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Debate em Ecoa lança plataforma Refugiados Empreendedores da ONU

O sírio Anas Rjab é empreendedor no ramo da gastronomia - Arquivo pessoal
O sírio Anas Rjab é empreendedor no ramo da gastronomia Imagem: Arquivo pessoal

De Ecoa, em São Paulo

09/02/2021 12h00

Dar visibilidade aos negócios liderados por empresários refugiados no Brasil é o objetivo da plataforma Refugiados Empreendedores, desenvolvida pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU e o Acnur (Agência da ONU para Refugiados). O lançamento da ferramenta acontece na quarta-feira (10) às 10h com painel transmitido por Ecoa.

O evento reunirá os empreendedores Jacqueline Esther Rodriguez Diaz, Rosa Paulina Bravo Henriquez e Anas Rjab, profissionais refugiados com atuações em áreas como gastronomia, artesanato e serviços gráficos em diferentes regiões do país. A mediação será do jornalista e colunista de Ecoa Rodrigo Ratier. A mesa contará ainda com a diretora de relações institucionais da Rede Brasil do Pacto Global, Barbara Dunin, o representante do Acnur Jose Egas e a jornalista Gabriela Bazzo.

A ideia da plataforma é oferecer oportunidades de capacitação aos empreendedores, dar visibilidade a seu trabalho e conectar esses pequenos negócios a potenciais consumidores. Em sua estreia, reúne mais de 50 pessoas e seus trabalhos. Empreendedores refugiados interessados em participar do projeto podem se inscrever pelo site.

O chef Anas, por exemplo, é natural da Síria e chegou ao Brasil vindo da Líbia, onde fez faculdade e trabalhou como engenheiro de telecomunicações. "O conflito na Líbia fez com que eu perdesse meu trabalho, perdesse tudo. Ficou bem difícil", diz ele. A saída foi vir para o Brasil em 2015. Sem conseguir uma colocação em sua área de formação, começou a vender comida e criou a Simsim Culinária Árabe.

Já as venezuelanas Jacqueline e Rosa, apesar das dificuldades de recomeçar a vida como refugiadas, conseguiram retomar atividades com as quais já estavam familiarizadas no país natal. Em Boa Vista (RR), Jacqueline aproveitou incentivos para pequenos negócios e montou uma gráfica, negócio que conciliava ao trabalho de diretora de uma escola antes de migrar. Rosa também foi para a capital de Roraima antes de se estabelecer em Brasília com a família. Ela criava peças de cerâmica e em macramê no país natal e, por aqui, viu no artesanato também uma forma de sustentar o casal e duas crianças.

"Cada vez mais pessoas refugiadas estão empreendendo do Brasil, gerando renda e contribuindo com as comunidades onde estão inseridas. No contexto da Covid-19, tiveram que superar novos desafios, em especial por meio do comércio eletrônico. Para o ACNUR, é fundamental que refugiados empreendedores possam ter apoio para a criação, manutenção e expansão de seus negócios", diz Paulo Sergio Almeida, oficial de meios de vida do Acnur.

Os três empreendedores vão compartilhar sua trajetória e as estratégias que têm usado para driblar os obstáculos adicionais impostos pela pandemia de covid-19.