Lugares para pedalar que todo ciclista deve conhecer: Paranapiacaba

Seja na vida ou no esporte, estamos sempre em busca de novos desafios. E no ciclismo, mesmo amador, não é diferente. Em São Paulo existem diversos lugares para pedalar, mas uma das coisas que leva à procura de novos lugares, além do desafio (seja ele atingir novas distâncias ou encarar diversos níveis de altimetria), é a possibilidade de encontrar belas paisagens. Entre os grupos de ciclistas, existem lugares que são conhecidos por alguns e que vão sendo repassados para os outros. Hoje, vamos conhecer um destino a que todo ciclista iniciante deve ir: a Vila de Paranapiacaba.

"Paranapiacaba" originou-se do termo tupi que significa "lugar de onde se vê o mar", através da junção paranã (mar), epiak (ver) e aba (lugar). Num dia claro, esta era a visão que tinham os povos indígenas que passavam por ali, depois de subir a Serra do Mar rumo ao planalto. A vila de Paranapiacaba, que era um ponto estratégico para a cultura cafeeira, era inicialmente apenas um acampamento de operários ingleses.

Os primeiros estudos para a implantação da ferrovia começaram em 1835, mas foi depois de 1850 que a ideia começou a sair do papel a partir de uma parceria realizada entre o Barão de Mauá e os ingleses. Ele encontrou nos ingleses os parceiros ideais para executar a obra, já que a Inglaterra tinha total interesse em dinamizar o fluxo de exportação e importação brasileiro e também detinha uma vasta experiência na construção de ferrovias, utilizando a tecnologia da máquina a vapor.

Depois da inauguração da ferrovia, em 1867, houve a necessidade de estabelecer parte dos operários no local para cuidar da manutenção do sistema. E por isso a vila possui arquitetura inglesa, proporcionando a experiência de pedalar em um lugar com casas feitas de madeira e telhados em ardósia.

Do outro lado da estrada de ferro, a Parte Alta de Paranapiacaba, que não pertencia à companhia, seguia padrões arquitetônicos diversos daqueles da vila inglesa. A área começou a ser ocupada por comerciantes para atender os ferroviários, já na década de 1860. Ali também moravam os funcionários aposentados, que não poderiam mais usar as casas cedidas pela empresa.

Lá se construiu a Estação Alto da Serra, atual Rio Grande da Serra, que também foi o primeiro nome dado ao vilarejo. Também nesta época foi fundada, em torno da estação São Bernardo, a futura cidade de Santo André, à qual a vila de Paranapiacaba pertence hoje.

Para um percurso mais curto pode-se pegar o trem da Estação Brás sentido Rio Grande da Serra, linha 10 - Turquesa. Desembarcando na estação Rio Grande da Serra, pegar a rodovia Deputado Antonio Adib Chamas - (SP - 122) no sentido à vila. A ida e volta até a vila dão em torno de 27 km. Para os mais resistentes, existe a possibilidade de ir sem pegar o trem, com a quilometragem girando em torno dos 60 km de ida. Para verificar uma rota mais acessível da sua região, sugiro procurar por ciclistas mais experientes. Vale a pesquisa.

Dentre os percursos possíveis, existe um exclusivo para mountain bike, que é a rota do Caminho do Sal. O percurso possui 53,3 km. Partindo São Bernardo do Campo, deve se dirigir até a Estrada Caminhos do Mar (SP-148), no km 39,5, onde tem início a rota que é divida em 3 partes. O Caminho do Zanzalá segue por 15,5 km pela Estrada Mogi das Cruzes, tendo no caminho represa, área de montanha e um belo mirante de onde se pode ver o mar. No encontro da Estrada Mogi das Cruzes com a SP-122 começa o trecho considerado mais fácil: são os 10 km do Caminho dos Carvoeiros que terminam na Vila de Paranapiacaba. Por fim, o trecho entre Paranapiacaba e Mogi das Cruzes é o mais técnico e difícil, onde há mais subidas, por estar na Serra do Mar. Entretanto, esse também é o trecho onde o visual mais impressiona, pois está mais dentro da mata.

Este é um pedal bem agradável. Vale a pena juntar seus amigos e pegar um fim de semana para explorar as belezas de Paranapiacaba e seu entorno.

Bom pedal.