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Isopor usado pode virar cadeira? Empresas aprendem a lucrar sem sujar o mar

O lixo plástico flutua pelos oceanos, ameaça a vida marinha e polui cada vez mais as praias - Getty Images
O lixo plástico flutua pelos oceanos, ameaça a vida marinha e polui cada vez mais as praias Imagem: Getty Images

Ed Rodrigues

Colaboração para Ecoa

03/09/2022 06h00

O uso sustentável dos recursos oceânicos voltado ao crescimento econômico, melhoria nos meios de subsistência e empregos, aliado à preservação da saúde dos ecossistemas marinhos. Essa é a definição do Banco Mundial para a economia azul, também conhecida como economia do mar.

A nova ordem de desenvolvimento econômico com respeito ao meio ambiente provocou empresários brasileiros a criarem o primeiro hub de inovação do país focado na economia azul. O pólo tem por objetivo gerar inovação voltada para os oceanos por meio de práticas ambientais, sociais e de governança (ESG), alinhadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS).

O Ilhahub nasceu em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, com o objetivo de impulsionar negócios inovadores por meio de iniciativas que conectem soluções entre os ecossistemas de empreendedorismo, tecnologia e científico.

A ideia surgiu, segundo o idealizador e fundador da iniciativa, Edmar Moraes, quando ele sentiu falta de um mecanismo que pudesse mostrar aos empreendedores focados na costa brasileira como realizar negócios responsáveis que não agridam o meio ambiente, principalmente os ecossistemas marinhos.

"Estamos na década do oceano (2021 a 2030), declarada pelas Nações Unidas em 2017, e queremos ir além da década. Nossa ideia é transpor fronteiras e transformar a vida, cuidando das pessoas e do ecossistema marinho, com inovação, práticas ambientais, sociais e de governança, baseadas no desenvolvimento sustentável", disse o gestor.

Isopor descartável pode virar cadeira

Ilhahub - Divulgação - Divulgação
Edmar Moraes quer mostrar a empreendedores da costa brasileira como fazer negócios responsáveis
Imagem: Divulgação

Com exemplo, Edmar destaca que 20% dos dejetos que chegam aos oceanos são partes de isopor. "Nós temos um parceiro que transforma isopor em cadeiras de plástico. Unido o problema a quem tem a solução, evitamos que esse material seja descartado irregularmente e vire um poluente, dando a ele, ainda, uma segunda utilidade. É isso que o hub de inovação faz: une quem tem um problema a quem tem a solução", disse.

Segundo o idealizador, anualmente, US$ 3 trilhões são investidos em tecnologias que acontecem dentro do oceano. O valor impressiona, mas, em geral, esse investimento é realizado por empresas que o exploram de maneira destrutiva.

Uma parte desse dinheiro, de acordo com o gestor, vai para institutos, que desenvolvem pesquisas ou análises que podem ser transformadas em empreendimentos economicamente viáveis. O Ilhahub vem para transformar em realidade a cocriação (trabalho de criação que envolve pessoas de fora no processo de idealização e desenvolvimento de um projeto) de startups, transformando ideias em ações.

Para que o processo tenha êxito, serão necessárias ações coordenadas. Parte dessas ações é de aproximação entre empreendedores e investidores, mentorias para negócios, cooperação técnica e científica com universidades e pesquisadores, editais de inovação abertos junto a corporações e inovação governamental para o poder público.

O Ilhahub já deu início às mentorias para as startups residentes em Ilhabela. Em breve serão lançados os editais para inscrição de soluções. O hub tem mentores com diversas especializações e experiências que podem contribuir com modelagem de negócios, marketing, desenvolvimento de produtos e serviços, precificação, entre diversos outros temas que levem à realização.

Cursos livres para moradores de Ilhabela

Ilhahub - Singapore Photographer Imran Ahmad - Singapore Photographer Imran Ahmad
Todos os anos US$ 3 trilhões são investidos em tecnologias que ocorrem no oceano, mas de forma destrutiva
Imagem: Singapore Photographer Imran Ahmad

Os moradores de Ilhabela interessados em ajudar no trabalho poderão participar do Programa Formação, que oferece capacitação continuada e cursos livres nas áreas de tecnologia, ciência, empreendedorismo e inovação. De acordo com Edmar, muitos moradores têm ideias que resolvem problemas, mas não conseguem torná-las economicamente sustentáveis.

Para custear as atividades, o projeto recebe recursos de mantenedores e patrocinadores, assim como da adesão de startups residentes. Também tem parceiros, apoiadores, mentores e outras formas de colaboração, uma que vez que está aberto a diversas formas de contribuição.

Edital aberto para inscrições

É possível participar entrando em contato por meio do formulário no site, dos canais das redes sociais ou pelo e-mail cm@ilhahub.com.br. No fim de agosto foi lançado um edital de chamamento para novas startups, que ficará aberto por dois meses. Clique aqui para acessá-lo. As startups serão selecionadas de acordo com os princípios e valores do Ilhahub e economia azul.

A Ventiur é uma das empresas parceiras do projeto. Segundo Mark Udler, responsável por novos negócios, a empresa é uma aceleradora de startups que dentre suas atividades opera programas de aceleração há quase 10 anos.

"A gente está com esse foco no bioma Brasil e trabalhando com diversos parceiros. O Ilhahub ajuda a gente a se conectar com startups e a gente fomenta o ecossistema deles com a nossa rede. Temos uma rede muito grande de universidades, parques tecnológicos, investidores, startups por todo Brasil e agora internacionalmente. É uma ajuda mútua", disse.