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Sem Frescura: por que às vezes lembro do que sonhei e outras não?

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Gabriela Ingrid

Do VivaBem, em São Paulo

13/07/2020 04h00

Você se lembra qual foi seu último sonho? É bem provável que a sua resposta seja não, mas é praticamente certeza que você sonhou na última noite.

Há um consenso entre especialistas de que os sonhos acontecem todas as noites e existe até um momento específico do sono para que eles ocorram. É o chamado REM, uma sigla em inglês para rapid eye movement, ou movimento rápido de olhos.

O REM é um período de sono mais superficial, mas a atividade cerebral é intensa, o que ajuda em processos como o de consolidação da memória e estabilização do humor.

Essa atividade intensa, por tabela, também causa os sonhos. Em média, ela dura meia hora e pode se repetir até seis vezes por noite. Isso significa que podemos ter até seis sonhos (ou pesadelos) em uma única noite.

Há vários estudos que tratam da importância dos sonhos e eles mostram que interromper o sono justo quando a pessoa começa a sonhar é ruim. Tendo como consequências irritação e até depressão.

Ainda assim não existe consenso científico sobre o exato papel dos sonhos. De qualquer forma, eles são influenciados diretamente pelas nossas experiências e também por conteúdos do nosso inconsciente. Isso também vale para os pesadelos, que nada mais são do que sonhos ruins.

De maneira geral, tanto sonhos quanto pesadelos não fazem mal, mas é bom ter atenção caso você tenha pesadelos mais recorrentes, o que ser um sintoma de alguns problemas, como transtorno de estresse pós-traumático, depressão ou apneia do sono.

Mas se sonhamos todas as noites, por que não lembramos sempre do que foi sonhado? Bem, uma das principais explicações é um neurotransmissor chamado noradrenalina, que está ligado ao sistema de alerta do nosso corpo.

Durante o sono REM, os níveis da noradrenalina são quase nulos. Isso quer dizer que os sonhos acontecem, mas não "prestamos atenção neles". Por isso só nos lembramos dos sonhos quando acordamos no meio deles e, por exemplo, saímos da cama de repente.

Isso faz com que haja mais noradrenalina presente no corpo, o suficiente para que a experiência seja lembrada. Ainda assim é comum que a gente esqueça rapidamente dos detalhes do sonho.

A única solução para isso é você virar o louco dos sonhos: dormir com um caderninho do lado ou, ainda, gravar uma mensagem no celular assim que acordar. Quem sabe isso não vira um livro no futuro, não é mesmo?

Roteiro: Rodrigo Lara. Fontes: Luiz Scocca, psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da USP, membro da APA (Associação Americana de Psiquiatria); Natalia Pavani, psicóloga do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP); Fernando Morgadinho, neurologista especialista em medicina do sono da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo; Rosana Cardoso Alves, neurologista e especialista em Medicina do Sono do Fleury Medicina e Saúde e Júlio Pereira, neurocirurgião da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.