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Grupo ajuda idosos a manter tratamentos de saúde à distância no RS

Divulgação / Josemara Rocha
Imagem: Divulgação / Josemara Rocha

Júlia V. Kurtz

Colaboração para o Ecoa, em Passo Fundo (RS)

20/05/2021 06h00

O grupo de pesquisa de Atenção Multiprofissional ao Longevo (AMPAL) do Instituto de Geriatra e Gerontologia da PUCRS, foi criado em 2012 para atender a população idosa de Porto Alegre e garantir que ela tenha acesso a profissionais de saúde de várias áreas, como fisioterapia, nutrição e odontologia, e que compreendam suas necessidades de atendimento.

Um dos objetivos do projeto é garantir que a população idosa com mais dificuldade de atendimento possa ter acesso à saúde. São atendidas 86 pessoas com idade média de 92,2 anos. Mas a pandemia impediu que o grupo atendesse a esses idosos de maneira presencial e a alternativa encontrada foi trocar as visitas por ligações telefônicas e, quando possível, chamadas de vídeo.

A nova abordagem exigiu dos profissionais a criação de novos protocolos de atendimento, muitos deles inéditos, voltados a permitir que o paciente possa ajudar os profissionais a identificar áreas do corpo que exigem cuidados e que seriam identificadas com facilidade em uma consulta presencial.

O grupo é gerenciado pelo médico geriatra Ângelo José Gonçalves Bós, que, aos 61 anos, passou a fazer parte da mesma faixa etária que pesquisou por muitos anos. "É o novo idoso", brinca. "Quando as pessoas falam comigo e dizem que eu não aparento ter sessenta anos, eu respondo que a aparência de uma pessoa dessa idade é assim hoje", diz.

Bós frisa que os avanços médicos e tecnológicos resultaram em um aumento da expectativa de vida do brasileiro, pelo menos antes da pandemia de covid-19. Com isso, surgiu uma nova faixa da população que ainda está ativa, mas precisa de cuidados diferenciados de saúde.

"Nós achamos que nossa qualidade de vida está ruim quando estamos doentes e não podemos sair de casa, mas, para um idoso, a doença tem um significado diferente", lembra a fisioterapeuta Josemara Rocha, que atua no AMPAL desde 2016.

Ela conta que para muitos idosos a maior dificuldade, que surgiu na pandemia, a ser superada é a depressão. "Eles deixaram de sair de casa e muitos tiveram problemas para dormir", acrescenta. Alguns dos pacientes tiveram o amparo de parentes, que passaram a visitá-los com mais frequência, inclusive ajudando a cozinhar, o que aumentou o vínculo familiar e aliviou os sintomas.

Os idosos que mais sofreram foram os que moravam sozinhos. "Eu liguei para uma senhora que me disse que não havia dormido naquela noite e passou um dia inteiro pensando em como iria morrer", diz Josemara. Com o acompanhamento, no entanto, a condição da paciente, que tem 96 anos, melhorou.

Apenas três das 86 pessoas atendidas pelo projeto se contaminaram com o novo coronavírus, duas se recuperam e uma morreu. "Eles não saem muito de casa e costumam se cuidar melhor do que a maioria das pessoas", explica a fisioterapeuta.

Os interessados em conhecer melhor o projeto podem acessar a página do grupo no Facebook