Qual a origem do 935, Porsche de corrida único no Brasil
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(SÃO PAULO) - Desconheço fabricante que mais tenha produzido carros de corrida intimidadores. Muitas foram mais vencedoras, poderosas ou duradouras. Mas criadoras de fantasmas sobre rodas tão prolífica e intensamente quanto a Porsche, nenhuma.
Vejamos. Durante o Salão de Frankfurt de 1983, a Porsche apresentou um protótipo para disputar o Grupo B, a categoria do campeonato mundial de rali criada em 1982 que basicamente era o inferno na terra. No Grupo A havia limites quanto a design, potência, tecnologia e custos. O Grupo B era luta livre.
Tudo ruiu quando o finlandês Henri Toivonen e seu copiloto Sergio Cresto morreram durante a etapa de Córsega, em 1986, e a Federação Internacional de Automobilismo entendeu que carros de quase 600 cv correndo sobre areia e cascalho era uma brincadeira perigosa demais e encerrou a categoria.
E um tal de 959, que tinha acabado de sair do forno só para aquilo, nunca participou do Grupo B. Para sorte da humanidade, porém, a Porsche direcionou o novo bólido para outra competição extremamente severa, o Rally Paris-Dakar. Na estreia na corrida desértica, em 1986, o 959 foi primeiro e segundo colocado.
A lista enfileira ainda 917 KH (dono da primeira vitória da Porsche nas 24 Horas de Le Mans, em 14 de junho de 1970, e bicampeão da corrida mais importante do mundo), 917/30 Can-AM (monstro de 12 cilindros e 1.100 cv que venceu seis das oito etapas da rodada de 1973 do Canadian-American Challenge Cup) e 956, recordista do tempo de volta em Nürburgring, o famoso "inferno verde".
Bem, e há o 935. Apresentado em 1976, o primeiro 935 foi criado a partir de um 911 Turbo da geração 930 para disputar o Grupo 5 do Campeonato de Marcas, do qual foi vencedor. O visual diferente era fruto das liberdades do regulamento, que exigia apenas que bloco do motor e silhueta básica do carro de produção fossem mantidos. No mais, tudo liberado. Daí a frente mais alongada e baixa em relação ao 911, que deixava o carro mais aerodinâmico.
Dois anos depois surgiu o mais poderoso e famoso 935, apelidado de "Moby Dick". Se no modelo de 1976 o motor era um 2,8 litros de 590 cv, agora o seis-cilindros boxer saltava para 3,2 litros e 845 cv. A velocidade máxima subia de 340 km/h para 366 km/h, em boa parte por causa da cauda alongada, que melhorava o fluxo aerodinâmico.
Sua principal missão era vencer as 24 Horas de Le Mans. Contudo, foi apenas o oitavo colocado, devido a complicações após um vazamento de óleo. Mas bateu o recorde de velocidade da pista, chegando a 365 km/h. Sua única vitória naquele ano foi nas 6 Horas de Silverstone.
A consagração em Le Mans veio em 1979, com o 935 da equipe Kremer. Em 1982, o 935 se foi. E foi o bastante para se tornar uma lenda.
Durante o Rennsport Reunion de 2018, na Califórnia (EUA), a Porsche surpreendeu ao revelar o 935 Clubsport, um carro de corrida baseado no 911 GT2 RS construído quase integralmente em fibra de carbono e com motor de 700 cv. Cada uma das 77 unidades fabricadas fora anunciada por ? 701.948, o que hoje dá pouco mais de R$ 4,3 milhões. (o preço em Euro embute uma homenagem aos 70 anos da marca, criada em 1948).
De tão exclusivo, um deles chegou só agora por aqui.
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