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Rosana Jatobá

No oceano de discursos virtuais de Davos, a "onda verde" veio com tudo

Larry Fink, presidente executivo da BlackRock - Pedro Pardo/AFP Photo
Larry Fink, presidente executivo da BlackRock Imagem: Pedro Pardo/AFP Photo

Rosana Jatobá

31/01/2021 04h00

"Nada, nem mesmo a pandemia, será capaz de parar o tsunami ESG que tomou conta do mercado financeiro", disse Larry Fink, CEO da BlackRock, a maior gestora do mundo, com mais de 8 trilhões de dólares em ativos.

ESG é uma sigla em inglês (Environment, Social & Governance) para denominar um sistema que busca as melhores práticas sociais, ambientais e governança no mundo empresarial e no mundo das finanças. Iniciativas que devem ser implementadas não só para mostrar a solidez de uma empresa, mas também a sua atuação contra os riscos à sustentabilidade.

Fink voltou a exortar investidores e empresários a prestarem atenção na agenda ESG, se quiserem ter retornos financeiros mais sustentáveis no futuro.
Sua voz nunca foi tão ouvida e parece ter surtido efeito na rápida realocação do capital.

De janeiro até novembro do ano passado, investidores injetaram 288 bilhões, globalmente, em ativos sustentáveis. O volume é mais do que o dobro do registrado no ano todo de 2019.

"É o começo de uma transição que vem acelerando. Sabemos que os riscos climáticos são riscos de investimento. Mas também acreditamos que a transição climática representa uma oportunidade histórica de investimento", afirmou o guru do mercado financeiro.

Já tem muita gente surfando essa onda.

Levantamento feito pela gestora BlackRock ouviu 425 investidores, de 27 países, que administram um total de 25 trilhões de dólares.

Mais da metade dos participantes (54%) consideram que os investimentos sustentáveis são fundamentais para os resultados. Esses investidores planejam dobrar a participação dos ativos ESG em suas carteiras, o que elevará o porcentual total de 18% para 37%, em cinco anos. Na Europa, a participação dos ativos ESG na carteira será ainda maior, da ordem de 47%.

Mais de 80% dos investidores europeus declararam que o ESG já se tornou, ou deverá se tornar, essencial para as suas estratégias de investimento. Na Ásia, o porcentual é de 57% e nas Américas, 47%.

De fato, houve um boom de novos fundos ESG em 2020. Segundo levantamento da Morning Star, só nos Estados Unidos, foram lançados 23 fundos verdes no primeiro semestre do ano passado. Já são mais de US$ 30 trilhões em ativos gerenciados por fundos com estratégias sustentáveis em todo o mundo.

Para quem achava que esse negócio de investimento responsável não passava de uma marola, está levando um belo "caldo" com o tsunami ESG descrito por Fink.