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Dono do maior aerofólio do mundo, Plymouth Superbird pode chegar a R$ 1 mi
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(SÃO PAULO) - Um raro Plymouth Superbird Roadrunner 1970, que se acredita ser um dos únicos quatro que foram parar no Reino Unido, vai a leilão no próximo dia 16 durante o Bonhams MPH December Sale.
Dos cerca de 300 equipados com o motor 7.0 V8 Hemi, tem valor estimado entre £ 90 mil e £ 110 mil - algo entre R$ 670 mil a R$ 815 mil.
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No final dos anos 1960, a Chrysler buscou um engenheiro em sua divisão espacial para derrubar a Ford no braço de ferro que disputavam desde 1964 na Nascar, a Stock Car americana.
Como motores poderosos não lhe faltavam, concluiu-se que a aerodinâmica seria o fator determinante para vencer. Daí que resolveram espetar no Dodge Charger 500 um prolongamento dianteiro em forma de cunha e uma hiperbólica asa de 60 cm na traseira, cujo topo ultrapassava o teto do carro.
Nasceu então o Dodge Charger Daytona, ao lado do Ford Torino Talladega e do Mercury Cyclone Spoiler II, um dos "Winged Cars" (carros alados) que dominaram a competição no fim dos anos 1960. Regras da Nascar determinavam que, para inscrever um bólido na categoria, era preciso homologar 500 deles para as ruas. Por isso trata-se de um modelo tão raro.
Na Plymouth, a criação do Superbird teve outros caminhos. Além de ir para a disputa com uma receita já testada, a marca low cost da Chrysler reconquistaria Richard Petty, seu antigo piloto que debandara rumo à Ford em 1969. Até hoje maior vencedor da Nascar, com 200 vitórias no currículo, "The King" queria correr com um "Winged Car", o que a Plymouth o negara.
Pois a Plymouth criou o seu, então. Recorreu ao Road Runner e replicou os apêndices aerodinâmicos inventados pela "irmã" Dodge, mas com sutis alterações. Entre elas, uma asa traseira levemente mais inclinada para trás. As mesmas regras que levaram à produção de 500 exemplares do Daytona obrigaram a Plymouth a produzir 1.920 Road Runner Superbird.
Além das cores vibrantes, o cliente podia escolher também a combinação de motor e câmbio. O mais manso era um 7.2 V8 de 375 cv, passando por sua versão de 390 cv, até o mais cobiçado, um 7.0 HEMI, de 425 cv. Câmbio manual de quatro marcas ou automático, de três.
Um decalque do Road Runner (para nós, Papa-Léguas) segura um capacete de corrida em uma mão e acena um adeus aos concorrentes com a outra.
De fato, os rivais ficaram para trás, pois Daytona e Superbird venceram a maioria das provas da Nascar em 1970. O título daquele ano ficou com Bobby Isaac, pilotando o Dodge.
Contudo, ambos não passaram de 1970: no ano seguinte a Nascar mudou as regras do regulamento, o que na prática barrava os "carros alados" (ou "aero cars"como também eram conhecidos) da competição.
Hoje, os valores pagos por um Superbird contradizem o fracasso experimentando no lançamento. Provavelmente pelo estilo um tanto exótico - aceitável numa pista de corrida, mas impalatável para as ruas -, o modelo encalhou. Muitas concessionárias chegaram a remover os apêndices aerodinâmicos, "convertendo" o Superbird num Road Runner convencional. Ou eram obrigadas a conceder descontos generosos sobre os cerca de US$ 4.298 pedidos pelo esportivo há 50 anos.
"Ninguém reconheceu o valor dele na época. Demorou a perceberem que o preço dos carros alados dispararia em algumas décadas. Assim, muitos deles foram vendidos, negociados, repartidos e assim por diante, perdidos na devastação do tempo", analisa Steve Lehto, autor de Dodge Daytona and Plymouth Superbird: Design, Development, Production and Competition.
Em 2013, um deles equipado com motor HEMI e com 28.000 quilômetros rodados foi arrematado por US$ 165.000, em leilão da Gooding & Company.
No último dia 15 de janeiro, outro HEMI foi arrematado por US$ 533.500 - aproximadamente R$ 2,8 milhões - em leilão da Mecum.
Raro nos EUA e raríssimo por aqui, onde existem dois exemplares: um está neste momento em Águas de Lindóia para o Mopar Nationals; o outro atravessa um processo de restauro.
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