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Passar perfume nos cabelos afasta ou evita pegar piolho?

Priscila Barbosa
Imagem: Priscila Barbosa

Bruna Barbosa Pereira

Colaboração para VivaBem

27/10/2021 04h00

O erro de associar infestação por piolhos a falta de higiene faz com que muitas pessoas acreditem que borrifar perfume no couro cabeludo pode afastar ou prevenir que os pequenos insetos apareçam. No entanto, além de não haver registro científico sobre isso, o álcool presente na composição dos perfumes pode causar dermatites em quem já tem a pele sensível.

Rosiane Boabaid, dermatologista do HCor de São Paulo, ressalta que o perfume não oferece qualquer tipo de garantia de que o piolho não vá se fixar no couro cabeludo. A prevenção desse tipo de parasitas é complicada, principalmente em ambientes escolares ou abrigos de idosos, já que envolve o distanciamento da pessoa que já está com piolhos.

A forma mais eficaz de prevenir os parasitas, além de evitar o contato, é assegurar que objetos de uso pessoal, como escovas de cabelo, toalhas, presilhas, bonés, chapéus e capacetes, por exemplo, não sejam compartilhados.

Para Carla Cayoso, professora da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) e dermatologista, a falsa crença de que piolho é sinônimo de má higiene pessoal pode fazer a pessoa acreditar que, passando o perfume direto no couro cabeludo, criará um ambiente "limpo demais" para os parasitas.

Ela reforça que a pediculose não tem a ver com "sujeira", mas, sim, com o compartilhamento de objetos pessoais com alguém que esteja com a infestação.

Quando estão no couro cabeludo, os piolhos se alimentam de sangue e depositam seus ovos, chamados de lêndeas, no comprimento dos fios. Cada parasita fêmea é capaz de colocar até dez por dia.

Riscos à saúde

Quando conseguem infestar o couro cabeludo, os piolhos se reproduzem rapidamente e, se o tratamento não for iniciado, a pediculose pode oferecer riscos graves à saúde. Gayoso explica que a doença parasitária pode causar uma infecção secundária.

"Enquanto vai coçando, a pessoa pode arranhar o couro cabeludo, levando bactérias para esses locais [no couro cabeludo], como a estafilococos, que pode causar uma doença de pele chamada piodermite. Podem dar febre e aumento de gânglios, é preciso fazer o tratamento antes que fique mais séria."

Lavar a cabeça excessivamente ou até mesmo usar inseticidas também não vai afastar os piolhos. Assim que perceber a presença de piolhos no couro cabeludo, o correto é buscar atendimento de um profissional de saúde, já que o uso de remédios específicos deve ser orientado por um médico.

Apesar de serem vendidos em farmácias, as dermatologistas orientam que a melhor indicação será realizada no consultório médico. Os tratamentos podem ser com loções para aplicação direta no cabelo ou, em casos mais graves, através de medicamentos de via oral.

Sobre os piolhos

Yascara Pinheiro Lages, dermatologista do Hospital da UFPI (Universidade Federal do Piauí), explica que existem três tipos de piolho: o de cabeça, o de corpo e o da região pubiana, conhecido como "chato".

As picadas no couro cabeludo, enquanto eles sugam o sangue da pessoa, deixam pequenas perfurações avermelhadas na pele, são elas que causam a coceira e irritação características da pediculose.

Algumas receitas caseiras podem até oferecer resultados eficazes, como o uso de uma pequena porção de vinagre em um algodão. Esfregando o líquido nos cabelos dessa forma, ele pode ajudar a fazer com que as lêndeas se soltem do comprimento, já que quando morrem (após o uso das loções) podem permanecer presas nos fios.

Outro grande aliado contra os piolhos é o pente fino, que ajuda na remoção dos parasitas. Roupas de cama, roupas e toalhas das pessoas com pediculose devem ser trocados regularmente para evitar que os piolhos continuem se proliferando.