Topo

Autora de 'Com Amor, Simon' se assume bi após críticas por histórias LGBTQ+

13.03.2018 - A autora Becky Albertalli em exibição de "Com Amor, Simon" em Century City (EUA) - Paul Archuleta/FilmMagic
13.03.2018 - A autora Becky Albertalli em exibição de 'Com Amor, Simon' em Century City (EUA) Imagem: Paul Archuleta/FilmMagic

De Universa, em São Paulo

01/09/2020 09h02

Becky Albertalli se abriu sobre sua sexualidade em um post no Medium, se assumindo bissexual e comentando como as críticas aos seus livros, como "Com Amor, Simon" e "Leah Fora de Sintonia", influenciaram para que ela mantivesse isso em segredo.

Embora as obras de Albertalli, que lidam com adolescentes LGBTQ+ lutando para se assumir e viver suas identidades, tenham sido grandes sucessos de vendas, a autora foi constantemente criticada por ser "uma mulher heterossexual explorando histórias queer por lucro".

Eu tenho 37 anos. Estou em um casamento muito feliz com um cara há quase dez. Tenho dois filhos e um gato. Nunca beijei uma garota. Eu nunca nem percebi que queria beijar uma garota. Mas, se eu rebobinar a fita para um pouco antes, consigo encontrar momentos em que tive 'paixonites' por garotos e meninas. Eu só não percebi o que a minha atração por meninas realmente era."
Becky Albertalli se assume bissexual no Medium

A escritora explicou que, durante sua infância e adolescência em uma cidade do interior dos EUA, nos anos 1980 e 1990, ser LGBTQ+ não era nem mesmo uma opção. "Eu não vi duas pessoas do mesmo sexo se beijando até isso acontecer em uma cena de 'Dawson's Creek'", escreveu.

Falar sobre bissexualidade ou "fluidez sexual", então, não era nem imaginável. "Mesmo quando eu conheci uma pessoa bissexual, muito mais tarde, o conceito desse termo era bem diferente daquele que pensamos hoje em dia", disse Albertalli.

Elenco de 'Com Amor, Simon', adaptação de obra de Becky Albertalli para os cinemas - Divulgação - Divulgação
Elenco de 'Com Amor, Simon', adaptação de obra de Becky Albertalli para os cinemas
Imagem: Divulgação

Uma vez que "Simon" e "Leah" fizeram sucesso no mercado literário, a autora teve que lidar com muitos questionamentos sobre sua sexualidade, tudo enquanto passava por um processo de descoberta próprio.

Sabe o que é difícil? Questionar sua sexualidade aos 30 e poucos anos ao mesmo tempo em que todo expert literário no Twitter está compartilhando sua própria análise sobre isso. Imagine ter centenas de pessoas dizendo saber cada nuance da sua sexualidade só por lerem seus livros. Imagine ter que abrir um espaço à força para a sua própria incerteza. Imagine ter um coral grego de estranhos na internet fazendo com que você se sinta uma impostora em cada parte do processo."
Becky Albertalli sobre pressão da internet após lançamento de seus livros

Albertalli frisou que sua "saída do armário" não é uma tentativa de "neutralizar as críticas ao seu livro". Ela reafirmou que questões de representatividade precisam ser discutidas, e que o conteúdo do que ela escreveu merece análise.

No entanto, ela argumentou que a vida pessoal dos autores, particularmente em questões delicadas como a sexualidade, não deve ser arrastada para este discurso público.

Deixe-me ser perfeitamente clara: esta não é a forma que eu gostaria de me assumir. Não estou me sentindo bem, nem empoderada, nem muito segura. Honestamente, estou fazendo isso porque fui alvo de zombaria e lições de moral, porque minha sexualidade foi analisada e invalidada todos os dias pelos últimos anos, e eu estou exausta. E se você acha que eu sou a única autora que está no armário sentindo essa pressão, preste mais atenção."
Becky Albertalli sobre decisão de se assumir