melhor da história, o jamaicano Steve Mullings foi banido do esporte em 2011, aos 28 anos, após reincidência de caso de doping.

Terceiro homem mais rápido da história, Yohan Blake ficou de fora do Mundial de 2009 em Berlim após um flagra do estimulante methylxanthine, em um teste. Na época a substância não era proibida, mas logo entrou para a lista de itens não permitidos. O jamaicano recebeu suspensão de três meses.

Tyson Gay desfrutou o auge de sua carreira em 2006 e 2007, quando conquistou cinco títulos mundiais. Nas Olimpíadas de Londres, no ano passado, o atleta de 30 anos ficou com a medalha de prata no revezamento 4x100m.

Powell ajudou o revezamento da Jamaica a levar o ouro olímpico em Pequim, há cinco anos. Em 2012, o velocista ficou fora do calendário de competições no fim do segundo semestre por conta de uma lesão na coxa, mas voltou a correr nos últimos meses.

Os casos de doping com velocistas não são uma exclusividade dos homens velozes das pistas e já tiveram mulheres como vilãs. A norte-americana Marion Jones foi a protagonista do maior escândalo da história. Após cinco medalhas olímpicas, a atleta viu a carreira desabar após admitir receber substâncias ilegais do laboratório Balco (The Bay Area Laboratory Co-operative). O esquema ilícito ainda envolveu uma série de outros nomes de ponta.