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Prato antirracista: SapaVegana dá um empurrão para quem quer comer melhor

Luciene Santos, criadora do Sapa Vegana - Divulgação
Luciene Santos, criadora do Sapa Vegana Imagem: Divulgação

Juliana Vaz

Colaboração para Ecoa, de São Paulo

10/05/2021 06h00

Luciene Santos se tornou vegana há 3 anos, depois de assistir um documentário sobre exploração animal da indústria alimentícia. Nascida na Bahia e criada na periferia de São Paulo, até então, o veganismo que conhecia era para pessoas brancas e ricas. "Precisei criar um meio de transformar para a minha realidade, alguém preta e pobre", diz.

Apenas seis meses após mudar sua alimentação, em 2018, Luciene criou o @sapavegana, perfil que se tornou referência para uma alimentação saudável, acessível e totalmente à base de vegetais. "Postava receitas no meu perfil pessoal e a galera pedia dicas, como que eu tinha feito. A ideia era reunir em um só lugar um meio de falar de um veganismo possível, popular para os mais próximos. Muita gente não sabe as possibilidades de um alimento", conta. Um bom exemplo é o melão, que das sementes da fruta faz até leite vegetal e pudim.

Um amigo foi indicando para outro, o perfil foi se tornando conhecido e hoje alcança a marca de 117 mil seguidores só no Instagram. "Quando comecei a dar entrevistas é que percebi que estava ganhando voz. Quando você é preta, pobre, LGBTQ+, cresce convencida de que não é valorizada, que não somos suficientes".

Mesmo sem conseguir comprar orgânicos, que são mais caros, incluir mais legumes e vegetais no cardápio já é deixar seu prato mais saudável

Luciene Santos, a @sapavegana

A influenciadora dá dicas e tira dúvidas para quem está em busca de um empurrão para entrar de vez na alimentação saudável e sem carne.

Não é uma substituição

"Vejo muita gente perguntando: 'dá para substituir isso por aquilo?'", como se as leguminosas, grãos e vegetais não fossem parte importante da alimentação ou saborosas por si só. Eu considero que o primeiro passo é enxergar a forma de se alimentar por uma nova perspectiva".

Cortar a carne é parte do aprendizado. Arroz e feijão é o prato mais popular do Brasil e só nessa mistura temos carboidratos e proteínas vegetais, fora micronutrientes.

Deixe os grãos de molho

Não tem jeito, é preciso organizar o cardápio previamente. Antes da pandemia, o tempo de Luciene entre casa, faculdade e trabalho era ainda mais escasso. "Às vezes era preciso deixar cozinhando o feijão que estava de molho às 6 da manhã para a marmita do dia".

Busque as ofertas

Luciene dá a dica de ir à feira na hora da xepa e pesquisar os preços nas casas de grãos ou mercados municipais (os mercadões) para comprar a granel, que são mais em conta que no supermercado.

"Conheça onde você mora, se tem feira e qual o horário, se não, quais os dias de promoção de legumes da quitando, mercado. Busque saber qual a época de cada legume, quais são os frutos típicos da sua região porque são mais baratos", diz.

Quais são seus motivos?

"Entenda porque está fazendo essa escolha. Em algum momento, seja a primeira vez que está tentando mudar a alimentação ou em transição de vegetarianismo para veganismo, ter o objetivo definidor poderá ajudá-lo", explica Luciene.

Eu sentia vontade de comer algo de origem animal, principalmente nas primeiras semanas de adaptação, e lembrava que estava fazendo isso pelos animais não pelo meu paladar

Luciene Santos

Recaídas

"Felizmente não tive deslizes nesses anos, mas tá tudo bem se acontecer, não tem porque ficar se culpando", aconselha Luciene. Foque na próxima refeição e siga em frente.