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Inspiração pra fazer da atividade física um hábito


Estudo demonstra como mesmo exercício atinge cada pessoa de forma diferente

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Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

01/06/2021 14h07

Que os exercícios físicos fazem muito bem à saúde para qualquer pessoa, não é nenhuma novidade. No entanto, uma pesquisa publicada na revista científica Nature Metabolism mostrou que eles não afetam a todos da mesma forma: uns aumentam os níveis de resistência, enquanto outros se beneficiam com melhores níveis de açúcar no sangue.

Nesse estudo, os cientistas acreditam que podem ter descoberto a razão para essa diferença, e isso pode levar as pessoas a fazerem treinamentos mais personalizados e ajudar os especialistas a combater doenças.

Eles avaliaram 654 adultos com um estilo de vida predominantemente sedentário, que foram submetidos a um programa de exercícios de resistência de 20 semanas. Em seguida, os níveis de cerca de 5.000 proteínas diferentes foram analisados a partir de amostras de sangue.

Quais foram os resultados?

Os pesquisadores identificaram centenas de proteínas correspondentes à "capacidade de treinamento" individual, ou até que ponto eles respondem ao exercício.

Um total de 147 proteínas foram ligadas à aptidão cardiorrespiratória, tecnicamente conhecida como VO2máx: que mede quanto oxigênio seu corpo pode usar e transferir para os músculos. Quanto maior o valor, mais em forma você está.

A equipe também identificou 102 proteínas relacionadas à mudança no VO2máx, uma vez que o programa de exercícios foi concluído. Essas proteínas foram então trabalhadas em uma pontuação que previu a treinabilidade de um indivíduo —quanto de variação no VO2máx o treinamento provocaria.

Usando a pontuação, os pesquisadores foram capazes de escolher os voluntários do estudo cujo VO2máx ou nível de aptidão cardiorrespiratória não aumentaria muito com os exercícios de resistência —informações úteis quando se trata de tentar melhorar seu condicionamento.

Os especialistas também realizaram um estudo comunitário separado que combinou algumas das proteínas identificadas com um risco maior de morte precoce, apoiando a ideia de que essas proteínas estão intimamente relacionadas à saúde cardíaca e às taxas de mortalidade.

Por que esse estudo é importante?

Embora seja improvável que em breve criem uma pílula de exercício individual para auxiliar cada indivíduo no que ele mais precisa, essas são descobertas vitais sobre como o corpo humano responde ao exercício físico —e como podemos ser capazes de criar rotinas de exercícios mais personalizadas e eficazes no futuro.

"Até o momento, nenhum aspecto do perfil clínico de base de um indivíduo nos permite prever de antemão quem tem maior probabilidade de obter um benefício significativo para a aptidão cardiorrespiratória do treinamento de exercício", explica Robert Gerszten, chefe de medicina cardiovascular do BIDMC (Beth Israel Deaconess Medical Center).

Esse foi o primeiro estudo a examinar a ligação entre as proteínas e o VO2máx com tantos detalhes. A próxima etapa é testar a hipótese em uma amostra maior de pessoas, com mais pontos de dados em termos de ambos os fatores que influenciam o VO2máx e o número de proteínas medidas.

"Agora temos uma lista detalhada de novos compostos sanguíneos que informam ainda mais nossa compreensão da biologia do condicionamento físico e da adaptação ao exercício, e predizem as respostas individuais a um determinado regime de exercícios", finaliza Gerszten.