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Solidariedade une chefs e amigos para alimentar moradores de rua no Ceará

Freitas Júnior (à esquerda) começou a ação após notar o aumento da população de rua durante a pandemia - Arquivo pessoal.
Freitas Júnior (à esquerda) começou a ação após notar o aumento da população de rua durante a pandemia Imagem: Arquivo pessoal.

Ed Rodrigues

Colaboração para Ecoa, em Recife

30/08/2021 06h00

O sentimento mútuo de que havia a necessidade de ajudar pessoas em situação de rua uniu três chefs de cozinha e seus amigos, no Ceará. O grupo percebeu a ação severa da pandemia da covid-19 sobre essa população vulnerável e decidiu se movimentar. Passou a produzir e distribuir 1.500 quentinhas todas as quartas-feiras pelas ruas de Fortaleza.

O Macarrão Amigo teve início no dia 13 de maio do ano passado, logo no início da quarentena. O primeiro cardápio foi uma macarronada à bolonhesa. A ideia partiu do advogado José de Freitas Júnior, que convidou os chefs de cozinha Izabela Fiúza, Wladmir Ponte e Fabio Felle, além dos amigos Willfridy Mendonça, Lídia Oliveira e Letícia Studart.

"O Macarrão Amigo nasceu em razão da pandemia, durante o lockdown. Estávamos com muito tempo ocioso, mas quando a gente saía na rua, víamos a quantidade de pedintes, crianças pedindo comida. Eu e a Izabela resolvemos fazer um espaguete", explicou Freitas Júnior.

Após as primeiras saídas, a ação começou a ganhar novos voluntários e, além das pessoas em situação de rua, passou a atender comunidades carentes e moradores de lixões.

Macarrão amigo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Grupo de amigos distribui 1.500 quentinhas todas as quartas-feiras pelas ruas de Fortaleza, no Ceará
Imagem: Arquivo pessoal

Segundo a organização do Macarrão Amigo, já foram distribuídos mais de 300 mil itens, contando com as refeições, que têm, em média, um quilo e cem gramas, e os acompanhamentos (sobremesa e água).

"Convidamos os amigos para participar. Desde então, todas as quartas-feiras nos reunimos para fazer essas quentinhas. O espírito da ação é ajudar essas pessoas, mas também nos ajuda porque alimenta a nossa alma", disse Freitas Júnior. "Você descortina uma cidade que você não conhece quando vai para a rua. E decidimos doar nosso tempo para essas pessoas desconhecidas."

Além da dedicação dos amigos, a ação também conta com a solidariedade de empresas parceiras e de doadores. O mutirão recebe alimentos e também doações em dinheiro.

Nas quartas-feiras, o trabalho começa cedo. Às 7h, os chefs e os demais voluntários iniciam o cozimento dos alimentos e saem para distribuir as refeições a partir das 11h30. Para atender a outras comunidades, representantes dos locais também vão buscar marmitas no ponto de distribuição.

Para que o alimento chegue a outras comunidades, um representante vai até a sede do projeto para receber e, posteriormente, distribuir as porções. A refeição é acompanhada ainda por itens extras, como banana, biscoito ou água. "Quando a gente pede para alguém ajudar, a gente convida o doador para ver nosso trabalho. Queremos que as pessoas vejam a ação e que se inspirem a ajudar também", ressaltou o advogado.

O chef italiano Fábio Felle vive em Fortaleza há 20 anos. Segundo ele, participar do Macarrão Amigo é uma forma de retribuir "tudo que o Brasil me deu". "É uma honra poder participar do projeto. Estou sempre lá na cozinha ajudando a fazer as refeições. A gente faz com todo amor porque sabemos que são muitas pessoas necessitadas", comentou o chef.

Felle revelou que se emocionou com a situação das crianças nas ruas e decidiu ficar na retaguarda da ação. "Muito triste ver aquelas crianças desamparadas. Eu saía para entregar, mas aquela cena mexia muito comigo. Resolvi ficar na cozinha e depositar todo meu amor na comida", disse.

Quem quiser saber mais sobre o Macarrão Amigo pode entrar em contato pelo telefone: (85) 99983.7415
Doações em dinheiro podem ser enviadas por Pix: 229637233-34 em nome de José Lindival de Freitas Júnior