Carol Barcellos fala de suas razões para correr: 'Sou ansiosa e me acalma'

Não é novidade que a jornalista Carol Barcellos, responsável pelo bloco esportivo do 'Bom Dia Brasil' (Globo), é apaixonada pela corrida.

A carioca de 42 anos já participou de maratonas no asfalto e encarou provas no Polo Norte, no Deserto do Atacama e em outros lugares inóspitos —muitos desses desafios mostrados no 'Planeta Extremo', programa que Carol fazia ao lado de Clayton Conservani.

Este ano, após seis anos sem completar os 42 km, a jornalista decidiu voltar a correr maratonas. E fez logo duas praticamente em seguida, uma em Los Angeles (EUA) e outra na Patagônia (Argentina), nos meses de março e abril. "Estava há tanto tempo sem correr maratonas e, de repente, fiz duas em três semanas. Acho que redescobri meu amor pela distância", brinca Carol Barcellos.

A seguir, em entrevista ao VivaBem, a jornalista fala sobre sua relação com a modalidade e quais são as principais razões que a fizeram se apaixonar por esse esporte.

A corrida é um estilo de vida

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Imagem: Arquivo pessoal/ Reprodução do Instagram

"Correr é algo de que eu preciso para me equilibrar, para viver mais, mais livre e mais leve. Também é um momento de rotina para mim, uma relação de amor construída sem outras pessoas nem vínculos profissionais.

Eu me sinto viva correndo, inclusive com as dores físicas que a corrida traz. Mas são dores que não vêm de sofrimento e, sim, do esforço. Elas me ajudam a estar presente no momento

Quando comecei a correr, ainda adolescente, escolhi o esporte principalmente pela praticidade, por poder correr em qualquer lugar.

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Depois, segui correndo para acompanhar meu ex-marido, pai da minha filha, que já era maratonista e participava de várias provas. Já mais para frente, comecei a correr por trabalho e a corrida virou algo mais sério para mim.

Foram muitas fases ao longo dos anos, fui renovando meus votos na relação com a corrida, como em um relacionamento romântico.

Hoje, vejo a corrida como algo maior, mais do que um hábito, quase como um estilo de vida."

Acalma a mente

"Correr me traz tranquilidade e equilíbrio.

Sou uma pessoa muito ansiosa e agitada, nem sempre de uma forma positiva. E o que mais me acalma é correr. É um momento de introspecção, que me põe em contato comigo mesma.

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Por isso, prefiro treinar sozinha e sem ouvir música, principalmente quando estou fazendo distâncias mais longas. A corrida me proporciona esse foco em mim."

Ajuda a solucionar problemas

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Imagem: George Gargiulo /Divulgação Asics

"Entrar no estado de flow, especialmente em distâncias mais longas, ajuda a me manter tranquila durante o dia e a perceber os problemas que estão acontecendo na minha vida, além de ser um momento em que posso pensar nas soluções para eles."

Ensina valores

"O esporte em geral faz com que as pessoas sejam melhores, porque você cria uma relação direta com o merecimento.

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Na prática esportiva, a relação entre dedicação e conquista fica óbvia. Se você treina mais, se dedica mais e se prepara mais, seu desempenho será melhor.

O esporte também trabalha nossa humildade. Você entende o seu tamanho diminuto frente aos desafios e que é preciso se entregar para buscar suas metas, senão os milagres não vêm

É uma pena que o esporte não esteja inserido de uma forma mais presente na nossa sociedade, porque ele ensina valores de uma forma muito clara e que faz muito efeito nas pessoas, principalmente em crianças e adolescentes.

Prepara para outras áreas da vida

Tento estabelecer uma troca entre o que aprendo correndo e a minha vida profissional.

Na corrida, aprendemos que precisamos estar preparados, que o treinamento é importante, e isso também vale para o trabalho.

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No esporte, você sente no corpo o efeito das transformações, o que às vezes demoramos para perceber na vida cotidiana. Na corrida, se eu sentir muita dor, perder o controle mental e não conseguir completar a prova, fica claro ver onde foram os erros, o que faltou. No trabalho isso nem sempre é assim.

Mas, tanto em um ambiente quanto no outro, não existe jogo ganho. Não importa o que você já tenha feito, nada está garantido da próxima vez —não é porque você já correu uma maratona que vai conseguir correr a próxima.

Aproxima as pessoas

Se você olhar ao seu redor em uma largada de corrida, vai ver muitas pessoas diferentes, com diversos biotipos, histórias e motivações.

Tem gente que corre por si, pelo outro, por prazer, por obrigação ou até para tentar gostar do esporte. Ali, você percebe a diversidade do mundo.

Muitas vezes, as histórias de outras pessoas acabam te inspirando e ensinando também. Rola uma troca muito bonita, mesmo sendo um esporte individual

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Destemidas: a corrida como instrumento de transformação para mulheres

Carol Barcellos em treino com integrantes do Destemidas, projeto social que usa a corrida para desenvolver o empoderamento feminino
Carol Barcellos em treino com integrantes do Destemidas, projeto social que usa a corrida para desenvolver o empoderamento feminino Imagem: Divulgação/ Asics

Carol Barcellos participou da Maratona de Los Angeles a convite do Asics Lume Club, iniciativa da marca esportiva japonesa que incentiva a presença de mulheres no esporte.

A jornalista correu a prova junto de integrantes do Destemidas, projeto social que ela criou em 2018 e trabalha questões como autonomia e empoderamento feminino por meio da corrida no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.

"Não tenho dúvidas de que o esporte como um todo é um instrumento transformador, que se inicia com uma transformação interna", afirma a jornalista, que completa:

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"Conquistas esportivas influenciam outros lugares da nossa vida. Se em um dia você corre 5 km e no outro consegue correr 10 km, você vê que consegue chegar mais longe, e é claro que isso serve de metáfora para outras conquistas. Se você sabe que consegue alcançar suas metas, você tentará as próximas com outra postura, mais segura. O próprio movimento da corrida, de dar um passo após o outro, é muito significativo", acredita Carol Barcellos.

A jornalista explica que o objetivo do Destemidas não é formar atletas e sim "ver florescer a confiança e a autoestima das mulheres".

Segundo Carol, apesar de não ser fácil criar a estrutura do projeto, um de seus sonhos é poder ver o Destemidas chegar a outros estados do Brasil.

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