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REPORTAGEM

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Autônomos chegam com força ao Brasil. Ao menos entre os caminhões

Divulgação
Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

05/05/2023 10h42

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Além das intermináveis filas de carros para adentrar ao recinto em Ribeirão Preto, SP, as polêmicas no campo político que culminou com o cancelamento da abertura oficial, uma tradição de quase trinta anos, a Agrishow, maior feira agropecuária do País, também se destacou por apresentar uma série de novidades para o mundo da mobilidade.

Das novas gerações de picapes [duas delas fizeram pré-estreia nacional na feira], às tecnologias incorporadas nas máquinas agrícolas e até os veículos autônomos. Lá, duas marcas afirmaram que esperam vender mais de 1 mil veículos capazes de serem conduzidos sozinhos, sem o auxílio de um operador.

Pena que não são os automóveis autônomos, mas os caminhões, que estão autorizados utilizar a tecnologia em operações confinadas, ou seja, em percursos fechados. A colheita da cana-de-açúcar é um ótimo campo para esses caminhões autônomos. A Mercedes-Benz espera negociar 1 mil unidades de versão autônoma para essa atividade agrícola e a Volkswagen Caminhões e Ônibus outras vinte ainda este ano.

A reportagem de AutoData esteve na Agrishow e acompanhou o entusiasmo tanto das fabricantes dos caminhões, quanto de quem desenvolve a tecnologia autônoma e, também, dos clientes, que percebem vantagens na utilização de um caminhão sem motorista.

A Mercedes-Benz é a mais otimista. Das 1 mil unidades do seu modelo Axor 3131, desenvolvido em parceria com a Grunner, que a é responsável pela parte de automação do veículo, seiscentas já foram vendidas e outras quatrocentas devem ser negociadas até dezembro. Mas de acordo com Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing, outros segmentos como o da soja podem elevar o número total de caminhões autônomos a 1,2 mil unidades este ano.

A VWCO também já comercializou vinte unidades do Constellation 31.280 4×4 com tecnologia autônoma desenvolvida pela BMB e poderá negociar outras vinte com o grupo Vamos, de gestão de frota de caminhões, que utilizará na colheita da cana. São veículos que chegam a custar mais de R$ 1,4 milhão. Trata-se de um pequeno volume de caminhões autônomos, mas um importante negócio para ambas as fabricantes e seus parceiros e o primeiro grande passo para colocar de vez essa tecnologia no segmento de transportes.

Basicamente um caminhão autônomo trabalha conectado para fazer uso de sistemas de geolocalização e assim alinhar suas rodas à operação de uma colheitadeira, que também está sendo monitorada por esse intricado sistema. Por isto é necessário a disponibilidade de redes 3G e 4G na região. Com a chegada do 5G no campo a expectativa é que haja um salto na utilização de tecnologias autônomas em quase todas as operações de uma lavoura.

Todo o local confinado é mapeado pelos sistemas para que o veículo possa fazer manobras, quando necessário. No entanto, ainda é obrigatória a presença de um operador na cabine do caminhão caso algum imprevisto ocorra.As vantagens operacionais de um sistema autônomo estão na economia de combustível, em torno de 40%, além de redução dos custos de reparo e utilização de outros itens, como lubrificantes.

De acordo com os fabricantes sem a inconsistência na condução do caminhão e da colheitadeira por seres humanos, mas velocidade e aceleração constantes imprimida pela tecnologia, a velocidade de operação na colheita da cana pode ser aumentada em até 50%.

Atualmente a tecnologia desses caminhões é de nível 2: quando aceleração, frenagem e alguns movimentos programados do volante estão sob o controle das máquinas, softwares e sensores.

A Mercedes-Benz e a Volkswagen Caminhões e Ônibus afirmaram na Agrishow que já desenvolvem junto com seus parceiros caminhões com nível 3 de autonomia: quando o veículo usa vários sistemas de assistência ao motorista e inteligência artificial para tomar decisões com base nas mudanças nas situações de direção ao redor, segundo definição da SAE.