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Fernando Calmon

Carro elétrico veio para ficar, mas é preciso ter os pés no chão

Expansão de veículos eletrificados ainda acontece de forma lenta e esbarra em questões de custo e infraestrutura - Stringer/Reuters
Expansão de veículos eletrificados ainda acontece de forma lenta e esbarra em questões de custo e infraestrutura
Imagem: Stringer/Reuters

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

04/07/2019 07h00

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A eletrificação veio para ficar, mas se trata de um equívoco pensar que os problemas estão solucionados ou já é possível marcar uma data para este tipo de propulsão aposentar totalmente os motores a combustão. Como as vendas atuais são muito baixas (à exceção da China), é fácil de crescer com percentuais elevados. Em termos absolutos, porém, vão acrescentar muito pouco em termos de participação na comercialização de veículos novos. E o reflexo na frota total rodante no mundo será limitado nas próximas duas décadas.

Por isso não surpreende o estado de Illinois nos EUA, incluir agora os modelos elétricos no seu esforço de arrecadação para investir na infraestrutura de transporte. A pancada foi forte: taxa anual subiu de US$ 17,50 para US$ 1.000 (mais de 5.500%).

Posição audaciosa foi tomada pela BMW durante o evento NEXTGen 2019, semana passada, em Munique, sede da empresa alemã. Além de seis estreias mundiais -- Séries 1, 3 station, X1 (atualização), 8 Gran Coupe, M8 Coupe, M8 conversível e iX3 (elétrico) --, apresentou o cupê-conceito híbrido plugável Vision M Next e uma moto elétrica para jornalistas, influenciadores digitais e o público em geral, em dias diferentes com ações específicas.

O grupo inclui MINI, Rolls-Royce e motos que somaram 2,5 milhões de unidades vendidas em 2018. Sem um grande conglomerado ou aliança para garantir suporte, foi a primeira marca premium a produzir um modelo especificamente projetado para ser elétrico, o i3, em 2013. Nissan Leaf, de 2010, tinha chassi menos elaborado.

Entretanto, a marca bávara demonstra prudência sobre o futuro. No evento garantiu que continuará produzindo veículos com motores convencionais (gasolina e diesel), híbridos plugáveis e elétricos para atender diferentes regiões do mundo. Afirma que pretende ter sempre rentabilidade sobre as vendas, ou seja, não perderá dinheiro como a VW já admitiu (prejuízo de 3.000 euros/R$ 13.000 em cada modelo comercializado da série ID. nos próximos cinco anos).

Apesar de prever que a procura por seus elétricos e híbridos plugáveis cresça a taxas anuais de 30% ao ano, não vê possibilidade de interromper a produção de motores a combustão antes dos próximos 20 anos. Depois disso, híbridos plugáveis ainda poderão continuar, pois independem de infraestrutura específica, como tomada por perto.

Também não pretende ter fábricas exclusivas para veículos elétricos e, em vez de produzir baterias, vai comprar matéria-prima (cobalto e lítio) e fornecer aos fabricantes destas.

Por outro lado, já em 2020, seus modelos híbridos poderão identificar locais de maior poluição e operar apenas no modo elétrico automaticamente, sem o motorista tomar qualquer ação. Quando ultrapassada a autonomia da bateria, o motor passa a funcionar no modo gerador com potência compatível à menor emissão de poluentes possível.

Decisões com pés no chão.

Alta Roda

+ Ainda há pontos a esclarecer sobre importação de veículos da União Europeia, no acordo recém-anunciado com o Mercosul. Em princípio, haverá corte de alíquota de 35% para 17,5% incidente sobre uma cota de 32 mil unidades/ano no caso do Brasil. Importação com tarifa zero e sem limite, paulatinamente, só depois de 15 anos. Pormenores, na próxima semana.

+ Sindipeças calculou em 44,8 milhões a frota brasileira de veículos (leves e pesados) e 13,1 milhões de motos em 2018. Idade média dos veículos em circulação é de 9,5 anos (motos, 7,7 anos). Trata-se da frota real, não a registrada no Denatran que inclui os que não rodam mais. Sindipeças estima, em 2020, o total de 60 milhões de unidades (com motos).

+ Apesar de 104 kg mais pesado que outras versões, Honda HR-V Touring (turbo, 173 cv, só gasolina) tem desempenho dos melhores entre os SUVs compactos. Câmbio CVT simula sete marchas, mais condizente com a proposta. Escapamento tem saída dupla, mas subtrai 44 litros do porta-malas. Teto solar panorâmico e faróis de LED não justificam preço elevado demais.

+ McLaren passa a oferecer dois modelos Spider no Brasil: 600LT (LT iniciais de cauda longa, em inglês) e 720S. Os números indicam potência. Capotas motorizadas recolhem-se entre 11 e 15 segundos a até 50 km/h. Preços: R$ 3,25 e 3,45 milhões, nessa ordem. No total a marca inglesa pretende vender 30 unidades, somadas todas as versões, em 2019. Nada mau...

+ Hyundai Creta incluiu retoques na linha 2020: grade, para-choque dianteiro, DRL (luzes de rodagem diurna), rodas e lanternas traseiras de LED (estas, na versão de topo). Significa que só no final de 2021 ou começo de 2022 chegará a segunda geração do SUV compacto, lançado em dezembro de 2016. R$ 80.990 a 107.990.

+ Frenagem autônoma de emergência não só para evitar colisão com outros veículos, mas também atropelamento de pedestre (na versão Limited), torna a Ranger 2020 a picape com mais recursos de segurança no mercado. Houve ainda acertos de suspensão, reposicionamento da barra estabilizadora e tampa da caçamba de manuseio mais leve. R$ 128.250 a R$ 154.610.