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ReportagemCarros

Novo SUV 'acessível' da Volvo chega para ser o carro de luxo mais vendido

Mil unidades. Essa é a meta mensal de vendas da Volvo para o EX30, SUV compacto 100% elétrico que está em pré-venda há alguns meses e começou a ser entregue aos clientes brasileiros há cerca de duas semanas.

Se a marca sueca conseguir consolidar o plano, o mercado nacional de carros premium, que atualmente alterna como líderes o Série 3 e o X1 (ambos da BMW e montados no Brasil), terá um novo número um.

Argumentos para conquistar essa marca o EX30 tem. Em primeiro lugar, vem da China, país com ampla capacidade produtiva e boa logística para entrega - basta ver o número de unidades que a BYD e a GWM conseguem trazer (e vender) por mês. Mas o principal é o preço, que faz do EX30 o carro premium mais barato à venda no Brasil, superando qualquer produto a combustão.

Quanto custa o Volvo EX30

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

A verdade, porém, é que, apesar de ser Volvo, o EX30 não é tão premium assim. Disso falaremos mais adiante, após os preços, que partem de R$ 229.950 na versão Core com bateria de 51 kWh. Nas demais versões, esta tem 69 kWh. Nesse caso, a Core custa R$ 249.950.

A Plus acrescenta coisas como rodas de 19 polegadas, ar-condicionado de duas zonas, carregador de smartphones sem fio, abertura elétrica da tampa do porta-malas e sistema de som Harman Kardon de 1.040W - vai a R$ 277.950. Por R$ 293.950, a topo de linha Ultra traz rodas de aro 20, teto panorâmico, bancos elétricos e assistente às manobras de estacionamento.

O preço, aliás, ficou mais alto que no início da pré-venda, no ano passado. Isso porque houve aumento no imposto de importação para carros elétricos, e a Volvo afirma ter passado 5% desse reajuste ao modelo. A versão de entrada, por exemplo, ficou R$ 10 mil mais cara.

Público-alvo

Mas quem é o público do EX30? De acordo com o presidente da Volvo do Brasil, Marcelo Godoy, famílias que têm mais de um carro. É a mesma lógica dos Dolphin e do Ora 03, só que em um patamar um pouco maior de poder aquisitivo. Segundo o executivo, pessoas que possuem um veículo apenas também estão entre os prováveis compradores.

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São aquelas que estavam pensando em migrar da combustão para um carro elétrico, mas ainda consideravam as opções mais sofisticadas muito caras. E, apesar do porte de T-Cross (4,23 metros de comprimento), o EX30 tem coisas em comum com o líder de vendas de outra categoria (a de SUVs médios). Trata-se do Jeep Compass, que acabou de ganhar versão com os motores Hurricane (2.0 turbo a gasolina).

Essas opções do produto têm preços semelhantes ao do EX30, pois vão de R$ 266.990 a R$ 279.990. E com potência idêntica. Todas as versões do Volvo entregam 272 cv. O que muda é a autonomia, de 250 km na Core de entrada e 338 km nas demais.

Ainda sobre o público, há possibilidade de o EX30 ser o carro de filhos de clientes de carros mais caros da Volvo - ou de outras marcas de luxo. Faz todo o sentido, porque o modelo tem coisas que vão agradar bastante os jovens da geração Z.

Corte de custo ou carro da geração Z?

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

A Tesla vem encantando os jovens consumidores de carros por ser praticamente um smartphone sobre rodas, com cabine minimalista e tendo a tela central não apenas como multimídia, mas como epicentro dos veículos. Botões? Não existem. A geração Z não gosta de botões, pois prefere controlar tudo como em um telefone celular.

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O EX30 segue a mesma lógica. Não há nem quadro de instrumentos atrás do volante. Este fica na parte de cima da tela central vertical, de 12,3 polegadas. Ali também há mostrador para os sistemas de assistência à condução, que inclui o semiautônomo - tão eficiente quanto em outros produtos da Volvo.

A geração Z quer carros elétricos, com automação e conectados. O EX30 é tudo isso. Aliás, há internet a bordo, e o sistema operacional é da Google. Assim, a turma do Android já consegue fazer tudo na própria tela, instalando seus aplicativos, como Google Maps, Waze e Spotify.

E a turma do iPhone? Vai ter de se contentar com o sistema Google, pois não há Apple CarPlay. Por enquanto. A Volvo promete agregar essa tecnologia ao carro até o final do ano.

Apesar de tudo isso, há quem considere que esse minimalismo é, na verdade, corte de custo. Afinal, não há milagres para a fórmula do preço. E o EX30, na verdade, está um patamar abaixo dos demais Volvo no quesito sofisticação.

O acabamento é bom, com materiais (todos recicláveis) macios ao toque. Bom, mas não sofisticado. Na verdade, é simples para os padrões da Volvo. A cabine combina tecidos, borrachas e, em alguns casos, imitação de couro (sim, imitação, pois não há materiais que não sejam sustentáveis).

A chave é um cartão que parece de crédito. Basta colocá-la no bolso e abrir a porta. Para ligar o carro, esta deve ser colocada na parte de baixo do painel, à direita, bem ao lado do carregador de smartphones sem fio.

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A parte dianteira tem dois porta-objetos. Um está no console central, e esconde as duas entradas USB. O outro fica sob o apoio de braço central. É retrátil e pode se transformar também em um porta-copos.

Espaço e design

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

No banco de trás, há outro porta-objetos modular e mais duas entradas USB (do tipo C, como as da frente). Mas os passageiros não têm direito à saída de ar exclusiva. Um dos meus parceiros de test-drive, que viajou nessa parte do carro, contou que sentiu calor durante o trajeto - de cerca de 200 km, entre São Paulo e Campos do Jordão.

O carro tem 2,65 metros de entre-eixos, mas o espaço atrás não é dos mais amplos - apesar do assoalho quase plano, que facilita a acomodação de uma pessoa no meio do banco. Passageiros mais altos podem ficar com as pernas tocando o banco dianteiro, dependendo da estatura dos ocupantes da frente.

O porta-malas, por sua vez, tem 318 litros. Mas, como é fundo, permite a acomodação de mais bagagem do que o estimado pela baixa capacidade. Há ainda um segundo compartimento na frente, no qual dá para acomodar uma mochila.

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Como em todo carro elétrico, não há grade frontal. Os faróis, grandes e espalhados pela dianteira, são full-LED. A carroceria pode ser bicolor, dependendo da versão. E, apesar de ser um SUV, o EX30 é um carro baixinho para os padrões da categoria - tem 1,55 m de altura.

A traseira se destaca pelas lanternas com duas interligações (apenas estéticas, pois não acendem). Há um segundo elemento luminoso, posicionado verticalmente na parte de cima.

Como o Volvo EX30 anda

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

O EX30 anda muito. Os 272 cv de potência e os 35 kgfm de torque instântaneo (disponíveis assim que o motorista pisa no pedal do acelerador) levam a um ganho de velocidade eficiente. No entanto, não é brutal. Diferentemente das versões mais potentes de XC40 e C40 (que têm mais de 400 cv), o pequeno SUV não é daqueles elétricos que fazem o corpo grudar contra o banco.

Aliás, o Compass Hurricane passa a impressão de ser mais brutal que o EX30. E isso pode estar relacionado a um ajuste de acelerador para entregar respostas mais progressivas. Isso é bom para a autonomia, e também para deixar o carro equilibrado na hora de acelerar, já que a suspensão é macia demais.

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Mas fato é que, apesar da sensação, na prática o EX30 é mais rápido que o Compass. O Volvo vai de zero a 100 km/h em 5,3 segundos (nas versões com bateria de 69 kWh), cumprindo a missão em um segundo a menos do que o Jeep. O motor, aliás, é traseiro (portanto, a tração também).

Sobre a suspensão, faltou um ajuste um pouco mais duro. Os Volvo, no geral, são mais voltados ao conforto do que à esportividade. Mas o EX30 é ainda mais macio que os demais. Isso acaba deixando o carro pouco divertido em curvas, por exemplo, mesmo com centro de gravidade baixo. Mas, ao acelerar em linha reta, ele é firme.

A recarga da versão de entrada pode ser feita em 26 minutos em carregadores rápidos, de até 134 kW. Para as demais, o processo leva 28 minutos em 153 kW. Já em Wallbox de 11 kW (AC, corrente lenta), os tempos são de seis horas e oito horas, respectivamente, de acordo com a Volvo.

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