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Enfermeira cita "estratégia" quando paciente nega vacina: "Uso meu exemplo"

Erica Nascimento trabalha na UBS Sarapuí Imagem: Arquivo pessoal

Luiza Vidal

Do VivaBem, em São Paulo

16/04/2021 10h10

Erica Nascimento, 39, é enfermeira da UBS (Unidade Básica de Saúde) Sarapuí, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Com o início da pandemia, ela passou a tratar também pacientes com coronavírus, em consultas, no monitoramento de pacientes sintomáticos e, agora, na vacinação. No relato a VivaBem, Erica conta que utiliza uma "estratégia" quando o paciente nega a vacinação.

"Sou enfermeira e trabalho na Atenção Básica, em uma unidade de Saúde da Família. É um posto de saúde onde fazemos diversos trabalhos, como atendimento de pré-natal, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento de bebês, assistência às pessoas com hipertensão e diabetes, campanha de vacinação, tratamento de tuberculose e hanseníase, além de visitas domiciliares com foco na promoção e recuperação da saúde.

Erica aplica vacinas em pacientes que não podem se locomover Imagem: Arquivo pessoal

Com a pandemia, além de todos os programas que já realizamos, acabamos incluindo o atendimento e acompanhamento de pacientes com covid-19: testes rápidos, ações em praças públicas, coleta de swab, consultas médicas e de enfermagem, monitoramento dos contatos dos pacientes sintomáticos e, agora, a vacinação.

Eu amo aplicar vacinas, é um sentimento inexplicável. Mas quando alguém se nega a tomar a vacina por medo, eu dou o meu próprio exemplo. Cada um pode decidir se vai tomar ou não, e os pacientes conhecem cada profissional da unidade porque vamos nas casas deles.

Digo que fui imunizada e pergunto: 'Vocês acham que se eu não acreditasse na vacina, eu teria me vacinado?'. Até agora, a estratégia está dando certo.

Na UBS em que trabalho, realizamos a vacinação em praça pública, então a campanha não ocorre dentro do posto. Como enfermeira, também atendo os pacientes acamados ou com dificuldade de locomoção e vou até a casa deles para aplicar a vacina.

Parte da população não está dando importância à covid

Atendo pacientes com covid desde o início da pandemia. Quando chegam na unidade, costumam apresentar sintomas mais leves. Geralmente, quando estão mais graves procuram um hospital de maior porte.

Enfermeira em dia de vacinação no Rio Imagem: Arquivo pessoal

Atendi a uma gestante com sintomas clássicos de covid-19 em uma consulta regular de pré-natal. Apesar das orientações claras para nos procurar ao menor sinal da doença, ela não deu importância e só foi na unidade porque tinha a consulta regular já agendada.

Felizmente, ela está estável, mas como os sintomas já começaram há mais de 14 dias, não pudemos entrar com medicação que reduziria o risco de complicações.

Isso é preocupante porque mostra que parte da população não está dando importância à doença.

Me sinto numa montanha russa de sensações. Às vezes, parece que está tudo bem, mas às vezes não. Faço atividade física diariamente e tento me manter informada de boas notícias relacionadas a saúde. As más notícias eu já vejo no trabalho.

Hoje, por exemplo, foi um dia que eu senti muita saudade de uma colega de trabalho. Ela está internada no CTI [Centro de Terapia Intensiva] devido à covid. É muito triste saber que alguém que estava ajudando outras pessoas doentes se tornou a própria paciente.

Evitamos que os casos leves fiquem graves

Vejo a Estratégia de Saúde da Família, nesta pandemia, como essencial para promovermos a saúde por meio da vacinação e da sensibilização da população, já que estamos literalmente inseridos nas casas dos nossos pacientes.

Erica participou de um fotolivro do Comitê Internacional da Cruz Vermelha Imagem: Márcia Foletto/CICV

Sabemos a realidade de cada família, os pacientes nos conhecem e confiam no nosso trabalho. Como já disse, alguns pacientes, por exemplo, que estavam desconfiados em relação à vacinação, toparam recebê-la após saberem que nós, os profissionais que eles conhecem, já tínhamos tomado a vacina.

Outro ponto importante da estratégia está relacionada ao suporte nos atendimentos mais leves do coronavírus, que também é muito valioso porque ajudamos a evitar que esses casos mais leves cheguem aos hospitais e encham as emergências.

É um trabalho em equipe, atendemos os casos mais leves e acompanhamos. Se o caso exigir mais cuidados, encaminhamos para os hospitais. O paciente recebe alta dos hospitais e passa a ser acompanhado pela atenção básica".

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